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Quarteto Fantástico (2015) | Alvoroço gratuito de um reboot que possui bons momentos

Há diversos momentos em que a personagem de Sue Storm, interpretada por Kate Mara, surge com cabelos diferentes, o que são claramente perucas mal feitas, e isso enfraquece o filme quando se temos o conhecimento de que custou 120 milhões. E o problema talvez esteja aí. O alvoroço todo em relação ao reboot do filme da família mais antiga da Marvel é estabelecido por uma presença quase inexistente da parte técnica. O filme vai para o lado contrário e se dedica fortemente nos diálogos, o que acaba, por fim, empalidecendo todo o resto, como as cenas de ação, trilha sonora, efeitos visuais, fotografia e, a sofrível, maquiagem e cabelo.

O novo filme do Quarteto Fantástico possui uma história conhecida até pelos que ignoram sua existência, e a repetição ia ser facilmente perceptível quando recordamos que o último filme antes desse foi há menos de dez anos. A trama, apesar da mesma, começa de forma instigante e deveras parecida com qualquer outro filme de ficção cientifica, que tem como tema: brincar de Deus e suas consequências, diferentemente da fórmula, que eu adotei como: "super-herói estilo Marvel de ser".

Como dito anteriormente, o roteiro é o trunfo do filme. O texto, o desenvolvimento de personagens e toda dedicação estabelecida pelos atores são divertidas e bem executadas. As interações são bem trabalhadas e revelam compromisso por parte dos mesmos. O que inclui todos do quarteto, o vilão e todos os outros que, por mais que sejam caricaturais, cumprem o papel de entreter como todos devem em outros filmes de heróis.

E no fim, o filme se resume a uma grande cena de ação e os problemas se concentram lá. Os efeitos são de borracha, as cenas de ação são escuras e sem sentido, acompanhado de nenhuma empolgação e com um anti-clímax prejudicial e tedioso. Diferentemente dos primeiros atos que são claramente sci-fi no texto e não se dedicam em sequencias longas de conflitos, o que qualquer outro filme do gênero faria. O roteiro se apressa e comete o erro de diversos filmes de heróis: o lugar comum. Algo que estranhamente, este estava se saindo muito bem, até sua conclusão apressada e preguiçosa.



Por conseguinte, o filme é mais do que dizem. Há cenas icônicas e que merecem ser valorizadas. Os dois primeiros atos são concisos e diferentes, só não é tão competente assim durante o seu último arco recheado de clichês. E, pelo que parece, a maioria vence. Dessa forma, o Quarteto está longe de ser Fantástico, mas é muito mais divertido, inteligente e bem trabalhado no texto que muitos filmes de heróis por aí. Valorizemos isso. 



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