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Mostrando postagens de março, 2016

Voando Alto (2016) | Paixão e superação

Eddie the Eagle (EUA) Quando o britânico Eddie Edwards chegou aos Jogos Olímpicos de Inverno de 1988 ele era um mero desconhecido, mas mesmo não saindo vencedor, marcou a todos com sua obstinação e alegria em comemorar cada uma de suas vitórias pessoais. O jovem se classificara para o evento após bater o recorde britânico (baixo para os padrões mundiais, mas enorme para ele), tornando-se o melhor saltador de esqui do país. A forma de comemorar batendo os braços, semelhante a um pássaro, fez com que ganhasse o apelido de Eddie "Eagle" (águia). A história baseada na vida do atleta amador chegou às telas com um tímido filme em que mostra o jovem desde sua infância até sua consagração. Após muitas negociações, Taron Egerton, que fez uma significativa participação no inglês "Kingsman" foi escolhido para o papel principal. O ator empresta seus trejeitos ao personagem e desde o início estabelece um carisma que ele já emprestara em seu papel anterior. Mesmo

Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016) | DC de raiz

Batman vs Superman: Dawn of Justice (EUA) Há alguns anos, o gênero super-herói têm se alastrado pelos cinemas. Criou-se, a partir daí, um universo relacionando e compartilhando personagens, histórias e tramas. Com a grande ascensão de editoras e estúdios concorrentes, a DC Comics, assim como a Warner Brothers, buscaram em Batman vs Superman: A Origem da Justiça sair da inércia na qual se encontrava, e trazer aos fiéis fãs uma expectativa de recomeço. Na direção, Zack Snyder é veterano em conduzir filmes do gênero, entretanto, mesmo com experiência, dirigir um filme com os dois heróis mais famosos da editora se mostrou um grande desafio. Desafio este que fora cumprido com grande competência e de forma versátil, com planos detalhes e planos sequência. Além de introduzir e prosseguir com a história do Homem Morcego, deveria continuar a história de Superman e dar início a Liga da Justiça. Snyder parece ter aprendido com os erros em Homem de Aço (2013) e trabalhou bem n

Ressurreição (2016) | Entre atuações falhas, um enredo suficiente

Risen (EUA) Clavius é um tribuno romano cuja missão dada por Pilatos é de encontrar o corpo de Yeshua, desaparecido após sua crucificação e que seus seguidores acreditam fielmente ter ressuscitado. Durante a investigação, Clavius e seu novo assistente Lucius tentam juntar fatos para provar que os boatos são invenção do povo e impedir assim uma grande rebelião em Jerusalém.  É complicado falar desse filme sem dar spoilers, mesmo sendo tão previsível e lógico evidentemente. Desde os primeiros minutos de projeção, qualquer pessoa que tenha o mínimo conhecimento das histórias bíblicas sabe perfeitamente como será o desfecho da trama. Mas isso não quer dizer que o torne desinteressante. Kevin Reynolds é um bom diretor que tem em sua filmografia trabalhos com toque dos épicos da era de ouro de Hollywood, talvez com um orçamento melhor na produção fosse exatamente isso que veríamos na tela. O elenco embora possua bons atores parece que nunca está realmente com vontade de atuar;

Tudo Vai Ficar Bem (2015) | Registro inspirado, Roteiro forçado

Every Thing Will Be Fine (EUA) Thomas é um escritor que vê sua vida desmoronar após um acidente fatídico. Após uma discussão com Sara ( Rachel McAdams ) ele sai sem rumo e acaba por atropelar dois garotinhos. Sua relação com a namorada afunda e ele irrompe em tristeza e culpa, sentindo-se cada vez mais atropelado pelos acontecimentos.  A sequência inicial é marcada por uma colorização em tons azulados, primor no detalhamento e um ritmo de apresentação lento. A solidão evidente do personagem é evidenciada por sua intersecção junto a um local extremamente frio, como se a ausência do sol também indicasse a ausência de perspectivas. A neve o cerca por todos os lados e amplia a visão de sua solidão. É curioso notar como objetos avermelhados surgem sempre para indicar a vida existente, seja dentro das casas, no brinquedo da criança ou no telefone com que Sara tenta se conectar a Thomas. Dizer que a fotografia fascina é o que melhor temos a dizer desse roteiro que se arrasta por

Clube da Luta | As regras da insanidade

"A primeira regra do Clube da Luta é que você não fala sobre o Clube da Luta". Com doses de ironias e receitas de sabão, Chuck Palahniuk , autor do renomado livro de 1996, Clube da Luta , que não muito depois se tornou filme nas mãos de David Fincher, traz sua insanidade bagunçada e bem elaborada em trechos aleatórios e passagens desnecessárias. Não posso e nem tenho condições de mentir, esperava muito mais do clássico que tinha em mãos e muito mais de uma estória tão polêmica e intrigante que ainda reúne fãs fiéis e admiradores por todo o mundo. No entanto, apesar da minha decepção, o desenvolver dos personagens de forma criativa e original fez com que minha leitura continuasse. E é assim que conheci o narrador sem nome, que já não conseguia dormir há três semanas quando resolveu ir ao médico que, ao invés de lhe receitar medicações, encaminha o protagonista para grupos de apoio para testemunhar enfermidades piores que a dele. Mas, ao perceber o conjunto de pesso

Demolidor (2° temporada, 2016) | Marvel expande o seu universo dentro da Netflix

Daredevil - Season 2 (EUA) A Marvel Studios e a Netflix uniram suas forças importantes e influentes na cultura popular e nos apresentaram uma deliciosa produção de streaming de super-heróis da Casa das Ideias. Em 2015, Demolidor e Jessica Jones foram os test drive para o caminho de violência, sexo e aventuras que os Vingadores nunca suportariam. Agora, a Netflix lançou sua segunda temporada de Demolidor, e, já afirmo, que é melhor que tantas outras séries sem ritmo de heróis, apesar de possuir os seus problemas. Justiceiro, Elektra, ninjas, decapitações, mutilações, explosões e mais ninjas são a cobertura e o recheio da segunda temporada. Os personagens possuem seus desenvolvimentos logo em seus episódios iniciais, o que resulta em simpatia e aprecio pelos mesmos. Cito, como exemplo, o Justiceiro de Jon Bernthal que tem um arco dramático totalmente inspirado em Garth Ennis e que é satisfatoriamente bem escrito. Um personagem de ações duvidosas, com espirito de vilão

Zootopia (2016) | Política, investigação e risadas

Zootopia (EUA) Utilizar animais antropomórficos para contar histórias é uma prática que existe há muitos anos. Esse método fabular, infalível para atrair crianças, sempre foi bastante utilizado por estúdios de animação, visto que pode arrancar boas piadas, explorar um visual interessante e alavancar bilheterias. A Walt Disney Animation Studios , por exemplo, já havia utilizado-se desse recurso várias vezes, como em " Robin Hood " (1973) e " O Galinho Chicken Little " (2005), sua primeira animação realizada inteiramente em computação gráfica. Sabendo disso, "Zootopia" (2016), filme de Byron Howard (" Enrolados ", 2010) e Rich Moore (" Detona Ralph ", 2012), aparentemente não trazia nada de inovador. Qual seria seu propósito, então? A trama do longa-metragem parte do questionamento "e se os humanos nunca tivessem existido?" e traz como protagonista Judy Hopps ( Mônica Iozzi , na versão dublada), uma coelha determ

A Luneta do Tempo (2015) | Longa-metragem de gênero(s)

A Luneta do Tempo (Brasil) A incoerência dos cinéfilos brasileiros consiste em afirmar que o cinema do Brasil não respeita o público que tem. Verdades sejam ditas. Que cinema nós insistimos em ir atrás? Alceu Valença , cantor e compositor, nos revela seu primeiro filme que possui uma carga erudita de música e de elementos em que diversos diretores, estrangeiros até, não se arriscariam em usar. A biografia-ficcional-musical de A Luneta do Tempo é brilhantemente um dos melhores filmes brasileiros recentemente lançados. É daqueles que experimentam. A genialidade do diretor exprime isso durante a primeira sequência. A música agitada e as torturas dos cangaceiros do bando de Lampião completam uma união mútua de companheirismo e empolgação ao assumir que a trama se trata de algo que muito já foi visto no Cinema Novo. Garantindo assim, apesar do realismo de tortura e da música alta, uma das mais memoráveis aberturas. Algo que já revela o tom consistente. O filme brinca com

Rush: No Limite da Emoção (2013) | A obsessão dual

Rush (UK) Nos últimos anos, a Fórmula 1 tem perdido a audiência que era certa nas manhãs de domingo (pelo menos no Brasil). Com os adventos da tecnologia, assim como sua evolução, a partir da metade da década de 1990, a essência, adrenalina e o reais riscos de morte que os pilotos corriam foram perdidos. Rush: No Limite da Emoção  é uma biografia que retrata a rivalidade entre dois pilotos famosos, na época em que a Fórmula 1 era um esporte aclamado por um vasto público ao redor do mundo, de todas as idades e perfis. Responsável pela direção, Ron Howard trouxe ao drama central toda adrenalina que os pilotos sentiam ao entrar na pista de corrida. Com uma ótima direção, facilmente faz o espectador que não entende de automobilismo vibrar com as vitórias. E os que entendem ficam ainda mais extasiados. Os planos detalhes minuciosos que o diretor abrange, unidos à câmera lenta, nos transmite a sensação que o piloto sente: a adrenalina e a concentração. Juntamente com a montagem,

Magic Mike XXL (2015) | Utopia multisciente

Magic Mike XXL (EUA) Magic Mike , de 2012, conseguiu ser uma salada de clichês sem inspiração sobre homens em conflitos não muito convincentes. A continuação investe em questões da cultura norte-americana com o estilo de filme de estrada auto contemplativo. Obviamente, não há gênero melhor pra ridicularizar ou enaltecer uma natureza.  Gregory Jacobs , o diretor do filme, responsabiliza-se por revelar que a estrada é uma metáfora de desenvolvimento de personagens e das revoluções de contracultura. O que há de piegas em temas como esses é a transformação e sacudida que Mike e seus amigos de estrada deveriam perceber no caminho. Buscar uma nova origem, algo que se torne presente e palpável em suas vidas, seja na dança ou na maromba, os personagens constantemente exibem na tela, através do roteiro, a busca pelo sonho americano. Algo que não é necessariamente bom, mas na terra de política problemática e crises financeiras, o sistema quebra ao garantir o ridículo. Não sufic

Beasts of No Nation (2015) | Infâncias interrompidas

Beasts of No Nation (EUA) Guerra, em qualquer vertente, é algo que acarreta consequências irreversíveis em pessoas, lugares e civilizações. Beasts of No Nation  retrata a história de Agu ( Abraham Attah ), que após perder sua família por causa da guerra civil que se instalou no seu país, é adotado numa tropa de rebeldes que o ensina a ser um soldado ainda quando criança. Ambientado num país africano sem nome mencionado, o filme é baseado na obra Uzodinma Iweala, cujo nome é o mesmo do autor. Com  Cary Joji Fukunaga  responsável pela direção, pelo roteiro e pela fotografia, o longa se mostra bem conduzido em todos os atos. A direção se apresenta versátil, com planos ora abertos, ora fechados. Nas cenas de violência, Fukunaga se mostra cuidadoso, pois embora o filme seja violento (e isso se faz necessário pela trama), a violência nunca é gratuita. Quanto ao roteiro, não se explana os motivos que levam a guerra, nem a ideologia por trás dos grupos (tanto os rebeldes quanto a

Kung Fu Panda 3 (2016) | Capitalismo Selvagem

Kung Fu Panda 3 (EUA) A verdade entre as animações da DreamWorks é o capitalismo estabelecido nas franquias para conseguir bonecos de todos os modelos, enquanto a Pixar, até 2010, apresentava tramas adultas e com o intuito de contar uma história com elementos inovadores para o gênero . Já o estúdio  rival nos  revela  suas pequenas homenagens e diversos maneirismos de conseguir o  que há de mais cobiçado em  Hollywood: dinheiro.  Kung Fu Panda 3 , cinco anos após o último, continua no melhor meio de se “comprar” um público. As homenagens aos filmes do Oriente são das mais diversas e ficam todas saborosas com as sequências que desconstroem   o gênero, acompanhado de piadas estilizadas criadas por outras categorias derivados da "ação", vide super-herói ou comédia (há cenas em que remetem Os Vingadores e Esqueceram de Mim ), e, não menos importante, com uma criatividade de empolgar as crianças, assim como os adultos. A pieguice inicia-se no momento em que o

Fuller House (1° temporada, 2016) | Nostalgia encantadora

A nostalgia tomou conta da estreia de Fuller House , que não trouxe nada de inovador, mas nos fez lembrar e matar saudades da famosa série dos anos 80, Full House . Ou “Três é Demais” , na tradução brasileira. Logo de cara, a clássica abertura com a canção “Everywhere You Look” já mostra que a série vem como um resgate da sua primogênita e assim permaneceu em seus 13 episódios disponibilizados pela Netflix para sua primeira temporada.  O nome do primeiro episódio já nos traz uma referência da série original, que tinha “Nosso Primeiríssimo Episódio”, este novo se chama “Nosso Primeiríssimo Episódio, De Novo”. E as referências não param por aí, falas clássicas como “Corta Essa”, ou até mesmo relembrar uma das canções cantadas pelo personagem Jesse, chamada “Forever”, estão presentes logo no primeiro episódio, que marca a grande reunião da família, frisando bem a passagem de tempo pra quem acompanhou a série original. Mas pra quem não assistiu a série original, ela conta a h

Um Homem Entre Gigantes (2015) | Mais do Mesmo

Concussion (EUA) O americano médio cresce com a certeza de que vive na melhor pátria e que todo o mundo deseja ser igual a ele. Uma das coisas mais irritantes para nós que não vivemos na terra do Tio Sam é identificar o extremo egocentrismo dos filmes americanos. E na ânsia de mostrar o quanto são bons, por vezes não se apercebem da falta de respeito com outras nações do mundo, diminuindo-as e aos seus. Nesse momento percebemos o quanto o "sonho americano" tão alardeado nas políticas e nos filmes é arrogante em sua essência. Para o norte-americano, os nascidos em sua nação são evoluídos e bondosos, mas na realidade boa parte é apenas neurótica e egocêntrica.  É sob esse preâmbulo que começo a falar sobre Um Homem Entre Gigantes (Concussion), novo filme dirigido por Peter Landesman ( JFK, a História Não Contada ). E é necessário dizer que este não é apenas um drama sobre esportes; na verdade ele aborda questões muito mais complexas: Concussion versa sobre um home