Pular para o conteúdo principal

Magic Mike XXL (2015) | Utopia multisciente


Magic Mike XXL (EUA)
Magic Mike, de 2012, conseguiu ser uma salada de clichês sem inspiração sobre homens em conflitos não muito convincentes. A continuação investe em questões da cultura norte-americana com o estilo de filme de estrada auto contemplativo. Obviamente, não há gênero melhor pra ridicularizar ou enaltecer uma natureza. 

Gregory Jacobs, o diretor do filme, responsabiliza-se por revelar que a estrada é uma metáfora de desenvolvimento de personagens e das revoluções de contracultura. O que há de piegas em temas como esses é a transformação e sacudida que Mike e seus amigos de estrada deveriam perceber no caminho. Buscar uma nova origem, algo que se torne presente e palpável em suas vidas, seja na dança ou na maromba, os personagens constantemente exibem na tela, através do roteiro, a busca pelo sonho americano. Algo que não é necessariamente bom, mas na terra de política problemática e crises financeiras, o sistema quebra ao garantir o ridículo.

Não suficiente, Magic Mike XXL consegue excluir o clichê para criar outros. Os sonhos óbvios dos personagens são revelados aos poucos, mas com uma evolução constante de carisma pelos mesmos. O personagem que assume o papel de macho alfa do filme é desafiado a seduzir uma caixa de uma loja de estrada. A essência do líder é pauta e ainda gera risos com a piada longa e impagável, o que desconstrói um clichê da previsibilidade do líder ser o maior entre todos.

Além das piadas, o roteiro apresenta de forma transvestida de humor a desmitificação da contracultura americana que consume a negatividade. O branco e o negro, a mulher e o homem, a democratização do capital e outros, resolvem com o pudor de ser maior do que aqueles explicadinhos do século 21. O norte encontrado em Magic Mike XXL é apresentar uma história revolucionaria, piegas e engraçada de uma forma que evolui o cinema de clichês e comédias. Aliás, o cinema é um clichê e comédia. Está na hora de aprecia-lo com mais inteligência e entretenimento.

Avaliação:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017): com divina retribuição, Ele virá para salvá-los

Com uma atmosfera que remete a Iluminado , com seus travelings com O Único Plano de Fuga de Stanley Kubrick , planos captados com uma lente que lembra uma visão extracorpórea da rotina do bem-sucedido cardiologista Steve ( Colin Farrel ), O Sacrifício do Cervo Sagrado tenta atrair sua atenção neste mês de fevereiro.  O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017)  Com divina retribuição, Ele virá para salvá-los A história acompanha o personagem de Farrel, que mantêm contato frequente com Martin ( Barry Keoghan ), que perdeu o pai na mesa de operação na qual Steve trabalhava. Quando Martin começa a não obter a atenção desejada pelo cirurgião, coisas estranhas começam a acontecer a seus filhos. Ao acompanhar a família do médico e suas relações intrínsecas, sentimos que cada plano carrega uma estranheza suspensa e crescente pelo uso do zoom; ele te intima a mergulhar em cada diálogo na mesa de jantar, em cada andança sem pretensões pela ala de um hospital ansiando por achar o erro na imag

Homem de Ferro (2008) | O grande primeiro passo da Marvel Studios

Robert Downey Jr. sempre foi um ator talentoso, diferentemente do que muitos apontam. Apesar de seus encontros com a polícia em função das drogas, o astro sobreviveu a um intenso mergulho na dependência química e conseguiu dar a volta por cima naquele que, o próprio diretor Jon Favreau julga como um filme independente do gênero de super-herói. Sem contar com o modelo físico e com o caráter que o justificaria ao posto de protagonista, Tony Stark foi um acerto nos cinemas tão corajoso e sagaz quanto os quadrinhos do herói, criados lá em 1963 por Jack Kirby e Stan Lee . Na trama, o diretor Favreau narra o surgimento do universo Marvel a partir de um violento incidente na vida do bilionário Tony Stark, que, durante uma viagem ao Afeganistão (substituindo o Vietnã dos quadrinhos) para apresentar um novo armamento aos militares, é sequestrado por terroristas locais. Forçado a construir sua nova invenção sob pena de ser morto, Stark cria uma poderosa armadura para se libertar da cav

Paratodos (2016) | documentário necessário e inspirador

Paratodos (Brasil) À primeira vista, o documentário "Paratodos" (2016), dirigido por Marcelo Mesquita , pode parecer um daqueles especiais televisivos onde indivíduos com deficiências físicas contam suas histórias de superação. No entanto, ainda em seus primeiros minutos, percebemos a grande ambição do filme que, dividido em atos, um para cada modalidade esportiva, apresenta bem mais do que atletas paralímpicos vencendo dificuldades.  Rodado desde 2013, o documentário que, além do Brasil, traz cenas gravadas em outros países, esforça-se para sair do comum e apresenta seus personagens de forma a valorizar não só suas conquistas, mas revelar os estressantes bastidores de treinos e a rotina dos competidores paralímpicos, que muitas vezes é ainda mais complicada do que a de atletas regulares. A proposta é bastante importante para elevar a visibilidade destes atletas em nosso País, principalmente às vésperas de Olimpíadas, visto que seus feitos costumam ser bastante