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Independence Day: O Ressurgimento (2016) | 20 anos depois e ainda continuamos em 1996


Independence Day: Resurgence (EUA)
Independence Day foi importante no ano em que estreou por apresentar novos conceitos de como destruir o mundo, algo que revolucionou o gênero e expandiu o blockbuster catástrofe. 20 anos se passaram e a continuação apresenta uma história com um bom argumento, bons personagens, dramas e um divertimento encantador graças a trilha e os efeitos primorosos. No entanto, os problemas, que são vários, se destacam de maneira tola, gratuita e, perdoem o trocadilho, de forma catastrófica. 

O primeiro ato desenvolve-se de maneira calma e leve. A apresentação de personagens é coesa e o roteiro ágil apresenta um a um ao explicar suas funções, o que inclui novos e os já conhecidos do primeiro filme. A montagem entende o roteiro e, de forma habilidosa, conhecemos o que está acontecendo na Inglaterra, Estados Unidos, Nasa, Lua e dentro de naves intergalácticas. Assim, os personagens, a edição e a produção técnica exibem um desenvolvimento tenso e dinâmico.

No prosseguimento da continuação, as destruições se revelam como um aperitivo muito mais saboroso que tantos outros filmes do fim de mundo (Vide todos os Transformers). Há uma tensão investida de forma bastante agressiva e consequências para tamanha destruição exacerbada que o filme apresenta. Isso valoriza os personagens e cria um elo de preocupação pelos mesmos.

No entanto, a película se torna tão falha que o segundo e o terceiro ato se desenvolvem de forma piegas, problemática e aborrecida. Depois de uma introdução justa para todos, o diretor Roland Emmerich preocupa-se em focar somente na guerra contra os seres de outros mundos. Os personagens perdem a graça drasticamente ao usarem piadas e diálogos expositivos, os protagonistas não crescem em suas motivações e ficam estagnados no vácuo de um roteiro mal escrito, o desenvolvimento fica mediano e tudo é consequência das inúmeras cenas genéricas de explosões e destruições.

Aliás, o diretor parece ter ficado preso ao longa original de 1996 ao retratar personagens de forma infantil. Cito, como exemplo, a personagem presidente (sexo feminino), a qual é um conceito atual e bastante diferente para um filme norte-americano. Ela, obrigatoriamente, deveria ser uma personagem forte e que fizesse valer a pena a torcida. Porém, todas as suas decisões são as erradas e que resultam até em morte de milhões. Quando os homens ficam no comando, tudo se estabiliza e eles resolvem o estrago que a personagem causou. Além dela, há o doutor-nerd-bobão, o cientista que se apaixona no meio das destruições, um homem que precisa sair da lua para salvar sua namorada esquecendo de um plano que envolve a salvação do planeta e crianças que são vitimizadas e tratadas como um atraso para a resolução de outro problema.

Por conseguinte, o terceiro ato se torna descompromissado e apresenta uma última cena de ação empolgante, o que comprova a função de divertir durante o final de semana. Embora seja mediano e com elementos da década de 90, o filme cumpre o papel do mais genérico blockbuster do mês de férias: entreter. 

Avaliação:

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