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O Caseiro (2016) | Bom mistério prejudicado pelo ritmo

O Caseiro (Brasil)
Davi é um professor universitário que acredita que para todo mistério existe uma explicação psicológica ou científica. Após relatar em um livro a ajuda que forneceu no caso de um garoto que aparentava estar se comunicando com um fantasma, é procurado por Renata, uma jovem que lhe conta os apuros que sua irmã Julia tem passado. Cético, Davi aceita ir visitar a fazenda onde moram Renata e sua família para ajudar a desvendar o mistério. Chegando lá, ele então percebe que pode haver algo além de um distúrbio psicológico ocorrendo com a menina. 

‘O Caseiro’ é mais uma tentativa de cinema de gênero, nesse caso um thriller sobrenatural de investigação, sendo realizada no Brasil. É sempre gratificante e digno de parabéns quando um cineasta se aventura nessa temática pouco explorada nos filmes nacionais que ganham espaço nas grades de programação comerciais. 

A intenção é ótima, porém, o resultado nem tanto. ‘O Caseiro’ sofre principalmente com a falta de ritmo, tornando-o arrastado desnecessariamente. Em certo ponto da trama, a preocupação em segurar a grande revelação do enigma acaba por estagnar de vez o que já se encontrava lento. Além disso, é difícil tentar levar a sério um protagonista tão canastrão quanto o interpretado por Bruno Garcia, Davi, que sofre de falta de expressividade. Para uma personagem que tem um peso tão grande nos ombros, é um aspecto altamente nocivo.

Existem também aspectos a serem destacados positivamente, começando pela ótima fotografia de Uli Burtin, utilizando-se de pouca luz causando um efeito na película de beleza quase natural nos longos planos em que a câmera passeia pela casa, revelando também uma forte influência de ‘O Iluminado’, com notórias semelhanças nos enquadramentos aqui apresentados. 

Há uma total ausência de jumpscares, a trilha sonora de Tomaz Vital fica encarregada na maior parte do tempo em criar a atmosfera de tensão e o clima sombrio da narrativa, mas depois acaba se tornando um tanto repetitiva e cansativa principalmente.

Tecnicamente é um filme bem cuidado e realizado; a falta de ritmo, como já falei , anteriormente, é que acaba dando um banho de água fria no espectador. Quando o filme toma para si um pouco mais de impulso, já é tarde demais, pois é praticamente no ato final e mais de uma hora já se passou, testando a paciência de quem o está assistindo. Uma pena, já que a trama, embora não possua nada de original ou inovadora, mesmo com os problemas citados, ainda assim não é nenhum desastre e poderia sim, ter sido bem melhor.

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