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Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005) | Marco inicial de um novo tom

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Harry Potter and the Goblet of Fire (UK)
O desafio em adaptar o quarto, e até então maior livro, da saga Harry Potter – Harry Potter e o Cálice de Fogo – para as telonas já era notável, ao passo que a Warner Brothers cogitava a ideia de dividir o livro em dois filmes. Ideia esta que fora descartada (ou adiada) momentos depois.

O roteirista Steve Kloves assumiu a tarefa de desenvolver um roteiro coeso e sem furos, abordando despretensiosa, porém arriscadamente, pontos cruciais na trama em geral. Com mais uma troca de diretor, Harry Potter e o Cálice de Fogo é dirigido por Mike Newell, o que acaba sendo positivo, uma vez que é apresentada uma nova perspectiva da história. Newell aproveita o clima sombrio que Alfonso Cuarón trouxe ao filme antecessor e trabalha em cima do amadurecimento dos protagonistas, que agora tinham 14 anos, e do público, que crescia junto a eles. A mudança no desenvolvimento do longa se explicita ao ser o primeiro filme da saga a receber classificação indicativa que não seja livre.

Os fatores que levam a isso se dá na própria trama, a qual trouxe algo não trabalhado anteriormente, como morte e violência. Todavia, o filme ainda cumpre com a sua função principal enquanto entretenimento. Newell transpõe a ação frenética nas sequências das tarefas do Torneio Tribruxo – o qual conta com efeitos gráficos competentes –, buscando desenvolver as novas personagens ali trazidas, ainda que superficialmente. Mas Cedrico Diggory (Robert Pattinson) e Olho-Tonto Moody (Brendan Gleeson) ganham enfoque especial, por serem ambos determinantes para a história.

Em Cálice de Fogo, se trabalha pela primeira vez com o romance adolescente, enfatizando que o trio principal está crescendo e entrando numa nova fase. Junto ao romance, o humor também é trazido ali, com alívios cômicos que funcionam e realçam o carisma que Daniel Radcliff, Emma Watson e Rupert Grint possuem. Além de, é claro, todo elenco de apoio, o qual conta com nomes talentosos, como Alan Rickman, Michael Gambon, Maggie Smith, dentre outros.

E por falar em talento, menção mais que honrosa para o trabalho impecável de Ralph Fiennes, que deu vida ao temido Você-Sabe-Quem (se não sabe, Lord Voldemort) em sua icônica primeira aparição na saga de filmes. Os trejeitos físicos, bem como o seu visual, é uma das melhores coisas que o filme possui e salienta a imponência e crueldade do vilão.

Mesmo com a tentativa de explorar de tudo, um pouco na adaptação, é perceptível, porém, a rapidez e a superficialidade dos fatos trazidos ali. Como se tudo que ocorreu fosse apenas um pressuposto para introduzir Lord Voldemort na trama. A falta de aprofundamento nas ocasiões retratadas incide diretamente no desenvolvimento raso trazido às personagens e, sobretudo, ao Harry.

Se o filme seria melhor trabalhado se dividido em duas partes, nunca saberemos. Contudo, Harry Potter e o Cálice de Fogo ainda é um dos filmes mais agitados e divertidos da saga. E finalmente cumpre com o papel de apresentar o vilão principal e evidenciar a seriedade dos problemas que os bruxos irão enfrentar.



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