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This Is Us (1° temporada, 2016) | Não podia ser diferente

Num período em que séries de super-heróis, ficção científica e coisas sobrenaturais estão dominando a televisão e internet, nada mais agradável que um bom drama humanizado, para acalentar nossos corações. This Is Us se tornou a queridinha do público e não é à toa. Ao deixar de lado roteiros mirabolantes, a série se tornou um alento por focar nos sentimentos mais singelos do ser humano. E, assim, a identificação e empatia pela história e personagens é imediata.

This Is Us é uma crônica que acompanha a vida de pessoas que nasceram no mesmo dia, incluindo Jack e Rebecca (interpretados por Milo Ventimiglia e Mandy Moore), um casal esperando trigêmeos. Randal (Sterling K. Brown), que divide seu dia em ser um excelente profissional, marido e pai de duas meninas, que está em busca de seu pai biológico, que o abandonou enquanto ainda era um bebê. Kevin (Justin Hartley), um ator de Los Angeles protagonista de uma série de comédia chamada “The Nanny”, que enfrenta um dilema interno por ser um cara bonito que precisa mostrar que não é só isso. Kate (Chrissy Metz) é assistente pessoal de Kevin, que é seu irmão gêmeo e enfrenta uma luta contra a obesidade mórbida. Mas essa simples coincidência, logo no final do piloto é desvendada.




This Is Us fala de laços familiares, de autoestima, medo de tomar decisões e essas são coisas com as quais todo mundo pode se identificar. Dessa forma, Dan Fogelman criador da série, estabelece que semana após semana, vamos acompanhar as vidas dessas pessoas em linhas temporais distintas, indo e vindo no tempo, através de flashbacks, para entendermos como aquelas pessoas se tornaram quem elas são e como o passado delas interferiu nisso, o que faz total sentido, levando em conta que psicologicamente somos o que somos pelo que passamos principalmente na infância. 



Com personagens humanos e com enredos que despertam algo, seja tristeza, melancolia, apreensão ou conforto. É quase como se a história estivesse te desarmando. É comovente ver a interação daqueles personagens e como os roteiristas e diretores conseguem captar pequenos momentos da vida. This Is Us nos afeta porque mostra dramas íntimos e profundos por meio de conflitos internos, a série consegue discutir o valor da família e a morte de uma forma tão singela, que não conseguimos conter as lágrimas.



This Is Us não se esquiva de abordar temas como racismo velado, adoção, abandono, rejeição, padrões estereotipados, dentre outros temas que parecem que já estão saturados, mas que estão longe de serem extintos do nosso cotidiano e da forma como é mostrada, sentimos como se aquilo estivesse acontecendo conosco, ou com alguém bem próximo, pois nos colocamos no lugar de cada personagem. E não é só com relação aos personagens, e sim, a forma como o roteiro se preocupa em demonstrar impulsos reais e como nos conduz para aquelas “grandes pequenas viradas”.

A série nos cativa e nos faz passar por experiência de empatia, de grandes emoções conflitantes, assim como é na vida. Essas pessoas que se comovem com coisas simples e que no afeto, na união e numa palavra de conforto, buscam nada além da felicidade. E esses seres humanos não são somente obra da ficção, esses, somos nós.


Crítica: This Is Us (1° temporada, 2016)

Não podia ser diferente

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