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Embrace (2016) | A perfeição e a busca pelo inalcançável

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Embrace (EUA)
Taryn Brumfitt é uma australiana, mãe de três filhos que sempre sentiu a pressão de ter um corpo perfeito, pressão essa que toda menina e mulher sentem ao longo da vida. Após cada gestação, Taryn via seu corpo com repugnância e odiava aquilo que se tornou. Ela é mais uma das milhares de mulheres ao redor do mundo que se sentia insatisfeita com seu corpo. Após ter três filhos, ela foi em busca do que acreditava ser o "corpo ideal" e acabou virando fisiculturista, participando de mostras e competições. “Eu estava lá com meu corpo perfeito e não era feliz”, conta ela. 

"A obsessão não valeu a pena", disse ela, que acabou voltando para o corpo que tinha logo após a gravidez. Para conscientizar outras mulheres, ela postou em seu Facebook as fotos do antes e depois, com um texto explicando por que ela se sentia melhor agora, mesmo que não se encaixasse nos padrões da sociedade. A imagem viralizou, foi compartilhada até por pessoas famosas e virou manchete em revistas e jornais no mundo todo. Ela queria que as mulheres pudessem perceber que podem aceitar seus corpos. Sua motivação principal foi a sua filha. Para passar uma mensagem positiva e tentar assim diminuir a pressão de odiar o próprio corpo. Decidida a aceitar-se, nasce o primeiro passo nessa jornada, seu documentário Embrace.
O documentário foi premiado em diversos festivais ao redor do mundo e chega ao Brasil pela Netflix. Todo o filme nos faz rever os padrões que nos são impostos que acaba gerando uma insatisfação e ódio pelo próprio corpo. Através de um trabalho de aceitação própria, Taryn passou a militar pela causa do amor ao próprio corpo e criou o projeto Body Image Movement. No filme, ela conversa com mulheres de diversos países e analisa a indústria da moda e da beleza. Segundo dados divulgados em Embrace, 91% das mulheres estão insatisfeitas, o que é algo alarmante. Cada dialogo é perpassado por situações e realidades que a maioria das pessoas já vivenciaram. Outras situações são de extrema dificuldade, como a anorexia, doenças que alteram a aparência física entre outras. 

O objetivo do documentário é fazer refletir, pensar que a felicidade não está vinculada a aparência física. É nos mostrar que nem tudo é perfeito, mas tá tudo bem também. Embrace é um desses achadinhos da Netflix que todos deveriam ter a oportunidade de assistir. Ele é dirigido pela própria Taryn Brumfitt e podemos perceber o olhar amoroso que ela tem pelo seu projeto. E nessa tentativa de entender por que tantas mulheres se odeiam, ela nos revela que também é possível se amar.

Um documentário encorajador, ousado, encantador, doloroso, poético. Toda mulher deveria ter todo direito de amar seu corpo e abraçá-lo. Abraçar, compreender e aceitar que nossos corpos são belos e a beleza está em cada diferença entre eu e você. “Eu me aceitei… Você se aceitará?”

Crítica: Embrace (2016)

A perfeição e a busca pelo inalcançável



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