Pular para o conteúdo principal

Bright (2017) | Em busca de um sentido

Resultado de imagem para BrightUma das tentativas mais ousadas de longa-metragem da Netflix, Bright, novo filme do diretor David Ayer (Esquadrão Suicida, 2016), escrito por Max Landis (Victor Frankenstein, 2015) e protagonizado por um dos maiores nomes da indústria de Hollywood, Will Smith, nos coloca em uma Los Angeles atual, porém mágica.
Aqui, o mundo é fantasioso e habitado por elfos, fadas, orcs e outras criaturas antes apenas vistas em filmes como aqueles da saga O Senhor dos Anéis. No entanto, tais seres mágicos vivem problemas sociais também experimentados por nós no mundo real, como desigualdade econômico-social, preconceito e racismo.

Bright segue a historia do policial Scott Ward (Smith) e seu parceiro Nick Jacoby (Joel Edgerton), o primeiro policial orc a existir. Nick é um policial dedicado e altruísta que deseja mostrar que nem todos os de sua raça são ruins. Parte da problemática do relacionamento dos dois se dá por conta de Ward ter passado meses afastado da corporação por ter sido baleado por um orc criminoso enquanto estava em serviço.

No entanto, o longa (de 117 minutos) tem dificuldades em apresentar todo o universo e aprofundar outros personagens, além da dupla principal, o que é um problema, já que o drama vivido pelos dois serve apenas como pano de fundo para uma aventura policial com o objetivo clichê de deter o retorno de um vilão que busca destruir o mundo: o Senhor das Trevas, descrito como um ser que comandou exércitos do mal há milhares de anos.

A elfa Tikka (Lucy Fry), encontrada pela dupla durante uma batida em uma casa onde aconteceram possíveis crimes com magia, é um exemplo de como Ayer mais uma vez erra ao desenvolver muitos personagens. Tikka é mal apresentada, tem pouquíssimas falas e muitas vezes parece ser esquecida nas cenas, apesar de estar sempre com os protagonistas. O mesmo acontece com a vilã elfa Leilah (Noomi Rapace), que é bastante previsível, assim como o grupo de elfos que a acompanha. Isso acaba os tornando personagens muito desinteressantes e óbvios que caem na categoria de vilões genéricos.

Outro ponto fraco de Bright são as cenas de ação, que servem apenas como desculpas para tiroteios e sequências em slow motion sem necessidade. A trilha sonora, apesar de boa, muitas vezes é mal utilizada, seguindo a mesma receita do filme anterior do diretor, Esquadrão Suicida, com músicas famosas sem qualquer tipo de conectividade com as cenas.

O carisma de Ward e Nick e a premissa de um mundo mágico seguram o filme, apesar dos erros. Mesmo propondo uma reflexão sobre o racismo, o filme apresenta muitas ideias no roteiro, com um aproveitamento minúsculo durante o filme. É notável que a Netflix errou ao apostar tudo em Bright como o que seria seu filme do ano.


Crítica:  Bright (2017)

 Em busca de um sentido

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017): com divina retribuição, Ele virá para salvá-los

Com uma atmosfera que remete a Iluminado , com seus travelings com O Único Plano de Fuga de Stanley Kubrick , planos captados com uma lente que lembra uma visão extracorpórea da rotina do bem-sucedido cardiologista Steve ( Colin Farrel ), O Sacrifício do Cervo Sagrado tenta atrair sua atenção neste mês de fevereiro.  O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017)  Com divina retribuição, Ele virá para salvá-los A história acompanha o personagem de Farrel, que mantêm contato frequente com Martin ( Barry Keoghan ), que perdeu o pai na mesa de operação na qual Steve trabalhava. Quando Martin começa a não obter a atenção desejada pelo cirurgião, coisas estranhas começam a acontecer a seus filhos. Ao acompanhar a família do médico e suas relações intrínsecas, sentimos que cada plano carrega uma estranheza suspensa e crescente pelo uso do zoom; ele te intima a mergulhar em cada diálogo na mesa de jantar, em cada andança sem pretensões pela ala de um hospital ansiando por achar o erro na imag

Homem de Ferro (2008) | O grande primeiro passo da Marvel Studios

Robert Downey Jr. sempre foi um ator talentoso, diferentemente do que muitos apontam. Apesar de seus encontros com a polícia em função das drogas, o astro sobreviveu a um intenso mergulho na dependência química e conseguiu dar a volta por cima naquele que, o próprio diretor Jon Favreau julga como um filme independente do gênero de super-herói. Sem contar com o modelo físico e com o caráter que o justificaria ao posto de protagonista, Tony Stark foi um acerto nos cinemas tão corajoso e sagaz quanto os quadrinhos do herói, criados lá em 1963 por Jack Kirby e Stan Lee . Na trama, o diretor Favreau narra o surgimento do universo Marvel a partir de um violento incidente na vida do bilionário Tony Stark, que, durante uma viagem ao Afeganistão (substituindo o Vietnã dos quadrinhos) para apresentar um novo armamento aos militares, é sequestrado por terroristas locais. Forçado a construir sua nova invenção sob pena de ser morto, Stark cria uma poderosa armadura para se libertar da cav

Paratodos (2016) | documentário necessário e inspirador

Paratodos (Brasil) À primeira vista, o documentário "Paratodos" (2016), dirigido por Marcelo Mesquita , pode parecer um daqueles especiais televisivos onde indivíduos com deficiências físicas contam suas histórias de superação. No entanto, ainda em seus primeiros minutos, percebemos a grande ambição do filme que, dividido em atos, um para cada modalidade esportiva, apresenta bem mais do que atletas paralímpicos vencendo dificuldades.  Rodado desde 2013, o documentário que, além do Brasil, traz cenas gravadas em outros países, esforça-se para sair do comum e apresenta seus personagens de forma a valorizar não só suas conquistas, mas revelar os estressantes bastidores de treinos e a rotina dos competidores paralímpicos, que muitas vezes é ainda mais complicada do que a de atletas regulares. A proposta é bastante importante para elevar a visibilidade destes atletas em nosso País, principalmente às vésperas de Olimpíadas, visto que seus feitos costumam ser bastante