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Slender Man: Pesadelo Sem Rosto (2018) | Pesadelo de 1h30m

Em meu texto passado de aquecimento para Slenderman Pesadelo Sem Rosto, indaguei-me o porque de produtoras de grande porte não apostarem nas creepypastas como base de seus roteiros e filmes. Como resposta comentei que o formato de creepypasta pede uma adaptação bem difícil para os moldes cinematográficos, pois há a necessidade de uma imersão ainda maior do espectador no mundo fictício de horror. Mais ainda até que um filme com argumentos clássicos. O medo da Sony em buscar uma estreia mundial de Slenderman e procurar um público de nicho é real, o filme é um pesadelo de más decisões que dura 1h30.


O longa acompanha um grupo de meninas composto por Wren, Hallie, Chloe e Katie que, numa noite de bebedeira adolescente, acabam procurando a lenda de SlenderMan na internet e vendo um vídeo de invocação do mesmo. Logo todas começam a sonhar e ter visões com a figura sem face culminando no desaparecimento gradual de cada uma delas. Os pontos chaves do filme que são assistir o vídeo, desaparecimentos e desfecho, não possuem distensões de suspense, só microssituações de tensão causadas pelo fim de um jumpscare e o começo da premeditação do próximo.

Crítica: Slender Man - Pesadelo Sem Rosto (2018)

Pesadelo de 1h30m


Os avanços bruscos de incidências sobrenaturais (em mais ou menos 15 minutos é assistido ao vídeo amaldiçoado) não ajudam na criação das características do local de antes dos acontecimentos de horror começarem. As garotas comentam que a cidade é tediosa e que sonham em sair de lá. Mas só o que vemos a partir desses quinze minutos de película são coisas fantasiosas e estranhas acontecerem, causando nenhuma disparidade com qualquer coisa experienciada pelas meninas antes. Só o que podemos ver é uma cidade feia e extremamente capenga, que possui bosques que não assustam de maneira nenhuma, não importando o quanto escuros eles aparentam ser.  

Sua estética “diferenciada” é de fato a grande aposta do filme. Câmera acoplada ao torso de personagens, aceleração de partes do corpo, recortes de imagens pertubadoras, deformações de rostos. Se se tem certeza de uma coisa é que esses elementos são usados em filmes de terror desde Evil Dead, passando por Jacobs Ladder até em The Ring. É verdade que os filmes de terror atuais não usam esses elementos recentemente? Sim, pois o horror contemporâneo evoluiu de se usar de técnicas avançadas para causar medo para questionar o próprio medo como elemento presente em diferentes gêneros e em diferentes estâncias da vida. Um filme como Slenderman Pesadelo Sem Rosto trazer propostas tão anacrônicas assim com intuito de se diferenciar, causa desprezo, não valorização.

O mais decepcionante é que o desejo pela imersão do espectador, a destruição da rotina pela súbita presença de algo aterrorizante, a busca por algo misterioso que pode está facilmente alcançável pela tela do computador, celular, televisão, a transformação de um ambiente visualmente normal em algo assustador; elementos que são a base de toda creepypasta, elementos que são o cerne de Marble Hornets, são todos os pontos que faltam em Slenderman. E justamente é por isso que em vez de ser só um filme de horror que pecou, ele se transforma em um filme de horror que falhou definitivamente em sua proposta. Mas é preciso seguir em frente pois Suspiria está se aproximando e 2018 precisa urgentemente de um amigo no gênero de terror.

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