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"Titãs": até onde pretende ir a promessa do DC Universe

Warner havia anunciado esse ano a proposta para atacar a concorrência no mercado de streaming, e, para isso, usou a DC Universe, serviço que promete trazer várias produções exclusivas. Antes mesmo da plataforma ser lançada completamente, a companhia exibiu a série Titãs, a reinterpretação dos Novos Titãs, que todo mundo deve conhecer, numa tentativa de desbancar principalmente a concorrência, Marvel. 

"Titãs": até onde pretende ir a promessa da DC Universe 

Série é uma das novas produções destinadas ao serviço


Titans tem como ponto central a chegada de um novo detetive em Detroit, chamado Dick Grayson, que está cansado de atuar contra o crime ao lado de um antigo parceiro em Gotham City. Ele era um jovem ginasta de circo que presenciou a morte de seus pais durante uma acrobacia e resolve encarar uma vida nova, em uma nova cidade. Embalado pela vida dupla como Robin, o vigilante é atraído por uma estranha garota, Rachel, que conhecemos bem como Ravena, que é vista pela mãe católica como uma criança atormentada pelas forças do mal. Ela pede ajuda à Robin para entender seus poderes. A dupla pega a estrada, conhecendo posteriormente Mutano, Estelar, e até mesmo um casal de heróis Dawn Granger(Rapina) e Hank Hall(Columba). 

Mas antes desses encontros, em outro lugar, uma mulher chamada Estelar sofre de amnésia e tenta encontrar pistas sobre seu passado enquanto descobre ter poderes sobre-humanos. Como se não bastasse, todos os caminhos se cruzam com o Mutano, um garoto que pode se transformar em animais. A turma de super-combatentes do crime une forças para lutar contra seus demônios interiores e salvar o planeta do mal. Eles logo percebem que sozinhos são incompletos, mas unidos são Titãs. 

A série para maiores de 18 anos vem com uma proposta clara: fugir do que está sendo feito nas produções de heróis da CW, trazendo mais violência, crua e letal. Aliás, aparentemente não há conexão entre essas Terras paralelas; na verdade, Titans é feita com alto-contraste em cinza, lembrando bastante as séries da Marvel na Netflix. Já de cara, é preciso elogiar os efeitos especiais, principalmente nas partes dos poderes desses heróis, e impressiona que as sequências de ação sejam realmente violentas. Dick Grayson, nosso Robin, está na sua jornada para se tornar o Asa Noturno; bem desaforado e com a boca suja, solta um “Fuck Batman” (foda-se Batman). E falando em Batman, a produção promete que ele vai fazer uma participação na série, só não sabemos quando. 

Titans já estreou cheia de controvérsias, seja pelas críticas que recebeu na escolha do elenco, principalmente pela Estelar. Muito foi discutido por causa da etnia da personagem e não pela qualidade da atriz Anna Diop, que sofreu preconceito desde a divulgação das primeiras imagens e trailers da produção. Mas algo que também foi bastante comentado é a sua caracterização: cabelo, vestimentas e tudo que compõe a Estelar. Entretanto, já foram divulgadas várias imagens da transformação física que a personagem vai sofrer durante os episódios, sendo uma mudança significativa que pode fazer alguma diferença para o público fiel dos HQ’s.

Os Titans nos quadrinhos, por sua vez, já tiveram várias formações e uma das mais conhecidas foi a fase comandada pelo escritor Marv Wolfman e pelo desenhista George Perez. Nessa adaptação o grupo deixa de lado o seu lado juvenil e são abordados como jovens adultos. A série, com certeza, seguirá esse viés, como já estamos presenciando. Mas a pergunta que não quer calar é até que ponto essa violência apresentada na produção deixa de ser aceitável e passa a se tornar gratuita? E essa postura do Robin? Algo que não esperávamos de Dick Grayson e sim, do segundo Robin, Jason Todd, sendo algo questionável na série, mas sendo bem mais aprofundado e explicado no segundo episódio. 


Brenton Thwaites é convincente como Dick Grayson e até se assemelha como uma “continuação” do Robin de Christopher Nolan. Como um policial, o personagem pode carregar tanto o legado do Batman como as características do Comissário Gordon. Sua interpretação é consistente e suas sequências de luta são satisfatórias. Sendo o futuro líder do time, ganha grande destaque na série, sendo o ponto focal nos dois primeiros episódios. O roteiro nos leva instantaneamente para a história de Dick, que será a liga para a união dos outros personagens, e sua parceria até então, com Ravena, é um ponto positivo em Titans. 

E falando dela, Ravena, é uma acerto de mestre na série. A atriz Teagan Croft foi uma escolha assertiva e a personagem foi colocada no centro de tudo. Provavelmente centralizando nela o monstro interior como um dos vilões da temporada. Introduzi-la logo de cara e dessa maneira, é importante para colocar Titãs em um mundo “mágico”, deixando de lado aqueles questionamentos feitos em outras produções da DC, sobre o que seria real e o que aparenta ser. O foco do episódio piloto ficou por conta de Dick e Rachel(Robin e Ravena), deixando em segundo plano até então, Estelar e Mutano. 

Depois da estreia com um piloto bem introdutório, sem grandes surpresas, a série parece que acertou o seu rumo e nos apresentou um bom enredo no segundo episódio. Apesar de a atenção continuar voltada para Robin e Ravena, entretanto, fomos apresentados a outros heróis, Rapina e Columba (Hawk e Dove). Que apareceram para agitar um pouco Dick Grayson, que está a todo custo tentando se desvincular da sombra do Batman. Vemos em vários momentos, atitudes que inconscientemente se assemelham ao Bruce, como mentiras, suborno e conversas escondidas com Alfred, mas com isso, conseguimos entender melhor o que se passa e o motivo de Robin estar “cruel” e sanguinário, gerando estranhamento de seus antigos colegas, Rapina e Columba. 

Com uma mistura de realismo e fantasia, esse episódio especificamente, deixa uma sensação de intriga e à vontade nesse mundo de desafios que todos esses personagens enfrentam. Além de conhecermos um pouco da vida desse casal, percebemos várias nuances, questionamento sobre o valor e o peso de ser um herói. Rapina e Columba estão decididos em abandonar o manto, sendo essa sua última missão. Será mesmo? Vale um destaque especial para um easter-egg em um quadro de uma foto onde temos o primeiro vislumbre de Donna Troy, a Moça-Maravilha, que está com sua aparição confirmada nos próximos episódios da série. 

Mesmo a passos lentos, Titãs parece seguir uma linha que inclina a um grande sucesso. Independente de qualquer coisa, a verdade é que fora das páginas dos quadrinhos, os lançamentos da DC Comics, como Superman, Batman ou até mesmo Mulher Maravilha, sempre veem acompanhada de muito burburinho, discussão, debates e expectativas. Se serão supridas ou não, só o tempo dirá!

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