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Interestelar (2014) | Nolan e seu novo sci-fi

    Christopher Nolan está de volta em seu nono filme, e mais uma vez, prova que consegue ser um bom diretor. Apesar de suas falhas em explicar tudo ou ter roteiros pretensiosos demais, o diretor consegue escrever bem e ter ideias que o cinema necessita para continuar crescendo como empresa e ao mesmo tempo para emocionar os demais com sua tecnologia estupenda e cenas brilhantes de ação e diálogos. Isso é mérito seu. Isto o cinema agradece.
    Interestelar se inicia revelando o que está acontecendo com o Planeta Terra. Com diálogos científicos e dramáticos, o primeiro ato do filme mostra que nosso lar tem os dias contados. Dessa forma, uma equipe de exploradores é enviada ao espaço em busca de outros planetas para que um seja habitável e os seres humanos consigam viver. Assim temos nossa sinopse.
     Christopher Nolan é um diretor muito criativo e isso é esbanjado em todo seu filme. Suas cenas de ação e de tensão na trama são essenciais, e com isso, o diretor usa da melhor forma sua imaginação para filmar com muito efeito pratico e com essa sua visão o filme se torna, em sua grande parte, uma aula em vídeo de física e de teorias que tiveram total embasamento para condizer com as imagens. Isto é: as cenas estão para completar o filme e não para ser algo que fica como paisagem. É algo a serviço da trama.
    A trilha sonora é um tanto poética e ao mesmo tempo assustadora. Hans Zimmer consegue criar uma sensação de peso nas costas ao mostrar um desespero de certo personagem diante de tal situação e ao mesmo tempo cria uma dor forte no peito com sua trilha baixa e tensa para aquele momento. O que se completa com uma fotografia maravilhosa e uma montagem que faz o filme ser mais complexo em tudo que mostra.
    Em seguida, e mais importante, existem as atuações. O filme tem 10% a mais de tempo de efeitos do que com atores. O que podia ser prejudicial, mas não é. Isso porque os atores transformam o seus personagens em seres melhores e mais emocionantes do que as imagens. Os diálogos são bons e não seria estranho uma indicação ao Oscar para o Matthew McConaughey.
     Contudo, é fácil notar que o roteiro possui suas falhas. O diretor e seu irmão roteirista, Jonathan Nolan criaram essa trama desde 2006 e é bastante tempo para estudo e pesquisa sobre tudo aquilo que é mostrado. Acreditamos em tudo e até mesmo no inacreditável mas, ainda assim, o filme parece querer ser mais inteligente do que é. O longa nos apresenta diversas teorias exageradas e reais, porem todas são inseridas na primeira parte do filme só pra ter um desenvolvimento que no fim das contas não é dos melhores. Isso facilmente é notado como um problema para o espectador, pois parecia que roteiro simplesmente jogava ideias e se tornava um filme expositivo sem um desenvolvimento necessário. O filme investe em teorias mais do que outras, e em certos momentos parece que eles se esquecem de explicar algumas como se não fosse necessário. Incluindo certas ocasiões, cenas e personagens que de fato geram uma cena ou outra interessante de diálogo e ação, mas que não são altamente necessárias como todas outras que fazem o roteiro ser melhor.
     E se o segundo ato possui cenas e diálogos geniais, o terceiro consegue ser grandioso em seus problemas. O final consegue quebrar regras que foram criadas por ele mesmo e sem falar que fica deveras inconveniente. E com uma conclusão de 15 minutos que consegue prejudicar todo tempo investido no longo período de 2 horas e 50 minutos. Um final que piora quando pensamos nele.
    Por conseguinte, o filme ainda consegue se destacar de tantos outros do gênero sci-fi. Ele é ambicioso, inteligente, com fortes interpretações e com diversos momentos lindos, mas ainda assim é só mais um filme do Nolan viajante demais. Com isso, definitivamente ele merece ser assistido e discutido.



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