Ambientado no século XIX, esta película narra os momentos finais de uma mulher doente, enquanto é amparada por suas irmãs e sua empregada doméstica. A história é inteiramente retratada no interior da mansão da família e escancara os sentimentos mais internos destas mulheres que se deparam com uma tragédia iminente. Gritos e Sussurros é, antes de tudo, um conto sobre as subjetividades de personagens presos dentro de um universo do qual não conseguem se libertar.
O enredo gira em torno de quatro mulheres e seu desenvolvimento se dá de forma lenta e densa, além de contar com a inserção de vários flashbacks. Agnes (Harriet Andersson), que enfrenta a doença, relembra sua infância e sua enorme devoção à mãe, além de deixar claro que sempre se sentiu a menos querida dentre suas irmãs. Maria (Liv Ullmann), a mais nova, recorda seu casamento falido e infeliz, assim como a paixão que sente por outro homem. Karin (Ingrid Thulin) lida com o desprezo que sente pelo marido e as tentativas de automutilação para afastá-lo. Anna (Kari Sylwan), uma empregada doméstica extremamente religiosa, que parece saber tudo sobre a vida das mulheres e ainda sofre com a perda de sua filha.
Fica claro durante o filme que as irmãs não são próximas e por vezes somos levados a pensar que se conhecem muito pouco. Além do mais, elas não se esforçam para refazer uma conexão com Agnes e se mostram constantemente nauseadas e aflitas com a situação da irmã. Anna, contudo, consegue confortá-la em seus momentos mais difíceis, talvez por ser a única da história que possua alguma proximidade com a mortalidade.
Em Gritos e Sussuros, Ingmar Bergman trabalha seus dois temas favoritos: a morte e o universo feminino. Ele os explora através das dolorosas experiências que estas mulheres vivenciam, presas em agonia e melancolia. Enclausuradas por uma sociedade opressora e privadas de serem plenamente livres.
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