Pular para o conteúdo principal

O Segredo do meu Marido | A importância do silêncio


A culpa de tudo o que aconteceu era do muro de Berlim. Se ele não tivesse tido a audácia de cair, Cecília não teria um fragmento. E se ela não tivesse ido ao sótão para buscar esse maldito fragmento para sua filha, ela não teria encontrado a carta deixada por seu marido, John-Paul, que só poderia ser lida pelo acaso de sua morte. John-Paul não estava morto, claro, estava bem vivo e viajando à negócios, mas isso não impediu Cecilia de abrir a tal carta e ler o segredo de seu marido, algo que não poderia ser ignorado.

A culpa também era da prima de Tess, Felicity, que emagreceu. Caso ela não tivesse emagrecido, seu marido não teria sentido atração por ela e os dois não a teriam chamado para explicar que "estavam apaixonados". Não podemos esquecer da culpa de Rachel, que se não tivesse tido mais filhos, não sofreria com o abandono de seu único filho vivo estar indo para Nova York, fazendo-a lembrar de velhos sentimentos que poderiam ser esquecidos ou ao menos ignorados.

Em diferentes situações, talvez a vida dessas três mulheres não teriam se relacionado de nenhuma forma e talvez a estória teria seguido um curso diferente. Cecilia cuidaria das três filhas e continuaria com seu negócio, Tess continuaria casada e não teria ido para a cidade de sua mãe e Rachel continuaria trabalhando na escola sem trazer à tona nenhum desejo de vingança. Talvez se alguma decisão tivesse sido diferente, se algum segredo tivesse sido guardado, várias tragédias talvez teriam deixado de acontecer.

Liane Moriaty traz um enredo genial e uma estória comovente de três mulheres que tem seus caminhos ligados por tragédias que mudam o rumo de suas vidas drasticamente. Os diferentes pontos de vista traz ao drama um sabor a mais que somente uma boa escritora poderia fazer-nos experimentar. O mistério revelado rápido demais com explicações um pouco demoradas invertem o senso e testam um pouco nossa paciência, que logo é recompensada com o final surpreendente e, de certa forma, um pouco perturbador. Os mistérios de cada personagem são lavados com água pura e pendurados em seus próprios quintais. Mas como diz a própria autora, há segredos que nunca deveriam ser revelados.




Reação normal de um leitor ao terminar o livro:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Morte do Demônio (2013) | Reimaginação do "Conto Demoníaco"

The Evil Dead (EUA) Em 1981, Sam Raimi conseguiu realizar algo extraordinário. Com um orçamento baixíssimo (em volta de 1,5 mil), o diretor reinventou os filmes idealizados dentro de uma cabana com jovens e demônios. Além disso, ainda conseguiu fãs por todo o planeta que apreciavam a maneira simples e assustadora que o longa fora realizado. Em 2009, Raimi entrou em contato com Fede Alvarez por seu recente curta-metragem viral que rolava pela internet. A conversa acabou resultando na id eia de uma reinvenção do “conto” original de 1981. Liberdade foi dada à Alvarez para que tomasse conta da história. Percebe-se, a início, a garra deste para uma boa adaptação, no entanto, ainda peca por alguns problemas graves percebíveis tanto para quem é ou não é fã do original. Ao que tudo indicava, seria um Reboot. Mas se trata, na realidade, de uma (aparentemente) continuação audaciosa. A audácia já começa no pôster de divulgação: “O Filme Mais Aterrorizante que Você Verá Nesta Vida”...

Anúncio Oficial [Duas Faces do Cinema: Quarto Ato]

Desde que nós dois, Arthur Gadelha e Gabriel Amora, sentamos para decidir o nome do blog de cinema que escreveríamos a partir dali, e entramos no acordo que “Duas Faces do Cinema” intitularia o projeto, já sabíamos, mesmo sem dizer um para o outro, que ele não perduraria para sempre; não como principal. No entanto, assim que lançado, ainda com um fundo preto e branco, separando o casal principal do grande vencedor do Oscar, “O Artista”, a marca “Duas Faces do Cinema” ganhava espaço entre amigos e familiares.

Leonard Nimoy, eterno Spock, morre aos 83 anos

A magia que um personagem nos passa, quando sincera, é algo admirável. Principalmente quando o ator fica anos trabalhando com a mesma figura, cuidando com carinho e respeitando os fãs que tanto o amam também. E, assim foi Leonard Nimoy . O senhor Spock de Jornada nas Estrelas , que faleceu ontem (27/02) por causa de uma doença pulmonar, aos 83 anos. O ator, diretor, escritor, fotógrafo e músico deixou um legado imenso para nós. E isso é algo que ele sempre tratou com muita paixão: a arte. A arte de poder fazer mais arte. E com um primor de ser uma boa pessoa e querida por milhares. E por fim, a vida atrapalhou tal arte. Não o eternizou como o seu personagem. Mas apenas na vida, pois no coração e na memória de todos, o querido Nimoy vai permanecer perpétuo nessa jornada. Um adeus e um obrigado, senhor Leonard Nimoy, de Vulcano. Comece agora, sua nova vida longa e próspera, onde quer que esteja.