Pular para o conteúdo principal

Homem-Formiga (2015) | Quando o escapismo é esquecível

O Homem-Formiga, acompanhado do trocadilho, é o menor filme da Marvel Studios. Não há alienígenas, robôs ou a Hidra tentando destruir o mundo. A questão é contar uma hodierna história de origem de um novo personagem inexplorado do grande público, e usar, através disso, um subgênero de ação. O foco é uma trama de assalto, com ritmo de Missão Impossível, algo que pôde condensar mais o filme em uma trama menos barulhenta ou exagerada. Créditos para o roteiro de Edgar Wright, que abandonou a direção semanas antes das filmagens por consequências de intrigas de planejamentos com a Marvel. 


Com a direção de Peyton Reed, facilmente notamos que o próprio diretor e o filme não se levam a sério. O tema é despretensioso e brinca com o lúdico padronizado. A trama começa de forma pesada, mas só para estabelecer os personagens, depois de conhecer todos estes, a Marvel fica 100% Marvel, e tira sarro grande parte do filme. Um ritmo que transforma a obra em uma comédia de assalto disfarçada de filme de super-herói. 


A ação do filme estabelece um ritmo eufórico em revelar, a todo instante, tamanhos e dimensões em que o personagem encontra-se. Não há previsibilidade durante os embates e o terceiro ato é completo das mais bizarras e criativas cenas de ação que são deveras agradáveis até mesmo para o 3D. Acompanhado da trilha sonora de Christophe Beck, que apesar de não ser marcante, consegue empolgar durante toda a atividade do treinamento, dos assaltos e das batalhas no final do filme. 

Os personagens são bem trabalhados graças aos atores esforçados. Perceptível que todos estavam se divertindo ao atuarem, vide Paul Rudd, que encarnou o Scott Lang botando até para trás o fato de que Michael Douglas foi o primeiro a usar o título. E com piadas em bons momentos e drama, apesar de pouco, em outros, o resultado são as boas atuações carismáticas e esforçadas. 

Os problemas são as demais referencias (América, Capitão) que exibem-se no filme. Diferentemente dos filmes dos X-Men da Fox, a Marvel traz como fan service, e não como algo que pudesse desenvolver os personagens ou a trama. Cenas longas e diálogos expositivos procuram revelar que todos se encontram no mesmo universo, ao ponto de propalar o que está por vir em um ou dois anos de filmes do estúdio. Isso gera uma narrativa perdida, gratuita e óbvia, ao invés de contar a trama do personagem título que tinha tudo pra ser o melhor filme de origem dos últimos anos, mas que por fim, se tornou uma forma da Marvel apresentar rapidamente o personagem para já inseri-lo nos filmes adiante, resultando em um trailer de 120 minutos.

Por conseguinte, o filme se torna um dos mais divertidos e engraçados. A comparação é injusta, mas não é um Homem de Ferro 3 ou um Thor 2: Mundo Sombrio em que ambos disputam para ser o mais galhofa. O Homem-Formiga é cômico porque ele precisa ser, e, se for pra se divertir durante o período do filme no cinema, esse vale muito como um dos melhores e mais empolgantes escapismos da Marvel. Apesar de esquecível ao termino.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Morte do Demônio (2013) | Reimaginação do "Conto Demoníaco"

The Evil Dead (EUA) Em 1981, Sam Raimi conseguiu realizar algo extraordinário. Com um orçamento baixíssimo (em volta de 1,5 mil), o diretor reinventou os filmes idealizados dentro de uma cabana com jovens e demônios. Além disso, ainda conseguiu fãs por todo o planeta que apreciavam a maneira simples e assustadora que o longa fora realizado. Em 2009, Raimi entrou em contato com Fede Alvarez por seu recente curta-metragem viral que rolava pela internet. A conversa acabou resultando na id eia de uma reinvenção do “conto” original de 1981. Liberdade foi dada à Alvarez para que tomasse conta da história. Percebe-se, a início, a garra deste para uma boa adaptação, no entanto, ainda peca por alguns problemas graves percebíveis tanto para quem é ou não é fã do original. Ao que tudo indicava, seria um Reboot. Mas se trata, na realidade, de uma (aparentemente) continuação audaciosa. A audácia já começa no pôster de divulgação: “O Filme Mais Aterrorizante que Você Verá Nesta Vida”...

Anúncio Oficial [Duas Faces do Cinema: Quarto Ato]

Desde que nós dois, Arthur Gadelha e Gabriel Amora, sentamos para decidir o nome do blog de cinema que escreveríamos a partir dali, e entramos no acordo que “Duas Faces do Cinema” intitularia o projeto, já sabíamos, mesmo sem dizer um para o outro, que ele não perduraria para sempre; não como principal. No entanto, assim que lançado, ainda com um fundo preto e branco, separando o casal principal do grande vencedor do Oscar, “O Artista”, a marca “Duas Faces do Cinema” ganhava espaço entre amigos e familiares.

Leonard Nimoy, eterno Spock, morre aos 83 anos

A magia que um personagem nos passa, quando sincera, é algo admirável. Principalmente quando o ator fica anos trabalhando com a mesma figura, cuidando com carinho e respeitando os fãs que tanto o amam também. E, assim foi Leonard Nimoy . O senhor Spock de Jornada nas Estrelas , que faleceu ontem (27/02) por causa de uma doença pulmonar, aos 83 anos. O ator, diretor, escritor, fotógrafo e músico deixou um legado imenso para nós. E isso é algo que ele sempre tratou com muita paixão: a arte. A arte de poder fazer mais arte. E com um primor de ser uma boa pessoa e querida por milhares. E por fim, a vida atrapalhou tal arte. Não o eternizou como o seu personagem. Mas apenas na vida, pois no coração e na memória de todos, o querido Nimoy vai permanecer perpétuo nessa jornada. Um adeus e um obrigado, senhor Leonard Nimoy, de Vulcano. Comece agora, sua nova vida longa e próspera, onde quer que esteja.