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Missão: Impossível - Nação Secreta (2015) | Sobre repetições que valem a pena

Na primeira sequência de ação, o personagem de Tom Cruise, salta em um avião e toda a trilha sonora e montagem impecáveis constroem um clima de tensão absurdo nos dez primeiros minutos. O usual seria ter a cena mais grandiloquente no ato final do longa-metragem, e percebemos ao termino da cena, que aquilo seria apenas um aperitivo diante de toda loucura nas cenas de ação que o astro propõe a realizar. 

O filme possui todos os clichês exagerados, repetitivos e previsíveis que todos os trabalhos de espionagem e qualquer outro de ação possuiria. Há uma bomba relógio, traições, reviravoltas, cenas de ação em lugares que se movimentam e muita subtrama desnecessária que serve pra preencher o espaço de diálogos entre as cenas de ação. O que normalmente seria um problema, e é, quando notamos os clichês se reciclarem dentro do próprio filme. Traições avulsas acontecem, tempo de impedir uma catástrofe são resolvidas no último segundo e por aí vão. Mas a graça é acompanhar o texto e como somos apresentados a estes problemas. Se todo clichê realmente fosse algo ruim em um filme, o cinema de ação já estava morto. E o divertido, apesar de previsível, está em como os personagens são desenvolvidos a partir disso e como as cenas de ação exageradas se relacionam. E nisso, o roteiro acerta. A reciclagem dos quatro filmes anteriores está presente e isso faz o quinto filme ser tão bom quanto. 

A diversão se sustenta nisso. O diretor, Christopher McQuarrie, se esforça em criar um roteiro divertido e que consiga desenvolver personagens. Claro, que o mérito cresce com os atores. O texto brinca com as situações em que os astros se encontram, e sejamos honestos, Cruise e todo o elenco se divertem demais com o filme. Cruise corre de verdade, assim como, chora, sente dor e, ainda possui uma paixão no olhar, a qual demonstra sua paixão pela franquia, e por conseguinte, o elenco de apoio se sustenta bem ao tornar o filme mais divertido. 

A parte técnica se esforça e cria cenas de ação competentes. A câmera tremida é quase inexistente e os cortes não são frenéticos. As sequências são excelentes e se superam a cada frame exagerado de ação, seja em perseguições, debaixo d'água ou em meio a tiroteios no meio da rua. A geografia é clara e não fica confusa.

Por fim, o filme não trata o espectador como um leigo que assiste qualquer coisa. O filme é competente, divertido e empolgante. E mesmo com todos os clichês, o trabalho funciona muito bem. E quando nos lembremos de toda franquia, ficamos satisfeitos com o esforço de cada diretor em abraçar o sofrimento de Tom Cruise a serviço do divertimento do público. 

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