Pular para o conteúdo principal

Perdido em Marte (2015) | Um novo inicio de carreira para o Ridley Scott

The Martian

Logo após uma tempestade no planeta Marte, o cientista Mark Watney é deixado para trás por ter sido dado como morto. O personagem permanece vivo e luta contra o tempo para ser salvo pelo departamento da NASA, o que torna o filme em uma grande homenagem aos cientistas, aos astronautas e, é claro, a própria NASA. 

Ok, vamos lá: Jessica Chastain, Michael Peña, Kristen Wiig, Jeff Daniels, Donald Glover, Mackenzie Davis, Kate Mara, Aksel Hennie, Sean Bean, Chiwetel Ejiofor, Sebastian Stan, Jonathan Aris e outros também seguem na batalha contra o tempo curto que o personagem protagonista possui de vida. Os coadjuvantes são tão competentes e bem trabalhados em Terra, assim como o Matt Damon é bem explorado em Marte. Uma competência coesa e de bons argumentos para a justificativa de cada personagem possuir seus segmentos em tela. Um roteiro que traz modo exemplar como apresentar e desenvolver cada personagem, o que demonstra a habilidade do roteirista Drew Goddard que não fica preso em ideologias de ficções cientificas rasas. 


O argumento, na verdade, é toda uma saudação ao trabalho dos cientistas. Apesar de possuir ótimas discussões sobre a fé, o trabalho de montagem gira todo em torno da ciência. O filme se torna rico em ideias por apresentar tantos argumentos que conseguem preencher o período longo do filme e, por sorte, são totalmente usuais e bem estudados pelos personagens. A ciência funciona de forma bastante gratificante, assim como também é exagerada, o que resulta em uma falta de gravidade no filme. Cito, como exemplo, durante o longo segundo ato, um acidente que acontece e ocasiona um sentimento de preocupação por parte do público, mas que em menos de 15 minutos é resolvida de uma maneira engraçada, quebrando toda tensão do filme.

E apesar de tratar com diversos artifícios da sobrevivência e do trabalho exaustivo e técnico da NASA, o roteiro não transforma o filme em uma aula mastigada de explicações em vão, como as ficções cientificas tanto fazem nos últimos anos e como o próprio Ridley Scott fez em Prometheus. Em Perdido em Marte, o roteiro não é obvio, e apesar de explicar o que acontece através dos inúmeros personagens envolvidos, o filme não se torna cansativo com tantas ideias gratuitas sem desenvolvimentos.


A montagem encantadora do filme consegue motivar a cada sequência ser melhor que a anterior. Quando estamos nos envolvendo com o elenco terrestre, o personagem principal surge e consegue encantar tanto quanto os outros. A trilha sonora, apesar de esquecível, cumpre o papel de encantar enquanto se assume ser uma trilha de filme "pipoca". A fotografia belíssima fica retornando e dando ênfase a cada “Sol” da beleza do planeta vermelho, o que pode resultar em indicações no final do ano.

Por fim, Ridley Scott apresentou um trabalho divertido e empolgante de adaptação. Isso, para os admiradores de ficção cientifica old school do diretor, acaba por se tornar gratificante. Um filme rico em parte técnica, em atuações e que, felizmente, tem algo a dizer através do texto primoroso.


Avaliação:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Morte do Demônio (2013) | Reimaginação do "Conto Demoníaco"

The Evil Dead (EUA) Em 1981, Sam Raimi conseguiu realizar algo extraordinário. Com um orçamento baixíssimo (em volta de 1,5 mil), o diretor reinventou os filmes idealizados dentro de uma cabana com jovens e demônios. Além disso, ainda conseguiu fãs por todo o planeta que apreciavam a maneira simples e assustadora que o longa fora realizado. Em 2009, Raimi entrou em contato com Fede Alvarez por seu recente curta-metragem viral que rolava pela internet. A conversa acabou resultando na id eia de uma reinvenção do “conto” original de 1981. Liberdade foi dada à Alvarez para que tomasse conta da história. Percebe-se, a início, a garra deste para uma boa adaptação, no entanto, ainda peca por alguns problemas graves percebíveis tanto para quem é ou não é fã do original. Ao que tudo indicava, seria um Reboot. Mas se trata, na realidade, de uma (aparentemente) continuação audaciosa. A audácia já começa no pôster de divulgação: “O Filme Mais Aterrorizante que Você Verá Nesta Vida”...

Anúncio Oficial [Duas Faces do Cinema: Quarto Ato]

Desde que nós dois, Arthur Gadelha e Gabriel Amora, sentamos para decidir o nome do blog de cinema que escreveríamos a partir dali, e entramos no acordo que “Duas Faces do Cinema” intitularia o projeto, já sabíamos, mesmo sem dizer um para o outro, que ele não perduraria para sempre; não como principal. No entanto, assim que lançado, ainda com um fundo preto e branco, separando o casal principal do grande vencedor do Oscar, “O Artista”, a marca “Duas Faces do Cinema” ganhava espaço entre amigos e familiares.

Leonard Nimoy, eterno Spock, morre aos 83 anos

A magia que um personagem nos passa, quando sincera, é algo admirável. Principalmente quando o ator fica anos trabalhando com a mesma figura, cuidando com carinho e respeitando os fãs que tanto o amam também. E, assim foi Leonard Nimoy . O senhor Spock de Jornada nas Estrelas , que faleceu ontem (27/02) por causa de uma doença pulmonar, aos 83 anos. O ator, diretor, escritor, fotógrafo e músico deixou um legado imenso para nós. E isso é algo que ele sempre tratou com muita paixão: a arte. A arte de poder fazer mais arte. E com um primor de ser uma boa pessoa e querida por milhares. E por fim, a vida atrapalhou tal arte. Não o eternizou como o seu personagem. Mas apenas na vida, pois no coração e na memória de todos, o querido Nimoy vai permanecer perpétuo nessa jornada. Um adeus e um obrigado, senhor Leonard Nimoy, de Vulcano. Comece agora, sua nova vida longa e próspera, onde quer que esteja.