The Hunger Games: Mockingjay - Part 2 |
Na trama que conclui a jornada da heroína Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence), vemos os passos seguintes da forte protagonista no movimento rebelde contra a Capital e seu sistema. Em tentativa de invasão à mansão do tirano Presidente Snow (Donald Sutherland), são colocadas em jogo as vidas de Gale (Liam Hemsworth), Peeta (Josh Hutcherson), Finnick (Sam Clafin) e outros personagens queridos do público.
A direção de Francis Lawrence, responsável pelos filmes da franquia desde "Em Chamas" (2013), evoca a densidade e ambientação caótica de seus outros trabalhos distópicos, como "Constantine" (2005) e "Eu Sou a Lenda" (2007). Sendo assim, dentro de sua familiaridade com o gênero, a saga e o elenco, o desempenho na realização do capítulo final é bastante satisfatório. A fotografia de Jo Willems, inclusive, contribui bastante para a imersão do espectador na dimensão psicológica dos personagens. Os elementos técnicos transportam o público para o terror de um ambiente de guerra, desde a mixagem de som até o trabalho convincente da computação gráfica, que insere elementos dignos de pesadelo - nesse aspecto, é impossível não citar a sequência do esgoto, tão agoniante e bem executada que ficará na mente dos espectadores por certo tempo. Em adesão, os 134 minutos da película talvez se tornem cansativos para alguns, em especial aos que não são fãs do conteúdo.
O elenco, por sua vez, apresenta performance superior à dos três últimos longas. Com personagens que ganham cada vez mais camadas em meio aos horrores que presenciam, o trio principal (Lawrence, Hutcherson e Hemsworth) demonstra bastante dedicação e transparência emocional. O time de demais atores, que inclui nomes como Julianne Moore, Woody Harrelson, Elizabeth Banks e o falecido Phillip Seymor Hoffman (em seu último filme), contribui similarmente e de forma significativa com seu desempenho. O cinismo que caracteriza a interpretação de Sutherland em seu Snow também merece reconhecimento.
O longa-metragem é, certamente, o mais intenso da saga de Katniss Everdeen. As diversas e até constantes sequências de ação, em conjunto com a trilha sonora de James Newton Howard, desencadeiam no público um sentimento de aflição digno de guerra. Inclusive, esse é um dos aspectos mais interessantes da obra de Suzanne Collins, que a torna diferente das demais distopias já conhecidas pela cultura pop: a discussão política e moral, tão presente na realidade que às vezes esquecemos de sua exposição. Podemos afirmar que "A Esperança - O Final" veio em momento certo para debate, já que reflete situações de terrorismo, intolerância e abuso de poder. Qual o valor de uma vida inocente, mesmo que siga um estilo de vida oposto ao nosso?
A conclusão da franquia "Jogos Vorazes" não decepciona, seja para fãs ou meros espectadores interessados na trama. Suas sequências finais, cheias de reviravoltas, encerram-se de forma quase anestésica depois de toda a violência apresentada. O que ecoa é uma sensação de luto, quase inevitável, mas que transmite a mensagem em ares de "dever cumprido", incentivando a permanência de uma reflexão construída ao longos dos últimos quatro anos e que busca, em termos mais óbvios, acender uma esperança para a humanidade.
Comentários
Postar um comentário
Deixe sua opinião!