O estado de segurança nunca chegou a ser plenamente
conhecida por cortes reais, mesmo estes abrigados por fortes castelos de pedra
pura e guardas em suas armaduras reluzentes. A morte sempre pode encontrar
formas de perpassar por qualquer resistência. Por esta razão, muitas famílias
foram separadas, para que crescessem longe do perigo e voltasse para casa
quando tivessem idade para assumir o trono.
Mary Stuart, assim como muitos outros reis e rainhas, também
foi criada desta forma, mantida em segurança em um convento longe de sua terra
de origem, Escócia, onde seria mantida até a realização do casamento com o
príncipe da França, Francis. Entretanto, informações chegaram aos inimigos
escoceses e logo empenharam-se a matar Mary envenenando sua comida. Mesmo
estando em um convento, discretos cuidados foram preparados para a proteção da
rainha, por isso uma jovem que prova a comida antes de ser entregue a Mary morreu em seu lugar. A Rainha regente da Escócia, mãe de Mary, toma
conhecimento que o anonimato de sua filha não é mais um segredo, então chega a
hora de Mary finalmente viver na corte real ao lado de seu noivo, vivendo sob
a proteção do Rei da França, enquanto aguarda pelo casamento com Francis.
Claramente, uma jovem tutelada por irmãs iria sentir o
enorme impacto de toda a escória mascarada pela riqueza da corte, Mary se vê
diante de uma posição em que é preciso adaptar-se e amadurecer. Essencialmente
quando precisa representar os interesses de seu país, preservando a segurança
do povo na qual ela também pertence. São tempos difíceis, a guerra se aproxima
da França e a vida de todos corre perigo com as intrigas internas e uma ameaça
que se encontra entre as paredes do palácio.
Reign, baseado na história real de Mary Stuart, manifesta
que poderia escalar-se um bom nível de adaptação histórica. No entanto é com
pesar que os aspectos técnicos e visuais deturpem a experiência do espectador
de se aprofundar no período na qual a trama é retratada e de mergulhar no
cotidiano infortunado dos indivíduos presentes nestas histórias de época. Nos
minutos iniciais, a série demonstra uma boa qualidade das locações e da fotografia.
Porém, em seguida o espectador é surpreendido com a inserção de músicas pop
contemporâneas na trilha sonora, isso enfatiza a intensidade da leveza da
série, assim como as vestimentas femininas, com seus tecidos com leve
transparência e cortes ousados demais para época, embora sejam visualmente
bonitos. Ao fim do primeiro episódio, fica claro que Reign possui toques
modernos demais e uma sutileza com a veracidade dos fatos históricos
apresentados que torna quase impossível imaginar tais representações no
contexto real, vivido pela verdadeira Mary Stuart.
Tal problema poderia ser corrigido no prolongamento das
cenas, no entanto Reign também erra neste quesito, em diversos pontos
importantes no arco histórico as cenas são cortadas rapidamente, de forma
abrupta, impedindo o espectador digerir a ação devidamente e de sentir alguma
emoção, seja em cenas românticas ou nefastas.
A respeito do enredo,
a série deixa claro que é mais inclinada ao gênero romance, com foco na
instabilidade do noivado de Francis e Mary, quando o futuro de ambos depende do
jogo político entre Escócia, França e Inglaterra. E é claro, com o triangulo
amoroso, quando ocorre a proximidade de Mary e Bash, o irmão bastardo de
Francis. O que deixa a desejar, quando se há muito a explorar na cultura,
comportamento e política deste período. Mas se a série tomasse outros rumos,
Reign poderia ter uma aprovação mínima, por apresentar-se com uma narrativa
acelerada demais com diálogos enxutos e diretos, que empobrece a linguagem.
Apesar dos defeitos técnicos, não se pode dizer o mesmo do
elenco, os atores e atrizes conseguem transmitir uma profundidade dos seus
respectivos personagens, cujas representações são bastante satisfatórias. Em
especial a de Megan Follows, que interpreta Rainha Catherine, mãe de Francis,
sua importância é mais relevante durante a metade da série para o final. Quando
põe em prática suas artimanhas para impedir o casamento de seu filho com Mary,
é neste período que surge a simpatia pela personagem, apesar de seu objetivo
ser contrário a do espectador.
Com um final aberto, Reign, em sua primeira temporada propôs
uma história com mais entretenimento do que fidelidade histórica, tornando-se
uma relevante opção para aqueles que apreciam um bom e conturbado romance de
época.
Avaliação:
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