Para quem gosta de aventuras do velho oeste, O Regresso que é em parte real e em parte fictícia, vai despertar seu interesse em conhecer um pouco mais sobre a terra inóspita a oeste dos Estados Unidos do século XIX. E o autor, Michael Punke, sabe desenrolar de maneira convincente as aventuras e desventuras de Hugh Glass, que sim, existiu e sim, sobreviveu a um ataque brutal de um ursa cinzenta.
Hugh Glass, personagem principal, é apresentado logo nas primeiras páginas em seu momento de maior fragilidade e vulnerabilidade. Ele estava sendo abandonado por seus companheiros que tinham como obrigação cuidar dele. O acampamento estava sendo ameaçado por um grupo de índios e levar um moribundo na fuga não foi cogitado. E nem Hugh esperava que o levassem, mas mesmo em seu estado febril ele sabia que só teria uma chance de sobreviver, se eles ao menos tivessem deixado sua espingarda, faca e utensílios. Porém, ele foi sumariamente roubado e deixado para morrer. E esse foi o combustível que deu início a saga de vingança de Hugh Glass.
O livro "O Regresso" é dividido em três partes, no começo da primeira parte somos apresentados aos personagens, conhecemos um pouco a vida de um caçador de peles. O autor não se demora a mostrar o ataque da ursa que quase levou a morte o experiente caçador da Companhia de Peles Montanhas Rochosas.
Hugh Glass nasceu na Filadélfia no final do século XVIII, sempre foi aficionado por viagens e decide jovem se aventurar nos navios mercantes. Um certo dia, sua embarcação é capturada por piratas e ele não tem opção a não ser se tornar um deles. Algum tempo depois a cidade portuária dos piratas é incendiada e ele foge, mas acaba prisioneiro de uma tribo de índios entre os rios Platte e Arkansas. Quando escapa decide trabalhar com a Companhia de Peles Montanhas Rochosas. E em umas dessas caçadas ele acaba sendo gravemente ferido pela ursa cinzenta e só sobrevive por pura obstinação. Ele deseja encontrar os dois que deveriam ter cuidado dele e recuperar seus pertences.
A segunda parte do livro tem uma narrativa mais lenta, principalmente quando é apresentado a visão dos outros personagens de momentos já descritos. Hugh Glass passa por diversas intemperes para alcançar seus objetivos, sobrevive por sorte, astúcia e ajuda de alguns personagens que encontra pelo meio do caminho. Hugh atravessa mais de cinco mil quilômetros no terrível clima das montanhas, passando fome e sobrevivendo aos perigos para encontrar os homens que o traíram.
Já na terceira parte Glass vence grande parte de seus desafios e começa a chegar próximo de alcançar John Fitzgerald e o jovem Bridger para assim efetivar sua vingança. Desbravar o oeste selvagem e manter linhas abertas de comércios foi umas das grandes dificuldades enfrentadas pelos homens brancos e isso foi bem real e retratado no livro.
O final do livro não é um final propriamente dito, um pouco decepcionante e diferente do filme que é mais dinâmico. As notas históricas do autor elucidam algumas dúvidas que ficaram, sem grandes sobressaltos. No geral é um bom livro de uma história real com fragmentos de ficção que poderiam ter sido mais bem desenvolvidos. Para quem queira conhecer um pouco sobre essa parte dos Estados Unidos e a história de Hugh Glass, recomendo também a biografia The saga of Hugh Glass de John Myers Myers.
O livro foi o ponto crucial para a criação do filme de mesmo nome, dirigido por Alejandro González Iñárritu e estrelado por Leonardo DiCaprio, está concorrendo em 12 categorias do Oscar. Na cerimônia do Globo de Ouro, “O Regresso” foi o longa com maior número de estatuetas, conquistando as principais categorias: Melhor diretor para Alejandro G. Iñárritu, melhor ator para Leonardo DiCaprio e melhor filme dramático. A premiação está sendo aguardada com muita ansiedade, pois há tempos DiCaprio tem sido indicado ao prêmio e até então não ganhou. Agora é só esperar o dia 28 de fevereiro, que já está chegando e conferir se O Regresso continua com essa bola toda.
Comentários
Postar um comentário
Deixe sua opinião!