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Ressurreição (2016) | Entre atuações falhas, um enredo suficiente

Risen (EUA)
Clavius é um tribuno romano cuja missão dada por Pilatos é de encontrar o corpo de Yeshua, desaparecido após sua crucificação e que seus seguidores acreditam fielmente ter ressuscitado. Durante a investigação, Clavius e seu novo assistente Lucius tentam juntar fatos para provar que os boatos são invenção do povo e impedir assim uma grande rebelião em Jerusalém. 

É complicado falar desse filme sem dar spoilers, mesmo sendo tão previsível e lógico evidentemente. Desde os primeiros minutos de projeção, qualquer pessoa que tenha o mínimo conhecimento das histórias bíblicas sabe perfeitamente como será o desfecho da trama. Mas isso não quer dizer que o torne desinteressante. Kevin Reynolds é um bom diretor que tem em sua filmografia trabalhos com toque dos épicos da era de ouro de Hollywood, talvez com um orçamento melhor na produção fosse exatamente isso que veríamos na tela. O elenco embora possua bons atores parece que nunca está realmente com vontade de atuar; Joseph Fiennes que interpreta Clavius entrega uma atuação robótica e sempre com a mesma expressão. Para um personagem que está sendo envolvido numa rede de dúvidas internas não é convincente o suficiente. 

Outro que também não tem muito que fazer é Tom Felton que interpreta Lucius. Tirando o figurino de época, Felton sempre está com uma expressão de quem acabou de sair de uma rave e se divertiu muito. Do elenco central quem realmente entrega uma atuação decente é Peter Firth no papel de Pôncio Pilatos. Sempre imponente e demonstrando um comando total de suas ações.  

A fotografia de Lorenzo Senatore traz uma visível inspiração no trabalho de Caleb Deschanel no filme ‘A Paixão de Cristo’ de Mel Gibson. Realizando um bonito contraste entre tons mais vívidos quando está em planos abertos e cores mais sombrias em planos fechados, especialmente os que envolvem os soldados romanos na caça dos discípulos de Yeshua. ‘Ressurreição’ sofre com alguns problemas também de ritmo. A duração do filme poderia ser um pouco menor e enxugar o roteiro ajudaria bastante. Perto do ato final a exposição se torna um tanto excessiva mesmo já deixando claro do que se trata desde o início. Outro deslize é o uso do CGI grosseiro em certas sequências assemelhando a pilotos de séries de televisão a cabo.

Durante toda a projeção lembrei bastante de ‘A Investigação’; Uma produção italiana de 1986 dirigida por Damiano Damiani com Keith Carradine e Harvey Keitel no elenco, filme cujo roteiro tem uma premissa bem parecida e ao contrário de ‘Ressurreição’ toma algumas liberdades mais ousadas além de ser também um belo trabalho, pena que é tão pouco conhecido. ‘Ressurreição’ mesmo com todos os problemas descritos, ainda assim vale a pena ser visto. Não traz nada de novo e nem é um grande épico, mas também não é nenhum desastre como certos “pseudo filmes” em cartaz por aí.

Avaliação:


Comentários

  1. Eu gostaria de ver Tom Felton em um personagem que não fazia parte dos vilões, aqui eu gostei, parece maduro como ator. Eu gostei deste filme, porque se trata de um tema sensível e interessante para uma religião / cultura em um filme para um público maior. Ressuscitado/ Risen não é como a paixão de cristo, porque ela trata Jesus como um homem julgado pelo Império Romano, e acabar com a possibilidade de humano e celestial sendo deixada em aberto. Se você ainda não viu, eu recomendo-los agora que vai acontecer na TV.


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