Pular para o conteúdo principal

Tudo Vai Ficar Bem (2015) | Registro inspirado, Roteiro forçado

Every Thing Will Be Fine (EUA)
Thomas é um escritor que vê sua vida desmoronar após um acidente fatídico. Após uma discussão com Sara (Rachel McAdams) ele sai sem rumo e acaba por atropelar dois garotinhos. Sua relação com a namorada afunda e ele irrompe em tristeza e culpa, sentindo-se cada vez mais atropelado pelos acontecimentos. 


A sequência inicial é marcada por uma colorização em tons azulados, primor no detalhamento e um ritmo de apresentação lento. A solidão evidente do personagem é evidenciada por sua intersecção junto a um local extremamente frio, como se a ausência do sol também indicasse a ausência de perspectivas. A neve o cerca por todos os lados e amplia a visão de sua solidão. É curioso notar como objetos avermelhados surgem sempre para indicar a vida existente, seja dentro das casas, no brinquedo da criança ou no telefone com que Sara tenta se conectar a Thomas. Dizer que a fotografia fascina é o que melhor temos a dizer desse roteiro que se arrasta por quase duas horas. 

O elenco consegue desenvolver bem o seu trabalho, com destaque a Franco. O ator é bastante conhecido por envolver-se em projetos medíocres como "The Interview" e "This Is The End", mas de vez em quando surpreende participando de produções mais densas, como é o caso deste e de seu mais recente trabalho, o ótimo True Story. O ator  consegue desenvolver bem o depressivo personagem, embora não passe de uma atuação razoável.Charlotte Gainsbourg, a musa de Lars Von Trier, surge como a mãe com evidentes dificuldades em seguir adiante e também aparenta uma certa preguiça de atuar. São dois atores que apesar de não serem ruins, repetem-se constantemente. 

O grande problema é o roteiro que, apesar de um bom argumento, não consegue seguir. É como se o filme terminasse nos primeiros quinze minutos e a partir daí nos vemos cercados com diálogos francamente forçados e de uma imensa e cansativa sequência tediosa que acompanha toda a narrativa. O filme não anda, se arrasta como uma lesma em terreno escorregadio. Em alguns momentos uma andada de Thomas entre dois pontos dura mais tempo do que o necessário, muito mais do que o necessário. 

Não assista com sono.

Avaliação:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Leonard Nimoy, eterno Spock, morre aos 83 anos

A magia que um personagem nos passa, quando sincera, é algo admirável. Principalmente quando o ator fica anos trabalhando com a mesma figura, cuidando com carinho e respeitando os fãs que tanto o amam também. E, assim foi Leonard Nimoy . O senhor Spock de Jornada nas Estrelas , que faleceu ontem (27/02) por causa de uma doença pulmonar, aos 83 anos. O ator, diretor, escritor, fotógrafo e músico deixou um legado imenso para nós. E isso é algo que ele sempre tratou com muita paixão: a arte. A arte de poder fazer mais arte. E com um primor de ser uma boa pessoa e querida por milhares. E por fim, a vida atrapalhou tal arte. Não o eternizou como o seu personagem. Mas apenas na vida, pois no coração e na memória de todos, o querido Nimoy vai permanecer perpétuo nessa jornada. Um adeus e um obrigado, senhor Leonard Nimoy, de Vulcano. Comece agora, sua nova vida longa e próspera, onde quer que esteja.

Mad Max (1979) | O cinema australiano servindo de influência

Para uma década em que blockbusters precisavam ter muitos efeitos visuais e grandes atros do momento, como em Alien - O Oitavo Passagéiro , Star Wars , Star Trek  etc, George Miller teve sorte e um roteiro preciso ao provar que pode se fazer filme com pouco dinheiro e com um elenco de loucos.   Mad Max , de 1979, filme australiano com uma pegada  exploitation,  western e de filmes B, mas que conseguiu ser a estrada para muitos filmes de ação de Hollywood atualmente.   Miller, dirigiu, escreveu e conseguiu com um orçamento de 400 mil filmar um dos mais rentáveis do planeta. O custo do filme foi curto e assim, tudo foi pensado no roteiro e nos diálogos que o filme ia exibir. Como os textos sobre o futuro, humanidade e seu fim, e o Max do título. O filme é rodado com o Mel Gibson sendo o centro. Seus diálogos curtos demonstram o homem da época, e com uma apologia ao homem do futuro. Uma pessoa deformada pelas perdas e com a vontade de ter aquilo que não pode ter, e que resulta no

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014) | Peter Jackson cumpre o que prometeu

    Não vamos negar que a trilogia O Hobbit possui grandes problemas. O que é uma pena, já que a trilogia anterior ( O Senhor dos Anéis ) não tem falha alguma. Contudo, o que tinha de errado em Uma Jornada Inesperada e Desolação de Smaug , o diretor Peter Jackson desfaz nessa última parte. O que é ótimo para os espectadores e crível para os adoradores da saga da terra-média de longa data.     O filme apresenta problemas diversos, por exemplo, um clímax logo na primeira cena (se é que você me entende) e um personagem que não consegue momento algum ser engraçado. Falhas como essas prejudicam o filme como todo. O roteiro, por ser o mais curto dos três, precisava de mais tempo em tela, e dessa forma, cenas e personagens sem carisma são usados repetidas vezes e com uma insistência sem ter porquês. Mas, em contra partida, O Hobbit e a Batalha dos Cinco Exércitos consegue ser mais direto, objetivo e simples que seus antecessores, que são longos e cheios de casos como citei. E o real mo