Bronson (UK) |
As motivações para a violência
são inúmeras, assim como para a inconstância da mente humana. Mas realmente existem
motivos para os caras maus serem maus? Ou eles simplesmente são assim por que
querem? Bronson, biografia de Michael Peterson, nos convida a adentrar – mas não
necessariamente a entender – a mente do prisioneiro considerado o mais violento
da Grã-Bretanha.
Responsável pela direção,
Nicolas Winding Refn executa um ótimo trabalho e faz isso com estilo. A busca
por um enquadramento frontal em cenários peculiares, com uma belíssima e
contrastante fotografia, que acompanha o ritmo do filme, traz um aspecto de
intimidade com o protagonista. Intimidade esta que o roteiro, também escrito
por Refn e por Brock Norman Brock, procura acentuar nas cenas em que
Bronson (Tom Hardy) – “nome de guerra” que o prisioneiro deu a si mesmo –, no
ápice de sua megalomania, está num palco narrando sua história para uma plateia.
E nós, espectadores, somos a sua plateia. O filme se sustenta no protagonista e
segue inconstante com toques de humor ácido e surrealismo, o que pode vir a ser
um problema, ora que o longa está frenético e, de repente, fica lento, voltando
a ficar frenético logo após.
No desenvolvimento de Bronson, o diretor mostra que este possui tendências violentas desde cedo, e numa das primeiras
cenas já fica uma dica de onde ele gosta de estar, como na sequência que o mostra
ainda bebê já atrás das grades, mas de seu berço. Quanto a trilha sonora, esta faz
um misto entre rock eletrônico e techno, o que caracteriza bem o tom que o
filme quer manter.
O maior destaque, no entanto, é
a atuação de Hardy, que carrega o filme inteiro. As nuances de sua
interpretação no palco, na prisão e no manicômio são memoráveis do tanto que o
ator se deu ao papel, e que merece ser visto. Eximiamente, Hardy interpreta um
personagem real doentio que, com ironias e piadas, ameniza toda a violência
presente.
E por falar em violência, que
se faz constante no longa, esta não se resume apenas às lutas e pancadarias
estilizadas, mas toda a violência psicológica sofrida por ambas as partes, o
que censurou o filme ao máximo – além da nudez frontal de Hardy.
Bronson se mostra um filme
independente de alta criatividade, pois é uma biografia não-convencional. A excelente
atuação de Tom Hardy, unida à um bom roteiro e boa direção satisfaz como filme
e nos faz questionar no que se baseia a essência humana, fazendo uso da
presença intrigante – e por que não fascinante? – de Charles Bronson.
Avaliação:
Comentários
Postar um comentário
Deixe sua opinião!