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Bronson (2008) | Ultraviolência do mundo real

Bronson (UK)
As motivações para a violência são inúmeras, assim como para a inconstância da mente humana. Mas realmente existem motivos para os caras maus serem maus? Ou eles simplesmente são assim por que querem? Bronson, biografia de Michael Peterson, nos convida a adentrar – mas não necessariamente a entender – a mente do prisioneiro considerado o mais violento da Grã-Bretanha.

Responsável pela direção, Nicolas Winding Refn executa um ótimo trabalho e faz isso com estilo. A busca por um enquadramento frontal em cenários peculiares, com uma belíssima e contrastante fotografia, que acompanha o ritmo do filme, traz um aspecto de intimidade com o protagonista. Intimidade esta que o roteiro, também escrito por Refn e por Brock Norman Brock, procura acentuar nas cenas em que Bronson (Tom Hardy) – “nome de guerra” que o prisioneiro deu a si mesmo –, no ápice de sua megalomania, está num palco narrando sua história para uma plateia. E nós, espectadores, somos a sua plateia. O filme se sustenta no protagonista e segue inconstante com toques de humor ácido e surrealismo, o que pode vir a ser um problema, ora que o longa está frenético e, de repente, fica lento, voltando a ficar frenético logo após.

No desenvolvimento de Bronson, o diretor mostra que este possui tendências violentas desde cedo, e numa das primeiras cenas já fica uma dica de onde ele gosta de estar, como na sequência que o mostra ainda bebê já atrás das grades, mas de seu berço. Quanto a trilha sonora, esta faz um misto entre rock eletrônico e techno, o que caracteriza bem o tom que o filme quer manter.

O maior destaque, no entanto, é a atuação de Hardy, que carrega o filme inteiro. As nuances de sua interpretação no palco, na prisão e no manicômio são memoráveis do tanto que o ator se deu ao papel, e que merece ser visto. Eximiamente, Hardy interpreta um personagem real doentio que, com ironias e piadas, ameniza toda a violência presente.

E por falar em violência, que se faz constante no longa, esta não se resume apenas às lutas e pancadarias estilizadas, mas toda a violência psicológica sofrida por ambas as partes, o que censurou o filme ao máximo – além da nudez frontal de Hardy.

Bronson se mostra um filme independente de alta criatividade, pois é uma biografia não-convencional. A excelente atuação de Tom Hardy, unida à um bom roteiro e boa direção satisfaz como filme e nos faz questionar no que se baseia a essência humana, fazendo uso da presença intrigante – e por que não fascinante? – de Charles Bronson.

Avaliação:


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