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Game of Thrones (6° temporada, 2016) | Uma aula de cinema na TV


Game of Thrones - Season 6 (EUA)
Game of Thrones, enfim, passou dos romances concebidos por George R.R. Martin. Obviamente, a história não foi contada sem explanações constantes do criador, mas definitivamente esse foi o ano em que os roteiristas e produtores David Benioff e D.B Weiss se libertaram da adaptação fiel dos livros. Isso, para muitos, tornou a sexta temporada a melhor de todas, até agora. 

Por meio disto, o sexto ano caminhou para elementos em que os fãs e leitores não conheciam, o que transformou a experiência muito mais justa para aqueles que nunca abriram os livros. De qualquer forma, o rumo tomado foi, em muitos episódios, previsível, tornando a série em um retorno justo para aqueles que tanto sofreram com os seus personagens favoritos ao longo dos cinco anos anteriores.

Antes desse sentimento contínuo, a temporada se definiu como a mais consistente de todas. Durante os dez episódios, a série manteve o ritmo estabelecido desde o primeiro seguimento em que o corpo de Jon Snow é protegido por seus amigos da patrulha da noite até a partida de Daenerys com os seu vasto exército atravessando o oceano com o apoio de Yara Greyjoy. A tensão prosseguiu com o seu encandeamento e as diversas tramas paralelas foram resolvidas em poucos instantes, o que tornou o foco mais extenso em personagens que já estão próximos do fim.

Assim, o roteiro transforma muitos núcleos em passagens cinematográficas. O sexto ano abraçou de vez os protagonistas que cresciam durante os anos anteriores, e assumiu de vez a importância deles para o desenvolvimento do fim. Cito, como exemplo claro, a Batalha dos Bastardos que nos presentou com um dos melhores episódios da série e que foi bastante fiel ao público que tem.  

Além disso, os produtores mais uma vez perceberam a força de suas mulheres. Os desenvolvimentos, além da família Stark, são femininos. Sem se importar com os seus impulsos positivos ou negativos, os diretores exibiram de forma cuidadosa um crescimento constante de muitas personagens. Sansa, Daenerys, Yara e, mais uma vez como uma das melhores vilãs e estrategistas, Cersei, possuem suas motivações que são totalmente compreendidas sem muitas explicações do roteiro. As suas características são bem apresentadas e, acompanhado disso, há o mistério de saber como elas vão lidar com o jogo dos tronos, o que revela constantemente a boa performance de todas as atrizes envolvidas na série.

A parte técnica é outro elemento estupendo. A trilha sonora composta pelo competente Ramin Djawadi é digna de um vasto misto de emoções, passeando pelo suspense com o seu piano e pelo drama com seu violino forte ao revelar o tema poderoso de suas famílias e, ao lado disso, a fotografia e a montagem que indicam uma Westeros com diversas geografias distintas e elegantes.

Mantendo a perfeição, as atuações entendem o roteiro e se esforçam pra coesão universal de qualidade da série. Kit Harington, Iwan Rheon, Maisie Williams, Lena Headey, Sophie Turner, Emilia Clarke, Carice Van Houten, Peter Dinklage, Natalie Dormer e tantos outros expõem os seus personagens mais fortes que nunca e alguns mais psicopatas que os outros. Inclusive, mais uma vez, a série será lembrada por tamanha crueldade em seus vilões e atuações.

Por fim, Game of Thrones está no caminho de um fim justo e honesto. E se a temporada que encontra-se daqui um ano permanecer nesse ritmo fiel de adaptação bem desenvolvida, a televisão mais uma vez vai ter uma aula de como se apresentar, fortalecer e finalizar uma série de maneira bela. 

Avaliação:

Comentários

  1. Só o começo do ultimo episódio já seria um encerramento de seasonfinale perfeito... Para nossa sorte, só era o começo... Kkk que episódio fantástico e que temporada.

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  2. Só o começo do ultimo episódio já seria um encerramento de seasonfinale perfeito... Para nossa sorte, só era o começo... Kkk que episódio fantástico e que temporada.

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