The Conjuring 2 (EUA) |
“Invocação do Mal” de 2013 foi coeso ao apresentar uma trama baseada em fatos que conseguiu assustar, ser bem realizado e ter uma inventividade cinematográfica que recriou o gênero de terror na década. A continuação, felizmente, prossegue em revelar as suas originalidades e particularidades específicas do diretor James Wan.
No seguimento, o casal Warren retorna sete anos depois com
pequenas citações ao primeiro filme. Temos um envolvimento maior com Ed, Lorraine e com a família que sofre os casos. A diferença, no entanto, é o
ambiente. Largamos o tradicional horror
de uma casa abandonada no meio do nada para uma Londres com o desemprego
constante (consequência do governo Thatcher), com o punk em ascensão e com a
juventude rebelde para a pressão de uma mãe sem apoio.
Inclusive, a tradicional história da mãe com uma
responsabilidade é duplicada. O desafio de diversos filmes do gênero são
concentrados em apresentar mulheres fortes, traídas e mães sem uma inspiração
materna muito clara. O leque é óbvio, como a influência de Mia Farrow como Rosemary e Ellen
Bursten como Chris MacNeil, com fragilidades que fizeram história para a Lily Taylor surpreender no filme
original. Não se distanciando dessa importância sofrível, a Frances O’Connor encarna uma mãe que, mesmo com todos os esforços, não têm energias o suficiente para lidar com o
desconhecido sozinha.
A diferença entra na polêmica que o primeiro filme não
instigou. Existem várias acusações em que os casos paranormais foram tratados
de forma exageradas pelo casal para adaptações cinematográficas, publicidade e
com livros, como o mais famoso caso dos Estados Unidos ocorrido em Amityville
em 1975. O diretor, um apaixonado pelo casal, exerce sua função de fã em
homenagear os Warren e os seus casos com uma originalidade de apresentar a vasta
documentação que comprove a coesão dos fatos.
O clima estabelecido usa um
elo entre o público e o espectador para diálogos fortes entre o casal que
tente sensibilizá-los de forma cativante, tornando o filme muitas vezes
documental. E isso torna-se crucial durante os 130 minutos, não só por ser uma
cartilha a mais de aterrorizar o público, mas por desenvolver o filme.
Unindo ambas as histórias, os desafios da maternidade com a
vida do casal constantemente acusada, o filme se manifesta como um dos melhores
e mais competentes do ano. E isso não é obrigatoriamente pelo choque.
O diretor recria diversas de suas habilidades para
desenvolver a casa. Suas técnicas que tornaram o primeiro filme tão memorável estão
de volta e com um recheio maior. Encontram-se todos os elementos técnicos que desenvolvem
um filme de forma atraente e elegante, incluindo travellings e mudança de foco
que revelam a casa mal assombrada para quem assiste.
Dessa forma, o espaço
situado fica desnorteado e claustrofóbico com tantas pessoas em um lugar tão
pequeno para eles. Isso traz um charme que tantos outros não conseguem
apresentar. Cito a cena em que há uma referência ao Poltergeist em que sabemos que o susto surgirá, mas com o apoio da maquinaria usada pelo diretor, a montagem apresenta de forma inesperada,
mesmo que exista um conhecimento do susto. E quando nos
assustamos... fica o sorriso por tal capacidade.
Esse prazer transforma todo o longa-metragem em uma
cinefilia que representa bem o diretor. O roteiro extravasa com tantos
elementos que desenvolvem e trazem carinho por aqueles personagens, o design de
produção encanta com o figurino, ambientação e a fotografia que nos fazem crer
que estamos em 1977 e, é claro, com a música e montagem que trabalham juntas
para os sustos.
No fim, o público se surpreende com as peculiaridades que o
diretor exibe ao homenagear o casal e revelar o caos na vida da família Hodgson.
A elegância transforma o longa em um que fique de exemplo para os outros que
surgirem depois. Exemplo claro quando um personagem deixar de enxergar
durante todo o conflito final. É catártico, mas não tem nada pior do que deixar
de ver quando já somos presenteados com tamanha obra de exercício de cinefilia.
Avaliação:
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