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Cândido ou o Otimismo | A origem da novela do Candinho


"Êta mundo bom!". Reconheceu o bordão? Então você deve ter visto a chamada da novela criada por Walcyr Carrasco e dirigida por Jorge Fernando. Mas o que muitos noveleiros de plantão não sabiam é que a célebre "novela das seis" é baseada em um livro do filósofo iluminista Voltaire. "Cândido ou o otimismo" teve sua primeira data de lançamento em 1759 e não é a primeira vez que é adaptado para a mídia brasileira. Já virou até filme em 1954, com o nome "Candinho". A obra serviu de inspiração para diversos outros autores, como Machado de Assis e Aldous Huxley.

"No castelo do senhor barão de Thunder-ten-tronckh, havia um jovem rapaz (...)". De alma simples e ingênua, o jovem Cândido vivia no belo castelo do barão de Vestifália, na Alemanha, a ouvir os ensinamentos de Dr. Pangloss e apreciar, de olhos bem abertos, a senhorita Cunegundes. Cândido dizia que a segunda melhor coisa do mundo era ser Cunegundes, e a terceira apreciá-la todos os dias. A grande virada de Cândido acontece, no entanto, após um beijo entre dois. O garoto é expulso do castelo "a chutes no traseiro" e recebe um "pontapé" para começar suas aventuras.

Recrutado contra a vontade por búlgaros e forçado a guerrear, Cândido consegue fugir e reencontra, aos poucos, personagens de sua antiga vida no castelo. Após tempestades, naufrágios, açoites e meses em pouquíssimas páginas, chegando a confundir o leitor e tornar a leitura menos prazerosa devido às milhares de informações que são "jogadas" de uma só vez, Cândido, sucedido por desgraças, precisará por a prova todos os ensinamentos de seu professor Dr. Pangloss sobre o otimismo.

Com reflexões sobre a essência humana e a maldade, além de um grande grau de "otimismo", o livro do iluminista traz uma romance pitoresco recheado de sátiras e ironias. Apesar da superficialidade dos fatos em prol de um ensinamento em comum, não há como não apreciar as filosofias e os pensamentos da obra. O jogo do otimismo, que se assemelha muito ao "jogo do contente" da famosa personagem Pollyana, do livro de Eleanor H. Poter, é presente durante quase todo o livro e cabe ao leitor tirar suas próprias conclusões.


Como imagino Cândido após beijar Cunegundes:

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