Pular para o conteúdo principal

Entre Idas e Vindas (2016) | Um road movie sincero, porém limitado

Entre Idas e Vindas (Brasil)
Quando estamos diante de uma comédia brasileira, o mesmo sentimento paira sobre a maioria dos cinéfilos. Não sei se esse sentimento se enquadra como preconceito ou como o resultado do comodismo da produção do cinema comercial, satisfeita com filmes regulares e esquecíveis. Contudo, isso abre espaço para que o público seja surpreendido, como é o caso de Entre Idas e Vindas.

Um motorhome, pilotado pelas atendentes de telemarketing Amanda (Ingrid Guimarães), Krisse (Rosanne Mullholand), Sandra (Alice Braga) e Cillie (Caroline Abras) encontra o velho carro de Afonso (Fábio Assunção) parado no meio da estrada. Enquanto as mulheres viajam para comemorar a despedida de solteira de Sandra, Afonso leva consigo seu filho Benedito (João Assunção) com a finalidade de transparecer antigas questões de suas vidas.

Apesar das boas atuações - com a exceção de Ingrid Guimarães, que é ofuscada por Fábio Assunção - e de uma estética que foge da banalidade das comédias nacionais, o filme ainda se mostra limitado. Parte disso decorre de seu baixo orçamento, enquanto outra parte é resultado de pequenos erros que, acumulados, prejudicam a narrativa; planos desfocados e áudios debilitados durante algumas falas distanciam o espectador da história. Além disso, o excesso de trilha sonora incidental resulta em momentos em que o filme adquire características de um videoclipe, principalmente nas cenas em que vemos a viagem dos personagens sob a lente documental de uma filmadora caseira. 

Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo (2009), Central do Brasil (1998) e o recente Colegas (2012) são exemplos de como o road movie é um gênero bem representado nacionalmente. Ainda assim, o honesto filme de José Eduardo Belmonte merece ser mencionado por saber unir a comédia e o drama na medida certa, cadenciando os conflitos individuais dos personagens com situações divertidas, em sua maioria envolvendo Benedito, interpretado pela ótima surpresa João Assunção.

Entre Idas e Vindas é um filme sobre perdão e amizade que cumpre sua proposta de emocionar e entreter qualquer faixa etária; seus 90 minutos passam de forma agradável, pondo-se como uma escolha que supre os anseios dos fãs de comédia e surpreende os cinéfilos cansados da mesmice das comédias nacionais.

Avaliação


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Leonard Nimoy, eterno Spock, morre aos 83 anos

A magia que um personagem nos passa, quando sincera, é algo admirável. Principalmente quando o ator fica anos trabalhando com a mesma figura, cuidando com carinho e respeitando os fãs que tanto o amam também. E, assim foi Leonard Nimoy . O senhor Spock de Jornada nas Estrelas , que faleceu ontem (27/02) por causa de uma doença pulmonar, aos 83 anos. O ator, diretor, escritor, fotógrafo e músico deixou um legado imenso para nós. E isso é algo que ele sempre tratou com muita paixão: a arte. A arte de poder fazer mais arte. E com um primor de ser uma boa pessoa e querida por milhares. E por fim, a vida atrapalhou tal arte. Não o eternizou como o seu personagem. Mas apenas na vida, pois no coração e na memória de todos, o querido Nimoy vai permanecer perpétuo nessa jornada. Um adeus e um obrigado, senhor Leonard Nimoy, de Vulcano. Comece agora, sua nova vida longa e próspera, onde quer que esteja.

Mad Max (1979) | O cinema australiano servindo de influência

Para uma década em que blockbusters precisavam ter muitos efeitos visuais e grandes atros do momento, como em Alien - O Oitavo Passagéiro , Star Wars , Star Trek  etc, George Miller teve sorte e um roteiro preciso ao provar que pode se fazer filme com pouco dinheiro e com um elenco de loucos.   Mad Max , de 1979, filme australiano com uma pegada  exploitation,  western e de filmes B, mas que conseguiu ser a estrada para muitos filmes de ação de Hollywood atualmente.   Miller, dirigiu, escreveu e conseguiu com um orçamento de 400 mil filmar um dos mais rentáveis do planeta. O custo do filme foi curto e assim, tudo foi pensado no roteiro e nos diálogos que o filme ia exibir. Como os textos sobre o futuro, humanidade e seu fim, e o Max do título. O filme é rodado com o Mel Gibson sendo o centro. Seus diálogos curtos demonstram o homem da época, e com uma apologia ao homem do futuro. Uma pessoa deformada pelas perdas e com a vontade de ter aquilo que não pode ter, e que resulta no

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014) | Peter Jackson cumpre o que prometeu

    Não vamos negar que a trilogia O Hobbit possui grandes problemas. O que é uma pena, já que a trilogia anterior ( O Senhor dos Anéis ) não tem falha alguma. Contudo, o que tinha de errado em Uma Jornada Inesperada e Desolação de Smaug , o diretor Peter Jackson desfaz nessa última parte. O que é ótimo para os espectadores e crível para os adoradores da saga da terra-média de longa data.     O filme apresenta problemas diversos, por exemplo, um clímax logo na primeira cena (se é que você me entende) e um personagem que não consegue momento algum ser engraçado. Falhas como essas prejudicam o filme como todo. O roteiro, por ser o mais curto dos três, precisava de mais tempo em tela, e dessa forma, cenas e personagens sem carisma são usados repetidas vezes e com uma insistência sem ter porquês. Mas, em contra partida, O Hobbit e a Batalha dos Cinco Exércitos consegue ser mais direto, objetivo e simples que seus antecessores, que são longos e cheios de casos como citei. E o real mo