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Jason Bourne (2016) | Nove anos depois, formato segue em boa forma

Jason Bourne (EUA)
Bourne é um assassino sem memória que passa seus dias perseguido e tentando descobrir sua verdadeira origem. Uma criação de Robert Ludlum, o personagem foi trazido às telas pela primeira vez em 1988, em 'Identidade Bourne', com Richard Chamberlain (isso mesmo, o de 'Pássaros Feridos') no papel principal. Mas foi com a franquia iniciada em 2002 que o personagem criou uma legião de fãs e trouxe um estilo de arte a um gênero muitas vezes visto como frívolo. Esqueça o 'Legado Bourne', já que ele não traz nosso personagem preferido. O quarto filme da série traz de volta Matt Damon, após anos (e anos) de negociações. 

Bourne lembra-se de seu passado, mas não sabe tudo sobre ele. Sua antiga companheira Nicky consegue invadir o sistema da CIA e descobre que seu pai estava diretamente envolvido no seu programa de treinamento. Rastreando a garota, o diretor da CIA (Tommy Lee Jones) parte em sua busca, sabendo que ela levará informações confidenciais ao seu aliado. A partir daí temos a atmosfera já conhecida, com uma intensa perseguição ao homem que é visto como traidor em meio a uma intriga internacional. À Bourne resta utilizar sua imensa capacidade de sobrevivência e aguçada inteligência para buscar as respostas sobre os motivos que fizeram com que ele fosse incluído em um programa e se transformado em um assassino frio.

A inclusão de assuntos como redes sociais e crises na Europa trazem um tom atual à trama, tendo o mérito de tocar em questões como a invasão da privacidade e a segurança nas transmissões de dados. E é através de Aaron Kalloor (Riz Ahmed), que temos uma visão atualizada sobre como desenvolvedores podem ser utilizados de forma inteligente e contribuir com programas de espionagem. Com tantos elementos, percebemos que esse é um elo com os filmes anteriores e ao mesmo tempo uma visão da sociedade atual, prisioneira da tecnologia.

A já conhecida câmera nervosa de Paul Greengrass, quase sempre à mão, amplia a sensação de movimento que permeia toda a série. Os cortes rápidos aliados a uma trilha sonora frenética acabam produzindo um efeito nervoso no espectador e fez escola em muitos filmes de ação. Essa trilha quase intermitente incomoda em alguns momentos, mas cumpre seu papel de tensão ininterrupta durante as duas horas de exibição que passam rápido. A sensação que temos, no final de tudo isso, é que se piscarmos, perdemos algum detalhe significativo.

Vincent Cassell é a força, e entrega seu já costumeiro talento ao atirador profissional que faz de Bourne seu alvo principal. Alicia Vikander, nova queridinha das telas, é a inteligência com uma personagem extremamente calculista e que não entrega o jogo, nos deixando sempre com um pé atrás com relação às suas verdadeiras intenções. Seu rostinho mirando quase sempre as telas não reproduz sentimentos e se transforma quase como uma continuação de um sistema operacional. Com relação a Matt Damon, nada a acrescentar, apenas o fato de que ele É o Jason Bourne.

Desta maneira, 'Jason Bourne' se torna um dos grandes lançamentos do ano e mostra que apesar de passados nove anos (percebemos isso também no rosto de Damon), temos um elenco afiado com a realidade e consolidando um filme que mesmo que não traga grandes novidades narrativas repete com sucesso a fórmula já introduzida na película de 2002. E não há mesmo a necessidade de sempre estar oferecendo algo novo quando se conta com um roteiro que se desenvolve bem, fechando aquele que esperamos que seja o último da série.  

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