The Secret Life of Pets (USA) |
Ambientada em Nova York e com uma grande gama de personagens secundários, a trama parte da pergunta "o que os animais fazem quando seus donos não estão em casa?" e tem como plot principal o cotidiano do terrier domesticado Max, cuja paz é ameaçada quando sua dona Katie adota outro cão, o grande e desleixado Duque. A relação entre os dois é de início conturbada, desencadeando uma série de eventos que logo os mete em uma situação envolvendo o caminhão de controle de animais e várias criaturas de esgoto. Aos poucos, a saga torna-se uma aventura de resgate e regresso ao lar, passando a destacar os animais amigos do protagonista, até então com poucos minutos de tela.
O roteiro do trio Ken Daurio, Cinco Paul e Bryan Lynch, que trabalhou em quase todos os outros filmes do estúdio, não é nem um pouco ambicioso, apesar de algumas tentativas - falhas - de causar comoção emocional no público, um fator que parece se tornar quase obrigatório entre os filmes de animação modernos. O humor, no entanto, consegue atingir seus bons momentos, principalmente quando baseia-se em situações absurdas e piadas envolvendo tecnologia e economia. Este é o único aspecto, inclusive, que o filme apresenta como diferencial de suas as produções similares, apesar deste não ser tão marcante.
O visual gráfico, sintético e bastante colorido, ambienta o filme em um universo que reconhece suas semelhanças com os outros destaques da produtora (vários easter-eggs envolvendo Minions comprovam isso), construindo um tom que, apesar de não ser desagradável ou não parecer amador, demonstra o desinteresse em originalidade pelos realizadores da produção. A trilha do excelente Alexandre Desplat (ganhador do Oscar por "O Grande Hotel Budapeste", 2014), inclusive, é por vezes ofuscada por músicas pop do momento - um exemplo é Welcome to New York, da estrela Taylor Swift, que é tocada na íntegra durante a sequência de abertura, mesmo sob voice-over do protagonista narrador.
"Pets - A Vida Secreta dos Bichos" é um filme que certamente seria produzido pela indústria em algum momento - o potencial de rentabilidade da sua fórmula é indiscutível, e até já garantiu uma sequência para o longa em 2018. É em suma um tipo de entretenimento que diverte as famílias por alguns minutos e até as faz ir ao cinema, mas que cai numa mesmice que poderia ser evitada com um pouco mais de capricho criativo. Ele é a prova de que, para muitos realizadores, é a bilheteria que fala mais alto.
Avaliação:
Com certeza, sua melhor crítica Gustavo! Parabéns mesmo! Daqui consegui grifar duas partes do seu texto que falam mais sobre a situação do cinema de animação nesta década do que qualquer outro texto que já li: "Desinteresse em originalidade" e apelo à "comoção emocional no público, um fator que parece se tornar quase obrigatório entre os filmes de animação modernos".
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