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A Garota no Trem (2016) | Emily Blunt protagoniza drama sobre a mulher no mundo dos homens

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The Girl on the Train (EUA)
Baseado no sucesso literário de Paula Hawkins, A Garota no Trem é vendido como um thriller e drama que só empolga o espectador logo após o conflito que surge na passagem para o segundo ato. Assim como em Garota Exemplar, o filme possui um plot twist atrás do outro e discussões importantíssimas na atualidade, como a opressão e o feminismo. 

O filme, seguindo fielmente as páginas do livro, conta a vida de três mulheres com dores e satisfações distintas. Anna, Megan e Rachel são desenvolvidas e retratadas intimamente pelo roteiro que explora os seus dias de modo conectado em que todas, uma hora, vão se encontrar. No fim da extensa apresentação, que fica redundante em certo momento, Megan desaparece e Anna e Rachel se encontram envolvidas nesse possível sequestro e assassinato. O trabalho parte para enigmas interessantes que trazem mais traumas e um extenso nó na garganta com a indagação que perdura o filme inteiro: o que houve naquela noite?

A Garota no Trem, desse modo, é muito similar ao último filme de David Fincher. A comparação imediata, além da história, pode ser dita no que o roteiro se propõe a contar. A narrativa apela para flashbacks constantemente e possui inúmeras sequências aleatórias de momentos que se unem na conclusão, os já conhecidos flashforwards. Com tudo isso, vale ressaltar que o filme é narrado pela figura de Rachel que se torna a personagem onipresente que se exibe como a protagonista que investiga e que pouco sabe o que está acontecendo, assim como o público. Uma técnica já bastante usada e que, apesar do clichê, justifica as informações que a personagem adquire durante os atos. 

No entanto, como em tudo na vida, o que é em excesso tende a prejudicar o saldo final. Os inúmeros flashbacks e flashforwards cansam e não envolvem o que, de fato, seria o necessário, como a sequência do túnel que retorna três vezes de forma incompleta para somente nos últimos minutos o personagem explicar o que houve, demonstrando irregularidade em um suspense que, mesmo com o plot twist impactante do fim, não se fundamenta. 

O diretor Tate Taylor, talentoso, por sinal, é inteligente ao mostrar a atmosfera tensa e escura que o filme carrega nas relações destruídas pelos personagens. A fotografia é fúnebre e impactante durante as sequências de violência em que o diretor indica em alguns momentos e em outros não, assim como o som competente que traz proximidade com o trem do título que é extremamente real e dramático no ponto de vista de Rachel. 

Contudo, a montagem extensa e o roteiro repetitivo atrasam a obra que tinha grande potencial de ser o suspense do ano. O elenco exemplar que tem Emily Blunt e Luke Evans se compromete em criar extensos momentos de tensão e dor, já que desconstroem mais uma vez como vivem as mulheres no mundo dos homens. 


E isso é muito mais que poderíamos esperar de um suspense de fim de semana.



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