The Girl on the Train (EUA) |
O filme, seguindo fielmente as páginas do livro, conta a
vida de três mulheres com dores e satisfações distintas. Anna, Megan e Rachel
são desenvolvidas e retratadas intimamente pelo roteiro que explora os seus
dias de modo conectado em que todas, uma hora, vão se encontrar. No fim da
extensa apresentação, que fica redundante em certo momento, Megan desaparece e
Anna e Rachel se encontram envolvidas nesse possível sequestro e
assassinato. O trabalho parte para enigmas interessantes que trazem mais
traumas e um extenso nó na garganta com a indagação que perdura o filme
inteiro: o que houve naquela noite?
A Garota no Trem, desse modo, é muito similar ao último
filme de David Fincher. A comparação imediata, além da história, pode ser dita
no que o roteiro se propõe a contar. A narrativa apela para flashbacks
constantemente e possui inúmeras sequências aleatórias de momentos que se unem
na conclusão, os já conhecidos flashforwards. Com tudo isso, vale ressaltar que
o filme é narrado pela figura de Rachel que se torna a personagem onipresente
que se exibe como a protagonista que investiga e que pouco sabe o que está
acontecendo, assim como o público. Uma técnica já bastante usada e que, apesar
do clichê, justifica as informações que a personagem adquire durante os
atos.
No entanto, como em tudo na vida, o que é em excesso
tende a prejudicar o saldo final. Os inúmeros flashbacks e flashforwards cansam
e não envolvem o que, de fato, seria o necessário, como a sequência do túnel
que retorna três vezes de forma incompleta para somente nos últimos minutos o
personagem explicar o que houve, demonstrando irregularidade em um suspense
que, mesmo com o plot twist impactante do fim, não se fundamenta.
O diretor Tate Taylor, talentoso, por sinal, é
inteligente ao mostrar a atmosfera tensa e escura que o filme carrega nas relações destruídas pelos personagens. A fotografia é fúnebre e
impactante durante as sequências de violência em que o diretor indica em alguns
momentos e em outros não, assim como o som competente que traz proximidade com
o trem do título que é extremamente real e dramático no ponto de vista de Rachel.
Contudo, a montagem extensa e o roteiro repetitivo
atrasam a obra que tinha grande potencial de ser o suspense do ano. O elenco
exemplar que tem Emily Blunt e Luke Evans se compromete em criar extensos
momentos de tensão e dor, já que desconstroem mais uma vez como vivem as
mulheres no mundo dos homens.
E isso é muito mais que poderíamos esperar de um suspense de fim de semana.
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