Pular para o conteúdo principal

Filme sobre o Conjunto Palmeiras ganha exibição no Cineteatro São Luiz

Há cerca de 40 anos, os moradores chegaram ao Conjunto Palmeiras em situação de miséria. Expulsos de seu lugar de origem, em sua grande maioria vindos da zona de praia da cidade, eles iniciaram um processo de reconstrução da comunidade, de urbanização do espaço e desenvolvimento de projetos de geração de renda. Uma das iniciativas foi a criação de uma moeda social interna, de livre aceitação, e do primeiro banco popular comunitário do Brasil: o Banco Palmas.

A psicóloga especialista em audiovisual Edlisa Peixoto conta a história da força da comunidade e da construção coletiva desse processo socioprodutivo no documentário “Palmas”, que será lançado em Fortaleza. A exibição será gratuita e aberta ao público no dia 19 de outubro (quarta-feira), às 19h30, como parte da programação da Semana do Audiovisual Cearense do Cineteatro São Luiz. A sessão será seguida de debate com a diretora, que convida Joaquim Melo, diretor do Instituto Banco Palmas; os cineastas Glauber Filho, Joe Pimentel e Tibico Brasil, além de personagens entrevistados no filme.

A proposta do documentário é contar a trajetória do Conjunto Palmeiras pela visão dos próprios moradores. Eles mesmos se entrevistam e reconstroem a memória do bairro, que ainda é pouco conhecido até mesmo por outros cearenses. “O documentário vem apresentar essa história de décadas de resistência e inovação, além de discutir a economia solidária e a movimentação sociocultural que a população passou. É uma história de pessoas simples e sua capacidade de transformação, que precisa ser contada para inspirar outras pessoas em suas mudanças pessoais e coletivas”, afirma Edlisa Peixoto, que que buscou desconstruir certa objetividade técnica usual da linguagem documental,  para fazer uma investigação mais emocional do tema.

Entre os assuntos abordados, os moradores relembram a opressão do governo brasileiro, que não entendeu a criação do banco popular comunitário e considerou o palmas um crime contra o Estado Brasileiro, o que os levou a serem processados juridicamente pelo Banco Central por “falsificação de moeda”. Edlisa Peixoto conversou com moradores e líderes da comunidade que participaram de todo o processo de implementação da moeda e que acompanharam de perto os benefícios que ela trouxe, como o desenvolvimento de projetos de moda, tecnologia, educação e comércio.

Eles seguem inovando. Atualmente, a moeda já é eletrônica, em aplicativo desenvolvido pelo laboratório de tecnologia PALMASLAB, onde jovens da comunidade desenvolvem vários aplicativos e produtos que estão sendo comprados por empresas e instâncias públicas para mapeamentos e pesquisas.

Esse ano, o filme foi lançado em tour europeia, passando por Portugal, Bulgária, Eslovênia e Croácia, colocando o Conjunto Palmeiras em diálogo com outras realidades sociais. Recentemente, “Palmas” foi selecionado para o festival italiano Terra di Tutti, voltado a documentários e cinema social no mundo.


“Palmas” (Documentário, 2014, 56min), de Edlisa Pinheiro

Sinopse: Em 1973, movido por interesses de especulação imobiliária, a Prefeitura de Fortaleza desapropriou 1.500 famílias de suas casas na zona costeira da Capital. Essas famílias foram transferidas para um local sem a mínima infraestrutura de moradia, a mais de 20km de seu local de origem, e iniciaram um intenso movimento de reivindicações e lutas. Para resolver os problemas socioeconômicos dos moradores, a comunidade criou também a sua própria moeda, chamada de "Palmas", e o primeiro banco popular comunitário do Brasil.


Serviço

Exibição de “Palmas”, dirigido por Edlisa Pinheiro
Data: 19 de outubro de 2016 (quarta-feira)
Horário: a partir das 19h30
Local: Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500, Centro)
Entrada gratuita.
Informações: (85) 3033.1010

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Leonard Nimoy, eterno Spock, morre aos 83 anos

A magia que um personagem nos passa, quando sincera, é algo admirável. Principalmente quando o ator fica anos trabalhando com a mesma figura, cuidando com carinho e respeitando os fãs que tanto o amam também. E, assim foi Leonard Nimoy . O senhor Spock de Jornada nas Estrelas , que faleceu ontem (27/02) por causa de uma doença pulmonar, aos 83 anos. O ator, diretor, escritor, fotógrafo e músico deixou um legado imenso para nós. E isso é algo que ele sempre tratou com muita paixão: a arte. A arte de poder fazer mais arte. E com um primor de ser uma boa pessoa e querida por milhares. E por fim, a vida atrapalhou tal arte. Não o eternizou como o seu personagem. Mas apenas na vida, pois no coração e na memória de todos, o querido Nimoy vai permanecer perpétuo nessa jornada. Um adeus e um obrigado, senhor Leonard Nimoy, de Vulcano. Comece agora, sua nova vida longa e próspera, onde quer que esteja.

Mad Max (1979) | O cinema australiano servindo de influência

Para uma década em que blockbusters precisavam ter muitos efeitos visuais e grandes atros do momento, como em Alien - O Oitavo Passagéiro , Star Wars , Star Trek  etc, George Miller teve sorte e um roteiro preciso ao provar que pode se fazer filme com pouco dinheiro e com um elenco de loucos.   Mad Max , de 1979, filme australiano com uma pegada  exploitation,  western e de filmes B, mas que conseguiu ser a estrada para muitos filmes de ação de Hollywood atualmente.   Miller, dirigiu, escreveu e conseguiu com um orçamento de 400 mil filmar um dos mais rentáveis do planeta. O custo do filme foi curto e assim, tudo foi pensado no roteiro e nos diálogos que o filme ia exibir. Como os textos sobre o futuro, humanidade e seu fim, e o Max do título. O filme é rodado com o Mel Gibson sendo o centro. Seus diálogos curtos demonstram o homem da época, e com uma apologia ao homem do futuro. Uma pessoa deformada pelas perdas e com a vontade de ter aquilo que não pode ter, e que resulta no

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014) | Peter Jackson cumpre o que prometeu

    Não vamos negar que a trilogia O Hobbit possui grandes problemas. O que é uma pena, já que a trilogia anterior ( O Senhor dos Anéis ) não tem falha alguma. Contudo, o que tinha de errado em Uma Jornada Inesperada e Desolação de Smaug , o diretor Peter Jackson desfaz nessa última parte. O que é ótimo para os espectadores e crível para os adoradores da saga da terra-média de longa data.     O filme apresenta problemas diversos, por exemplo, um clímax logo na primeira cena (se é que você me entende) e um personagem que não consegue momento algum ser engraçado. Falhas como essas prejudicam o filme como todo. O roteiro, por ser o mais curto dos três, precisava de mais tempo em tela, e dessa forma, cenas e personagens sem carisma são usados repetidas vezes e com uma insistência sem ter porquês. Mas, em contra partida, O Hobbit e a Batalha dos Cinco Exércitos consegue ser mais direto, objetivo e simples que seus antecessores, que são longos e cheios de casos como citei. E o real mo