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Inferno (2016) | Ron Howard aposta alto na fidelidade do público

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Inferno (EUA)
Depois de O Código da Vinci e de Anjos & Demônios, Robert Langdon parte em outra missão em busca da salvação mundial. Ron Howard, por outro lado, não consegue socorrer a franquia que já teve os seus bons momentos estabelecidos há quase dez anos.

O diretor do recente No Coração do Mar e de Rush: No Limite da Emoção se repete no mais superficial piloto automático ao ponto de gerar incômodo por tamanha similaridade nos enigmas desvendados pelo herói de Dan Brown. O filme, diferente dos anteriores, inicia em meio à ação, com sequências intensas de tiroteios e de monólogos impressionantes sobre o futuro da raça humana. Diante disto, a obra se acomoda e não apresenta algo efetivamente novo para a saga.

Até os problemas se entrelaçarem, a trama apresenta Langdon, interpretado pelo sempre competente Tom Hanks, que, ao acordar sem memória, é protegido pela dra. Siene Brooks, já que policiais, terroristas e ladrões o estão perseguindo por ser o único a desvendar um apocalipse deixado por Bertrand Zobrist, um bilionário que, apesar de defender a raça humana, acredita que a extinção é a solução do futuro.

As pistas nos leva ao mais misterioso quebra-cabeça literário e artístico que a Europa já teve (segundo o filme). O desconhecido está em torno de obras de arte relacionadas a Dante Alighieri, que trazem elementos apocalípticos em suas interpretações renascentistas. Desse modo, o filme nos mostra a mesma ordem de revelações sobre cultos, organizações e com um vilão extremamente aborrecido e retirado dos piores filmes da franquia 007.

O roteiro, nesse quesito, é piegas e sem sentido. Enquanto as revelações interpretadas por Hanks são divertidas e empolgantes, já que mexem com a ordem natural das artes italianas, os atos se encontram com situações previsíveis em que não contribuem em absolutamente nada para a trama, o que traz, no passar dos atos, uma falta de substância necessária que convença inteiramente o espectador que aguarda por justificativas originais.

A fotografia, felizmente, é contra a maré. A ambientação europeia, com Veneza e Istambul, sempre é um recheio de filmes que trazem enigmas, o que lembra Meia-Noite em Paris e outros de espionagem, como Missão: Impossível. A essência arquitetônica e de iluminação que Veneza nos apresenta é um charme que o longa necessita, algo que poderia ser preguiçoso já que o ambiente ajuda. A trilha sonora, assinada por Hans Zimmer, também é imensamente mais empolgante que outro detalhe técnico e graciosamente cautelosa quando deve ser.

Já a montagem é desastrosamente confusa, sem vida e com uma gama curta de detalhes que a torna incompleta e preguiçosa. As sequências de perseguição não apresentam conteúdo e a mises en scène é confusa e sem a inspiração de causar um perigo. E, pra alucinar no mais pejorativo sentido da palavra, a urgência está distante de parecer assustadora, já que traz atos de tensão com câmeras tremidas, o que prejudica ainda mais a forma de linguagem do gênero.

Por conseguinte, Inferno não acrescenta inovação na franquia e nem se inspira narrativamente em um roteiro original. No entanto, mesmo com situações ridículas, como o personagem que carrega em mãos a bomba que destrói a raça humana e que ainda assim não possui nenhum diálogo, o filme se torna divertido devido ao mistério estilo Scooby-Doo em que Dan Brown se inspira.



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