"Minha Mãe É Uma Peça 2" (Brasil) |
Paulo Gustavo é um dos maiores humoristas de mídia da atualidade. Soube consolidar seu estilo de humor e ramificar suas vertentes. Assim foi com o sucesso ‘Minha Mãe É Uma Peça' que chegou aos cinemas com sucesso numeroso. A continuação do que um dia chamaremos de franquia não ousa e espelha muito de seu antecessor, mas continua igualmente divertida.
Iniciando após um pequeno hiato, Dona Hermínia já está consolidada em seu programa de TV, mudou de apartamento e segue uma vida tranquila. E a primeira diferença não demora para se tornar visível; o roteiro se preocupa com mais focos. Com a ausência momentânea dos filhos, não teme incluir uma personagem nova na história. A irmã Lúcia Helena (Patricya Travassos) tem participações, por mais que subestimadas, funcionais que entregam ao filme um novo compromisso – afinal, é preciso trabalhar seus novos traços de humor. E, entre o exagero (já conhecido) e o desuso, há um personagem crível em questão.
E a reutilização de personagens oscila de modo pontual – ou surgem para dar luz a uma piada específica, ou para justificar os caminhos da trama. Mas sua breve vontade de reconfigurar personalidades já apresentadas se torna um ótimo recurso de respiro para além do óbvio, como a bissexualidade de Juliano (que rende cenas hilárias, até mesmo de cunho social) e a determinação profissional de Marcelina (por mais que suas piadas não sejam tão diferentes).
A descentralização da casa também é interessante, dessa vez oscilando entre o programa de TV, a casa nova; mais para frente, entre Niterói e São Paulo. Essa ampliação permite que muito mais espaços sejam abordados, e isso gera a sensação levemente benéfica de que não há muita programação de roteiro; o filme não se preocupa se dentro de cinco segundos, saltou de cidade. É claro que banaliza o distanciamento e quebra qualquer drama real que Dona Hermínia parece sofrer. Mas estamos falando de uma trama que se atém somente ao humor, e que não liga muito para essas conexões.
Aliás, seu principal déficit com o anterior é justamente ao não convencer que se preocupa ao dramalhão que incita brevemente. No começo até se constrói algo real em torno da Tia Zélia (Suely Franco), mas antes mesmo da cena acabar o “desenho emocional” enfraquece a ideia – ainda mais quando a trama é interrompida para causar algum tipo de reflexão. Mas como é crucial que esse “núcleo” estivesse presente, talvez fosse melhor ter ido atrás de um destino menos brusco.
Seu final deixa uma curiosidade muito humorada quanto ao que pode vir depois. E, embora pareça complicado de acontecer, um terceiro filme não seria má ideia. O comodismo para com esse formato específico de humor ainda é bem-vindo, porque, afinal, é divertido. E, por enquanto, isso é suficiente para que Paulo Gustavo continue nas telas e nos teatros.
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