Pular para o conteúdo principal

Rogue One: Uma História Star Wars (2016) | Uma esperança quase nova

Resultado de imagem para rogue one poster
Rogue One - a Star Wars Story (EUA)
‘Star Wars’ é daquele tipo de saga que não vai, e nem tem porquê, esgotar. Assim como ‘Harry Potter’ e ‘Senhor dos Anéis’, estamos falando de histórias inseridas em universos muito maiores que as próprias, e, por isso, potencialmente férteis. ‘Rogue One’ surge desse princípio e chega, principalmente, para dar à ‘Star Wars’ uma consistência deixada de lado no início da saga por conta de um enredo que foi suficiente à época.

Até então não me conformo que “O Retorno de Jedi” tenha repetido a Estrela da Morte como despertar dramático. Ter esse mesmo elemento como “destaque” aqui foi o meu primeiro grande temor. No entanto, a clareza com que envolve isso em um contexto político desde sua primeira cena torna a ideia muito mais real, esvaindo-se parcialmente de contextos óbvios – mas não esconde se usar disso para construir sua “protagonista”.

Seu desenrolar, porém, soa brusco. Por ter personagens temporários (afinal, é uma história que não precisa ser continuada), o roteiro não perde muito justificando seus personagens – surgem do nada como uma parcela da rebelião e se inserem na grande missão em questão. Se por um lado confirma a urgência de um movimento “marginal” consolidado sem muita organização, por outro, banaliza a própria rebelião como uma grande força de ideais. E as nuances previsíveis (principalmente por usar o velho formato do “estávamos errados”) danificam sua conclusão heroica.

No entanto, há muito o que comemorar. Sendo um espelho emocionante do clima da saga, ‘Rogue One’ sabe oscilar entre o futuro de “Despertar” e o passado de “Uma Nova Esperança”. Ainda mais ao colocar uma protagonista que difere dos já apresentados com uma breve complexidade – sua inclusão no enredo perde organicidade por conta do próprio roteiro que desenha tudo antes, mas há uma transição atraente no meio disso.

A trifurcação de seu antagonismo, mais uma vez, é uma ideia interessante. A inserção de Krennic (Ben Mendelsohn em atuação suficiente) como uma ponte entre as crises do Império e a Rebelião dramatiza o processo. Mas seu aproveitamento fica somente por aí, invalidando o raciocínio operacional do qual é incumbido. Como, por exemplo, ao não se preparar para a invasão da rebelião e não proteger os dados cruciais do Império. Não sei o que é mais difícil de acreditar: se é descuido diante a criação das crises ou se o roteiro prefere inferiorizar a inteligência de um personagem como terceira mão de Darth Vader. 

Crítica: Rogue One: Uma História Star Wars (2016)

Uma esperança quase nova


Mas o que ‘Rogue One’ tem de mais grandioso é sua conclusão que transcende a própria catarse, levando a emoção ao nível máximo – o diretor Gareth Edwards, por pouco, não se excede. Primeiramente por conseguir projetar dentro da história, pela primeira vez, o real sentimento de uma rebelião contra o Império (e todas as metáforas reais inclusas). E, diferente da abordagem unicamente heroica do IV, esse traz a urgência de um ideal. Não é só a guerra pela guerra, e, inclusive, é brilhante que aqui não exista qualquer felicidade mesmo com o resultado que conhecemos. E, mesmo preocupado demais com impactos megalomaníacos, as percas da “batalha” domam a emoção – para logo depois se transformar em histeria coletiva muito bem posicionada: surge, literalmente, a nova esperança. E, como espectadores que seguem a jornada, podemos nos alegrar novamente. ‘Rogue One’ entrega a ‘Star Wars’ uma emoção que faltava aos sacrifícios da conquista.

É um final tão emocionante que, brilhantemente, relativiza a aventura morna que lhe precede. 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Morte do Demônio (2013) | Reimaginação do "Conto Demoníaco"

The Evil Dead (EUA) Em 1981, Sam Raimi conseguiu realizar algo extraordinário. Com um orçamento baixíssimo (em volta de 1,5 mil), o diretor reinventou os filmes idealizados dentro de uma cabana com jovens e demônios. Além disso, ainda conseguiu fãs por todo o planeta que apreciavam a maneira simples e assustadora que o longa fora realizado. Em 2009, Raimi entrou em contato com Fede Alvarez por seu recente curta-metragem viral que rolava pela internet. A conversa acabou resultando na id eia de uma reinvenção do “conto” original de 1981. Liberdade foi dada à Alvarez para que tomasse conta da história. Percebe-se, a início, a garra deste para uma boa adaptação, no entanto, ainda peca por alguns problemas graves percebíveis tanto para quem é ou não é fã do original. Ao que tudo indicava, seria um Reboot. Mas se trata, na realidade, de uma (aparentemente) continuação audaciosa. A audácia já começa no pôster de divulgação: “O Filme Mais Aterrorizante que Você Verá Nesta Vida”...

Anúncio Oficial [Duas Faces do Cinema: Quarto Ato]

Desde que nós dois, Arthur Gadelha e Gabriel Amora, sentamos para decidir o nome do blog de cinema que escreveríamos a partir dali, e entramos no acordo que “Duas Faces do Cinema” intitularia o projeto, já sabíamos, mesmo sem dizer um para o outro, que ele não perduraria para sempre; não como principal. No entanto, assim que lançado, ainda com um fundo preto e branco, separando o casal principal do grande vencedor do Oscar, “O Artista”, a marca “Duas Faces do Cinema” ganhava espaço entre amigos e familiares.

O Retrato de Dorian Gray | Os segredos de Dorian

Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde nasceu em 1854 em Dublin, estudou na Trinity College de Dublin e, posteriormente, no Magdalen College em Oxford. Seu único romance foi O retrato de Dorian Gray e seu sucesso como dramaturgo foi efêmero. Morreu em 1900 em Paris, três anos após ter sido libertado da prisão por ter sido pego em flagrante indecência.  O retrato de Dorian Gray foi publicado pela primeira vez em 1891 em formato de livro em uma versão bastante modificada do romance original de Oscar Wilde, pois foi considerado muito ousado para sua época. Já tinha sido editado quando publicado em série na revista literária Lippincott’s em 1890 e depois ainda foi alterado pelo próprio Wilde, que em resposta às duras críticas, fez sua própria edição para a publicação em livro. Estamos falando de uma Inglaterra do século XIX bastante tradicionalista e preconceituosa, assim, a versão original, tirada do manuscrito de Wilde, nunca havia vindo a público. Nicholas Frankel, professor de I...