Rogue One - a Star Wars Story (EUA) |
Até
então não me conformo que “O Retorno de Jedi” tenha repetido a Estrela da Morte
como despertar dramático. Ter esse mesmo elemento como “destaque” aqui foi o
meu primeiro grande temor. No entanto, a clareza com que envolve isso em um contexto
político desde sua primeira cena torna a ideia muito mais real, esvaindo-se parcialmente
de contextos óbvios – mas não esconde se usar disso para construir sua “protagonista”.
Seu
desenrolar, porém, soa brusco. Por ter personagens temporários (afinal, é uma
história que não precisa ser continuada), o roteiro não perde muito justificando seus personagens – surgem do nada como uma parcela da rebelião e
se inserem na grande missão em questão. Se por um lado confirma a urgência de
um movimento “marginal” consolidado sem muita organização, por outro, banaliza
a própria rebelião como uma grande força de ideais. E as nuances previsíveis
(principalmente por usar o velho formato do “estávamos errados”) danificam sua
conclusão heroica.
No
entanto, há muito o que comemorar. Sendo um espelho emocionante do clima da saga,
‘Rogue One’ sabe oscilar entre o futuro de “Despertar” e o passado de “Uma Nova
Esperança”. Ainda mais ao colocar uma protagonista que difere dos já
apresentados com uma breve complexidade – sua inclusão no enredo perde organicidade
por conta do próprio roteiro que desenha tudo antes, mas há uma transição atraente
no meio disso.
A
trifurcação de seu antagonismo, mais uma vez, é uma ideia interessante. A inserção de Krennic
(Ben Mendelsohn em atuação suficiente) como uma ponte entre as crises do
Império e a Rebelião dramatiza o processo. Mas seu aproveitamento fica somente
por aí, invalidando o raciocínio operacional do qual é incumbido. Como, por
exemplo, ao não se preparar para a invasão da rebelião e não proteger os dados
cruciais do Império. Não sei o que é mais difícil de acreditar: se é descuido diante a criação das crises ou se o
roteiro prefere inferiorizar a inteligência de um personagem como terceira mão de Darth Vader.
Crítica: Rogue One: Uma História Star Wars (2016)
Uma esperança quase nova
Mas
o que ‘Rogue One’ tem de mais grandioso é sua conclusão que transcende a
própria catarse, levando a emoção ao nível máximo – o diretor Gareth Edwards,
por pouco, não se excede. Primeiramente por conseguir projetar dentro da
história, pela primeira vez, o real sentimento de uma rebelião contra o Império
(e todas as metáforas reais inclusas). E, diferente da abordagem unicamente
heroica do IV, esse traz a urgência de um ideal. Não é só a guerra pela guerra,
e, inclusive, é brilhante que aqui não exista qualquer felicidade mesmo com o
resultado que conhecemos. E, mesmo preocupado demais com impactos
megalomaníacos, as percas da “batalha” domam a emoção – para logo depois se
transformar em histeria coletiva muito bem posicionada: surge, literalmente, a
nova esperança. E, como espectadores que seguem a jornada, podemos nos alegrar
novamente. ‘Rogue One’ entrega a ‘Star Wars’ uma emoção que faltava aos
sacrifícios da conquista.
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