Pular para o conteúdo principal

A Cidade Onde Envelheço (2017) | Quem somos? Para onde vamos?

Imagem relacionada
Resultado de imagem para A Cidade Onde Envelheço poster
A Cidade Onde Envelheço (Brasil)
A portuguesa Francisca vive em Belo Horizonte há algum tempo, trabalha em um restaurante português, têm bons amigos e um namorado que sente total sintonia. No entanto, a personagem ainda não se relaciona com o espírito do brasileiro; Principalmente com o jovem que está sem preocupações sobre a busca da identidade que lhe justifique. Francisca recebe Teresa, uma colega antiga de seu país natal. As amigas passam a morar juntas, e as inconformidades são desenvolvidas excitadamente por Marilia Rocha, a diretora deste enigmático longa-metragem. 

Na obviedade, Brasil e Portugal são irmãos. Os países usam a mesma língua, compartilham dos mesmos conflitos e costumes. Francisca e Teresa, com as idades similares e espíritos conflituosos, demonstram, então, a essência do despertar de uma fase adulta inesperada. Um conceito alucinante, mas já usado por demais em outros filmes.

A diferença aqui é o tratamento destes temas tão contemporâneos. Enquanto Francisca busca a fuga na nação verde e amarela, Teresa aborda a mais pura essência da juventude que precisa ser efusiva e ao mesmo tempo inconformada.

Com tais conceitos, a diretora mostra a incerteza que muitos têm com a indagação: onde vamos ficar até o fim de nossos dias? A estrutura sem tramas e atritos permite a espontaneidade das atrizes que narram de modo improvisado a relação e construção da dupla nesta amálgama de sentimentos.

Com isto, a obra ainda brinca e aposta em conceitos que pertencem aos casos das ruas e aos movimentos urbanos dos jovens que desfrutam de cotidianos bagunçados, sem relacionamentos fixos que possam ser taxados de “namoro”, com muitos cenários e ambientes que convencem a construção. As brincadeiras são intimas e as personagens, com muito vinho e músicas contemplativas, aduzem sensações de angustias e de adaptações, a fim de aumentar a alegoria do roteiro.

Por conseguinte, Marília cria em suas cenas despretensiosas inúmeros significados pessoais para as protagonistas e público, algo que constrói o riso com os diálogos naturais e envolventes da juventude que sabe o que quer fazer no hoje; Mas que não pensa no amanhã. Estes momentos partilhados, graças ao roteiro, montagem e trilha sonora, são enriquecedores para o cinema brasileiro e para o jovem millennial.  


Crítica - A Cidade Onde Envelheço (2017)

Quem somos? Para onde vamos?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Morte do Demônio (2013) | Reimaginação do "Conto Demoníaco"

The Evil Dead (EUA) Em 1981, Sam Raimi conseguiu realizar algo extraordinário. Com um orçamento baixíssimo (em volta de 1,5 mil), o diretor reinventou os filmes idealizados dentro de uma cabana com jovens e demônios. Além disso, ainda conseguiu fãs por todo o planeta que apreciavam a maneira simples e assustadora que o longa fora realizado. Em 2009, Raimi entrou em contato com Fede Alvarez por seu recente curta-metragem viral que rolava pela internet. A conversa acabou resultando na id eia de uma reinvenção do “conto” original de 1981. Liberdade foi dada à Alvarez para que tomasse conta da história. Percebe-se, a início, a garra deste para uma boa adaptação, no entanto, ainda peca por alguns problemas graves percebíveis tanto para quem é ou não é fã do original. Ao que tudo indicava, seria um Reboot. Mas se trata, na realidade, de uma (aparentemente) continuação audaciosa. A audácia já começa no pôster de divulgação: “O Filme Mais Aterrorizante que Você Verá Nesta Vida”...

Anúncio Oficial [Duas Faces do Cinema: Quarto Ato]

Desde que nós dois, Arthur Gadelha e Gabriel Amora, sentamos para decidir o nome do blog de cinema que escreveríamos a partir dali, e entramos no acordo que “Duas Faces do Cinema” intitularia o projeto, já sabíamos, mesmo sem dizer um para o outro, que ele não perduraria para sempre; não como principal. No entanto, assim que lançado, ainda com um fundo preto e branco, separando o casal principal do grande vencedor do Oscar, “O Artista”, a marca “Duas Faces do Cinema” ganhava espaço entre amigos e familiares.

O Retrato de Dorian Gray | Os segredos de Dorian

Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde nasceu em 1854 em Dublin, estudou na Trinity College de Dublin e, posteriormente, no Magdalen College em Oxford. Seu único romance foi O retrato de Dorian Gray e seu sucesso como dramaturgo foi efêmero. Morreu em 1900 em Paris, três anos após ter sido libertado da prisão por ter sido pego em flagrante indecência.  O retrato de Dorian Gray foi publicado pela primeira vez em 1891 em formato de livro em uma versão bastante modificada do romance original de Oscar Wilde, pois foi considerado muito ousado para sua época. Já tinha sido editado quando publicado em série na revista literária Lippincott’s em 1890 e depois ainda foi alterado pelo próprio Wilde, que em resposta às duras críticas, fez sua própria edição para a publicação em livro. Estamos falando de uma Inglaterra do século XIX bastante tradicionalista e preconceituosa, assim, a versão original, tirada do manuscrito de Wilde, nunca havia vindo a público. Nicholas Frankel, professor de I...