Do
momento que se iniciou a divulgação de trailers de A Cura, muitas expectativas
foram criadas entorno. Antes mesmo da sua estreia, o filme já chamava atenção devido
sua estética e o ar de suspense e terror. O diretor Gore Verbinski, que já
experimentou o gênero em O Chamado (2002), dessa vez apostou em um terror
psicológico que, em contrapartida, se mostrou deveras superficial.
A
Cura é um dos filmes que tem grande potencial, mas não aproveita as
oportunidades para trabalhar o roteiro. A trama cumpre com a missão de envolver
o público logo no início, tecendo um tom misterioso, o qual desperta a curiosidade
do espectador. O primeiro ato abrange o equilíbrio entre a construção estética
e o teor de suspense.
Esse
equilíbrio, porém, fica restrito apenas às primeiras sequências. Quando o longa
tem a necessidade de desenvolver a sua história, o roteiro de Justin Haythe
fica obcecado em criar um mistério que perdure todos os 127 minutos de
projeção. E, ainda que o protagonista interpretado por Dane DeHaan se esforce, os diálogos
expositivos tornam o filme enfadonho e cansativo, testando a paciência de quem está
assistindo. Neste ponto, nem mesmo a impecável fotografia e beleza estética
sustenta a mediocridade do roteiro.
Já
na metade da obra, fica bem óbvio o que está acontecendo ali, mas o diretor insiste em trazer um suspense onde não existe, pois a superficialidade do texto
trouxe consigo a previsibilidade, o que é agravado pelas tantas referências que
Verbinski fez questão de expor.
À
medida que o filme vai se construindo, a sensação de “eu já vi isso antes” surge.
O que faz questionar se A Cura não é apenas um aglomerado de referências – as
quais vão desde O Bebê de Rosemary (1968) até O Iluminado (1980) – que se perde e fica preso
num clichê sem identidade.
Mas,
ainda que de forma muito mal aproveitada, A Cura traz consigo uma discussão que
questiona a compulsão por trabalho, o estilo de vida workaholic e suas consequências. O que poderia ser um ótimo terror
psicológico dos últimos anos, acaba sendo apenas mais um filme frívolo, que
cairá no esquecimento assim que o espectador sair da sala de cinema.
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