Fifty Shades Darker (EUA) |
Esta sequência toma lugar poucos passos depois do primeiro "Cinquenta Tons", encerrado previamente em grande cliffhanger narrativo. Tendo isto em vista, Jamie Dornan (dos seriados "The Fall" e "Once Upon a Time") e Dakota Johnson ("Como ser Solteira", 2016) retornam como a dupla principal, seguindo uma trama que pretende explorar mais a relação entre os dois, agora com maior foco no passado de Grey e na dominância feminina de Anastasia, e apresentando melhor alguns personagens já citados previamente.
No entanto, tal como seu predecessor, "Tons Mais Escuros" não consegue decolar em 118 minutos de filme. Seus personagens problemáticos, os diálogos superficiais e a ausência de um clímax competente o tornam um entretenimento vazio, focado quase sempre nas cenas eróticas pseudo-violentas que glamourizam sadomasoquismo ao som de música pop internacional. É basicamente um grande vídeo de música sensual "ao extremo", com um romance mal elaborado atrapalhando.
A praticamente única diferença relevante do longa-metragem está num foco maior em cenas românticas, como a que embala "I Don't Wanna Live Forever", música-tema do filme, interpretada pelos astros Zayn e Taylor Swift, que surpreendentemente não envolve uma sequência de sexo. Mas, ainda assim, nada funciona por muito tempo: os diálogos realmente são vazios para a trama — chegando ao cômico — e as falhas são diversas, como na péssima sequência inicial, que aposta em flashes de um arco não revisitado durante todo o resto do filme e até na execução da música "The Scientist", neste caso a cargo de Corinne Bailey Rae, na tentativa de construir melodrama.
É impossível, também, ignorar a ausência de força nos antagonistas interpretados por Kim Basinger ("Dois Caras Legais", 2016; "Los Angeles - Cidade Proibida", 1997) e Eric Johnson ("Valentine Ever After", 2016), cujo tempo em tela de ambos é insuficiente para construir antipatia. Há também uma tentativa de clímax-conflito, cuja resolução ocorre quase tão rápido quanto um estalar de dedos. E Christian Grey, novamente, apresenta-se como um personagem tão problemático quanto confuso e retrógrado, cujo comportamento abusivo tenta ser ofuscado com cenas de Jamie Dornan malhando ou até mesmo numa péssima tentativa de fingir pesadelos.
É inegável, apesar de tudo, que "Cinquenta Tons Mais Escuros" e sua saga não tentam voar muito longe, e nem precisam disto para vender ingressos. Talvez seja divertido acompanhar a playlist que o filme é, ou ver as cenas "quentes" forçadamente sexy com o(a) seu(sua) companheiro(a) amoroso(a). Mas aceitar isto como algo ótimo é vender-se muito fácil à indústria e assumir um nível de artificialidade tão tosco que beira ao irreal romance à palmadas de Grey e Steele. Já fomos mais complexos, e alguns roteiros cinematográficos também.
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