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X-Men: O Confronto Final (2006) | Fiel em sua proposta

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X-Men: The Last Stand (EUA)
Ainda que compreenda o imenso alvoroço em relação ao X-Men: O Confronto Final, dirigido por Brett Ratner, com argumentos interessantes sobre o excesso de personagens e muito drama para pouca ação, não compro o apocalipse plantado no filme. Discussões cinematográficas, como a narrativa e o roteiro são essenciais em qualquer filme, independente de gênero, ainda que em quesito adaptações, o cinema sempre vai ficar atrás do material de origem. Nos basta apreciar as duas mídias. 

Dito isto, quando Ratner foi anunciado como o clone de Bryan Singer, a série dos mutantes se distanciou da segurança e unanimidade em quesito qualidade. A comparação é injusta, apesar do trabalho subestimado de Ratner diante da franquia.

Desse modo, a terceira parte segue a linha deixada por Singer em 2003 com perfeição, ao utilizar de bons materiais da nona arte, ao trabalhar com uma ligação invejável de ação e drama e, por fim, ao ser elegante com temas tão atuais e assustadores que vivemos neste mundo de intolerância.


O filme já começa com o maior nível dramático da trilogia. Logo após os eventos fúnebres do segundo, o cineasta traça duas tramas que se encontram de forma habilidosa no clímax, com direito a bastante ação, é claro. O conflito da cura, uma apologia criminosa que nos persegue com tanta opressão nessa sociedade, e o retorno de Jean Grey, como a Fênix Negra, uma entidade que, apesar de pouco fiel, rima perfeitamente com o universo já estabelecido nos anteriores.

Os personagens retornam e, com isto, Simon Kinberg oferece em seu roteiro as situações mais trágicas e dramáticas da franquia, o que acaba por resultar em atuações mais esforçadas e desesperadas em sair do padrão hollywoodiano que prende os astros de ação fora do compartilhamento de emoções. Hugh Jackman, por exemplo, com toda a sua amálgama de sentimentos, surge com menos humor e mais sinais de dor em perder aqueles que ama. O mesmo pode ser dito para Halle Berry que se esforça em ser uma líder com compaixão e o resultado daquilo que sofreu.

Além disto, todo o elenco se compromete em reforçar o drama vivido por eles. Anna Paquin é outro elemento curioso que, mesmo com poucos diálogos, surpreende com um drama sincero que exibe bastante vida em um simples ato de assistir as notícias da televisão, o que traz relações intimas para o espectador que entende a metáfora e a angustia daqueles personagens.

Contudo, Retner ainda brinca com relações atuais que nos assombram, seja com as discussões sobre a “cura” ou com filosofias que levam o público a refletir sobre determinadas atitudes dos heróis, como aqueles que buscam no medicamento a aceitação por parte dos demais. A receptividade retorna como algo retirado das páginas de Jack Kirby e, com bastante elegância, o roteiro aposta em apologias gritantes sobre até onde vamos para nos adaptar, o que fazemos para sermos aceitos e qual a necessidade de lutar pelos que não se importam. Um mergulho inteligente que os quadrinhos geraram e que, independente de fidelidade, o cinema abraçou.

O material de design de produção é outro elemento que merece grande destaque. Como ponto de partida: a maquiagem, que evolui a cada filme e que constrói camadas importantes aos personagens, como ao novato Fera, interpretado por Kelsey Grammer, que possui um drama curto, mas ao mesmo tempo sincero, como na sequência em que o personagem por poucos segundos encontra a chance de se tornar “normal”, o que resulta em um olhar que traz emoção e honestidade com o drama.

Além disto, a trilha poderosa de John Powell aumenta todos os pontos tocantes dos personagens. A capacidade de envolver os heróis através de seus diálogos e da música concebe energia concentrada em ocasionar impressões inerentes.

Dito isto, a franquia, diferente de outras trilogias, se finda com um capítulo que, assim como o Poderoso Chefão 3, se tornou injustiçado. Os arcos plantados no primeiro se encerram, as atuações se tornam exemplares, os efeitos visuais e sonoros se transformam em parte da narrativa e, por fim, as discussões retornam com uma importância que precisa ser levada em consideração. Precisa mais que isto?

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