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O Poderoso Chefinho (2017) | Comédia animada é pouco marcante

Boss Baby (EUA)
Notável pelo público por seus longa-metragens cheias de comédia e, eventualmente, sentimento, a DreamWorks Animation Studios figura como concorrente direta da Disney, produzindo material de forte peso comercial e qualidade técnica, como as franquias "Shrek" (2001-2010) e "Kung Fu Panda" (2008-2016). Após o bem sucedido "Trolls", lançado em 2016, o estúdio agora entrega, sem muito marketing, o tímido "O Poderoso Chefinho" (2017), encabeçado por Tom McGrath, diretor de todos os filmes da trilogia "Madagascar" (2005-2012). O conteúdo do novo filme, porém, não entrega tanta força e sucesso quanto os já aqui citados.

Quando o pequeno Tim Templeton (Miles Chistopher Bakshi/ Tobey Maguire), até então filho único do atencioso casal Janice (Lisa Kudrow) e Ted (Jimmy Kimmel), recebe a notícia de que ganhará um irmão, sua recepção não é nada positiva. E quando o bebê de fato chega, em um táxi, usando terninho e portando consigo uma maleta, Tim parece ser o único a levantar suspeitas. Observando-o com desconfiança, o garoto descobre que o falante bebê secretamente é o poderoso chefinho (Alec Baldwin) da empresa responsável pela origem dos nenéns, que está em missão secreta para descobrir os planos malignos de uma concorrente que tem desviado o "amor" aos bebês para cães de estimação.

Apesar do gênero da produção permitir empreitadas imaginativas, a premissa do longa-metragem é, em suma, bastante absurda. Tendo isto em consideração, uma boa saída para o roteirista Michael McCullers ("As Aventuras de Peabody & Sherman", 2014; "Austin Powers: O Agente Bond Cama", 1999) seria conduzir este teor de forma humorada, o que infelizmente não ocorre com destaque em "O Poderoso Chefinho". Muitas piadas estão envoltas no limitado clichè envolvendo o comportamento de crianças pequenas, o que torna-se repetitivo durante a trama, apesar de não ser a única alternativa utilizada; algumas boas sacadas consistem em referências aos clássicos "O Senhor dos Aneis" (2001-2003), "Mary Poppins" (1964), "Peter Pan" (1953) e até "O Exorcista" (1973). No entanto, há carência de alguma substância, mesmo em seu arco de caráter emotivo, que parece centrar-se bem mais no imaturo público infantil do que no geral; atitude contrária a diversas outras produções do estúdio que atingiram êxito em recepção. Talvez a trama deste filme só sirva, de fato, para atingir crianças que em breve vão ganhar um irmão ou irmã, tornando-se um esforço descartável em meio a uma fase de clássicos instantâneos.

Crítica: O Poderoso Chefinho (2017)

Comédia animada é pouco marcante


O visual, apesar de tudo, atinge êxito em seu conceito e design de produção. As sequências de fantasia do personagem Tim, todas conduzidas em 2D, trazem um belíssimo trabalho dos artistas por trás da computação gráfica e dos bem aplicados efeitos em 3D. Há um bom aproveitamento da atmosfera sessentista (período da trama), com alguns traços herdados do prévio mundo neo-vintage de "As Aventuras de Peabody & Sherman" (que, apesar de bem mediano, ainda alcança maior teor emocional do que esta produção recente). A música, a cargo de Hans Zimmer ("The Last Face", 2016) e Steve Mazzaro, busca tirar bom proveito da ambientação temporal, optando por reproduzir as canções "Blackbird", da The Beatles, e "Cheek to Cheek", do musical "Top Hat" (1935), como principais temas do filme.

Sem a forte pegada cômica de "Shrek" (2001) e "Madagascar" (2005), e também sem a eficaz carga dramática de "Como Treinar o Seu Dragão" (2010) e "A Origem dos Guardiões" (2012), "O Poderoso Chefinho"  resulta tal como um filler na filmografia da DreamWorks Animation. Praticamente mediano, entrega um entretenimento agradável, mas pouco marcante, e sem alma ou potencial suficiente para conquistar uma franquia própria ou algum destaque entre seus filmes irmãos.



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