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Cannes 2017: A segunda recepção calorosa de Todd Haynes

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O americano Todd Haynes foi premiado já na primeira vez que pisou em Cannes. O prêmio de Contribuição Artística foi entregue em 1998 por Velvet Goldmine, uma ambiciosa história de investigação e sexualidade que chamou atenção por onde passou. E cinco trabalhos depois, 17 anos mais tarde, 'Carol' jogou novamente Haynes no auge da atenção mundial. Levando o prêmio de atriz em Cannes 2016, o filme alçou voo até "parar" na premiação da Academia.

+ Crítica: Carol (2015)

Haynes não esperou muito para retornar; esse ano, com o misterioso 'Wonderstruck' (Sem Fôlego, na tradução brasileira), concorre novamente à Palma de Ouro. O pequeno extrato divulgado previamente no site do Festival entrega um clima que oscila por uma estética essencialmente sonora; há um ritmo nessa pequena cena que jamais vimos em outras de suas obras. E esse é o principal destaque da maioria das críticas, reviews e primeiras impressões que o filme veio recebendo após sua primeira exibição mundial no famoso Grand Théâtre Lumière. 

O filme é uma história sobre duas crianças que vivem em tempos bem distintos. Em 1927, uma menina surda que vive em New Jersey viaja para Nova York atrás de uma famosa atriz. Já em 1977, um garoto órfão torna-se surdo após um acidente e foge para Nova York atrás de seu passado. Curioso imaginar os entre laços dessas histórias. (Confira as críticas completas clicando no Portal)

Francisco Russo, crítico do AdoroCinema, expressou sua opinião positiva logo após sair da sessão pelo Instagram do portal:

"É um filme completamente diferente dos outros que o Todd Haynes fez, por mais que também tenha um lado estético bastante forte, e o mais interessante dele é a estrutura narrativa muito complexa e muito elaborada. E também uma grande homenagem ao cinema mudo"

Rodrigo Fonseca, do Almanaque Virtual, aponta para a Premiação:

"Cannes inteiro está chorando por esse filme, já estão até falando em Palma de Ouro. Pela beleza visual, pela homenagem que ele faz ao cinema. E, mais do que isso, um filme que fala totalmente a linguagem do presidente do júri, Pedro Almodóvar"

Abaixo, confira alguns trechos dos comentários sobre o filme que saíram na mídia internacional.


"Haynes assume riscos. A história de Rose é apresentada como um filme mudo virtual, e longos trechos do filme não contém diálogo [...] E quando os dois tópicos de sua história finalmente se cruzam, também brilha com uma liberação emocional merecida." 


"Escrito pelo autor de "Hugo", o filme é amarrado ao nascimento de museus de forma semelhante ao que ‘Hugo’ foi ao nascimento do filme. [...] uma fábula impecavelmente trabalhada sobre que pessoas de todas as idades possam sair de seus corpos e se conectar com o mundo."


"As principais cenas acontecem em museus, que são locais de maravilha e mistério tentadores para estas crianças, e não em prédios abafados cheios de coisas mortas. Estas são, talvez, as crianças que só são realmente encontradas no cinema e nos livros. Haynes fez um filme de desejo adorável, e você não tem que acreditar para ser atingido por essa maravilha."


"Haynes gosta muito de brincar com a textura do filme. Uma das histórias é filmada em preto e branco como um filme mudo. Isso funciona bem nas momentos ameaçadores, mais sombrios"

O filme, porém, não se esquivou de críticas agridoces/negativas:


"Wonderstruck às vezes é doce e bem-intencionado, porém mais frequentemente indulgente e arrogante"


"Tudo é sobre as crianças, e por isso tem uma aura de inocência incomum para um filme de Todd Haynes. Mas inocência não é a mesma coisa que a virtude artística. 'Wonderstruck' é um filme que literalmente tenta somar, peça por peça em um quebra-cabeça, mas o quebra-cabeça é menor do que o transporte, porque você ainda pode ver todas as costuras."

Cannes 2017: A segunda recepção calorosa de Todd Haynes

O filme 'Wonderstruck' foi exibido hoje (18) em Cannes

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