Baby Driver (EUA) |
Edgar
Wright,
diretor conhecido pela icônica Trilogia Corneto e Scott Pilgrim Contra
o Mundo, retornou. Depois de sua demissão inexplicável na Marvel e de
quatro anos sem lançar nenhuma obra, o diretor nos presenteia Baby
Driver, que, além de um longa-metragem brilhante, é uma homenagem aos
clássicos filmes de perseguição de carro e aos cinéfilos contemporâneos que,
com obras como estas, aprendem muito sobre cinema.
Baby, vivido
por Ansel Elgort, é um jovem motorista talentoso que trabalha para
uma organização de ladrões de bancos encabeçada por Doc, interpretado por Kevin
Spacey. Durante as reuniões do grupo, uma tensão se estabiliza entre o
protagonista e os bandidos, uma vez que Baby possui a responsabilidade de
conduzir o carro após os assaltos. Jamie Foxx, deste modo,
interpreta Bats, o sociopata do grupo que, durante os atos do filme, ajuda na
criação de expectativa e na transformação da obra, dado que vira algo mais elegante
que os vários clichês ditos nessa breve sinopse.
O primeiro ato,
para a surpresa do público, é quase um musical. Em dez minutos de projeção, o
filme caminha para a sua terceira música com uma naturalidade eficaz e com
contexto dentro da trama, diferentemente de Esquadrão Suicida que,
ao tentar copiar Guardiões da Galáxia, deixou a música sem
conectividade com o roteiro. Baby Driver se assume, sem
vergonha alguma, como um musical com carros e com liberdade para danças em
planos sequências, como aquele da calçada que lembra muito o recente La
La Land.
Em seguida, as
cenas de perseguição surgem com uma inspiração invejosa. Desde À Prova
de Morte as sequências de carro não empolgavam tanto, já que ambos
trazem uma música pop e planos abertos dos carros se batendo, ao contrário
de Mad Max: Estrada da Fúria, outro homenageado em certo momento,
que tem uma carga épica de filme de guerra, o que o faz com total eficiência e
maestria. Já Baby Driver, no entanto, se concentra na perseguição
limpa, sem destruições ou explosões.
O segundo ato,
deste modo, se torna um Pulp Fiction moderno, graças à direção
de atores que compreende a psicopatia de cada personagem e as consequências de
seus atos. Os vilões, construídos na base da paciência, tornam o filme
surpreendentemente tenso e assustador, como na sequência da lanchonete que
rivaliza com o final icônico do filme lançado por Quentin Tarantino em
1994.
Com isto, a
cinematografia exposta por Wright é um deleite sem fim. As cenas de
perseguição, que no começo são belas, se tornam sujas com o passar dos atos, o
que inclui tiroteio, muito sangue e uma música para cada momento. Para isto, o
diretor e seus montadores Paul Machliss e Jonathan
Amos executam um trabalho de gênio. A escolha de cenas, junto com a
fotografia e mise en scène, fazem total sentido, mesmo quando tudo está caótico.
Já a edição de
som exibe o primoroso papel de casar a música com os movimentos dos carros e
tiros de forma eficaz, uma vez que o som oferece sustos intensos. Já a mixagem
de som brinca com as caixas do cinema, enquanto que um som fica mais alto ou
abafado que o outro. Por último, a direção de arte estilo noir oferece um
desenvolvimento a mais no roteiro que, desde o segundo ato, nos surpreende sem
ser óbvio.
Wright, por
conseguinte, entrega uma viagem que cumpre o papel de ser cinema de
qualidade. Depois de tantas refilmagens, reboots e continuações, Baby
Driver é um respiro para quem admira a sétima arte atualmente. O filme
merece, além de ser visto por todos, uma indicação para quem se desinteressou pela
técnica, dado que muitos apontam ter virado produto comercial para
Hollywood.
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