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Planeta dos Macacos: A Guerra (2017) | Filme traz desfecho decente etrabalha ideologias atuais

War for the Planet of the Apes (EUA)
Em meio ao mundo que vivemos hoje, com políticos radicais, destruição da natureza, a rejeição do ser humano por ele mesmo, sem falar das guerras, que muitas vezes não parecem ter o menor sentido, não é incomum diversas distopias surgirem à tona em algumas plataformas. Entre elas, a obra de ficção científica do escritor francês Pierre Boulle, "Planeta dos Macacos", publicada em 1963, pela qual rendeu cinco filmes, entre 1968 e 1973, e um remake em 2001, dirigido por Tim Burton. Com o sucesso recente da temática, a nova franquia de filmes - dirigida primeiramente por Rupert Wyatt (A Origem) e atualmente por Matt Reeves - veio em um bom momento. 


Em "A Guerra", seguindo os acontecimentos que sucederam "Planeta dos Macacos: A Origem" (2011) e "Planeta dos Macacos: O Confronto" (2014), eis que nos deparamos com a batalha final. Após a certeza de que a paz entre humanos e macacos é impossível e a guerra, iminente, só restava aos humanos sobreviventes da gripe símia e aos macacos pegarem suas armas e prepararem as suas estratégias. Liderada pelo Coronel (Woody Harrelson) - personagem ambicioso e impiedoso -, e mostrando nenhuma misericórdia, a raça humana sabe que, mesmo se aceitar o pedido de paz entre humanos e símios, será erradicada. Já para o sobrevivente e ainda líder dos macacos, César, a atuação ficou por conta de Andy Serkis (já conhecido por seu trabalho como Gollum, na franquia "O Senhor dos Anéis"), que faz um trabalho mais que espetacular, o que deixa difícil lembrar, juntamente com os efeitos competentes, que o símio não passa de computação. 

Levando a guerra entre espécies a um novo patamar, a ponto que não torcemos por nossa própria espécie,  e trabalhando de forma bem feita um "possível" futuro da raça humana, o filme abre uma possibilidade de reflexão. Talvez o mundo mereça mesmo ser dos macacos, visto que eles, com certeza, fariam um trabalho mais harmônico e justo que a raça humana. Entretanto, a concepção se torna outra ao vermos César cada vez mais humano. Falante, menos misericordioso, repleto de ódio e vingativo, chegamos a pensar que talvez o planeta não pertença realmente nem aos símios, e que talvez o mundo não mereça nenhum de nós.

Com uma boa trilha sonora e um longo caminho pela frente, a falta de rostos conhecidos (humanos e símios) pode incomodar, além da promessa de uma grande guerra que acaba não ocorrendo, de certa forma. As poucas cenas de ação verdadeiramente quebra a lógica de seu subtítulo, mas entrega todo o resto que uma grande batalha possui: propagandas, mártires, reféns, ideologias extremistas e uma grande quantidade de mortes, além de histórias de guerra que podem por acabar arrancando uma lágrima no meio do caminho. 

"Planeta dos Macacos: A Guerra" não foi meu preferido da franquia, mas suas potencialidades são inegáveis e indiscutíveis. O desfecho tão esperado da busca da "Terra Prometida Símia", que pode ou não se concretizar de fato, não só carrega a ideia de esperança para nós humanos, representada pela pureza e bondade da personagem da atriz mirim Amiah Miller, mas um final ao menos decente para quem esperava ansiosamente um verdadeiro planeta dos macacos.


Crítica: Planeta dos Macacos: A Guerra (2017) 

Filme traz desfecho decente e trabalha ideologias atuais

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