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Transformers: O Último Cavaleiro (2017) | Mais explosões, menos diversão


Transformers: The Last Knight (EUA)
O exagerado diretor Michael Bay ("Pearl Harbor", 2001), conhecido por seu trabalho em filmes de ação cheios de explosões e computação gráfica, tem como principal obra a lucrativa franquia "Transformers" (2007), cujo o quinto filme, "Transformers: O Último Cavaleiro" (2017), marca a última vez em que Bay ocupa uma cadeira de direção na saga dos robôs-carros-alienígenas. Não fugindo muito das últimas produções, o filme mostra mais uma vez que o excesso de cenas de ação e efeitos visuais não são sinônimo de diversão, revelando-se mais um blockbuster megalomaníaco que esquece de um dos principais objetivos do cinema.

Desta vez mergulhando no universo medieval das lendas de "Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda", o longa-metragem traz de volta Mark Wahlberg no papel de Cade Yeager, inventor e amigo dos Autobots e Dinobots que os protege clandestinamente enquanto a Terra é ameaçada pelos malvados Decepticons e Quintessa (voz de Gemma Chan), criadora do já destruído planeta Cybertron, e que quer reconstruí-lo a partir do nosso. Para detê-los, Cade, que é "o escolhido", precisa encontrar o cajado de Merlin (Stanley Tucci), único artefato capaz de impedir esta destruição, contando com a ajuda de Sir Edmund Burton (Anthony Hopkins), cavaleiro de uma ordem secreta que reconhece a existência histórica dos Transformers, e de Viviane Wembly (Laura Haddock), jovem professora da Universidade de Oxford que está conectada aos acontecimentos.

Utilizando-se de muitos arcos narrativos, os eventos deste quinto Transformers parecem tentar misturar diferentes gêneros cinematográficos e transformá-los em densas — e até desnecessárias — cenas de ação, não atingindo êxito em contar uma história de forma eficiente e em sua totalidade, e apenas recortando-a em cenas que podem ser interpretadas como apelativas ou constrangedoras. Pode considerar-se como um filme de ação ou ficção científica, obviamente, mas que tenta beber da comédia, do romance, do épico medieval e até do drama, mas falha nestas tentativas. As cenas românticas, por exemplo, são apressadas, com a "mocinha" apaixonando-se pelo "herói" em menos de um dia; as piadas, por sua vez, só fazem rir em uma ou duas sequências, perdendo-se em meio às perseguições e explosões.

Com tantas cenas-tentativa, o filme torna-se muito cansativo. A montagem, bastante ineficaz, entrega um filme de 149min (quase 2h30min), em que poucas cenas contém diálogos calmos e importantes para o desenvolver da história. Por outro lado, há um uso desnecessário de flashbacks, que aparecem para ilustrar a infância dos personagens e, de maneira forçada, mostrar uma invasão durante a II Guerra Mundial (?). Durante praticamente todo o (longo) filme, os personagens estão brigando, gritando, explodindo, atirando ou em perseguição. Tudo isto ao som de sintetizadores, que assumem lugar de trilha. Chega a ser desconfortável para o espectador e principalmente, ensurdecedor.

O longo elenco do filme tenta ser eficiente, mas cai em arquétipos que prejudicam seu desempenho. Muitos personagens, inclusive, são esquecidos pelo roteiro, dando as caras em somente 1/3 (ou menor tempo) da produção. Alguns são tão superficiais que sabemos apenas uma característica deles, como Jimmy (Jerrod Carmichael), que é apenas um garoto contratado por Cade que ama seu emprego. Destaco positivamente duas atrizes: Isabela Moner, que interpreta Izabela ("Z"), a tradicional garotinha latina bad-ass que não tinha família até conhecer o "herói", e Laura Haddock, a "mocinha/interesse romântico", que pelo menos é inteligente e importante pra história. Anthony Hopkins e Stanley Tucci estão caricatos, e o time de dubladores é limitado por suas frases de ação e a voz robótica dos personagens.

O CGI do filme é bom, e o 3D também (especialmente em IMAX), mas isto não torna a produção competente. "Transformers: O Último Cavaleiro" parece preocupar-se mais em ser violento do que divertido. De trama rasa, ritmo frenético demais, duração desnecessária e som barulhento, o filme é, quase que propositalmente, uma dor de cabeça. Perde a conexão com o espectador, sendo esta a chave para qualquer filme bem sucedido, queira ele preencher perfil de blockbuster ou não. Mais um exemplo clássico de quando prioriza-se a tecnologia para um longa-metragem, e nada mais.


Crítica: Transformers: O Último Cavaleiro (2017) 

Mais explosões, menos diversão

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