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Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (2017) | O sonho que virou pesadelo

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Valerian and the City
of a Thousand Planets (EUA)
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas foi pensado para ser um blockbuster. E com essa classificação, é fácil atingir o público médio do cinema: o grupo de amigos; o casal que assiste filmes esporadicamente; os curiosos. O estranho, porém, é quando nem o público para o qual o filme foi desenvolvido aceita ou gosta do que está vendo. O exemplo disso aconteceu na sessão que assisti Valerian, quando um rapaz saiu no meio da sessão e ainda sentiu a necessidade de xingar o filme para todos que estavam ali. Ele estava decepcionado – e com razão.  

De um sonho antigo do diretor e roteirista Luc Besson, Valerian é uma adaptação dos quadrinhos de ficção científica de 1967, que ganha forma na grande tela com a promessa de entreter o seu público. Isso é o mínimo que se pode esperar de uma trama espacial, com dois atores jovens, raças alienígenas diferentes, contínuo uso de CGI e, claro, da Rihanna.

No entanto, o entretenimento se resume aos primeiros minutos de projeção, isto é, no prólogo e na introdução do planeta de Mühl, na expectativa de que o ritmo se mantenha. Mas basta aparecer o casal de protagonistas, Valerian (Dane Deehan) e Laureline (Cara DeLevigne), para nos darmos conta de que o que vai se proceder a partir dali não vai ser divertido. 

As duas horas e meia de filme se tornam um desafio. O roteiro, com seus diálogos tremendamente expositivos e bobos, não sustenta o peso do drama e dos problemas que os protagonistas estão enfrentando. Somado à má atuação de ambos, Valerian é exaustivo e consegue surpreender não pela boa história, mas pelo uso de piadas machistas, antiquadas e que funcionaria para um público de 15 anos atrás.

E para quem acha que o visual poderia salvar o filme, o CGI é apenas “mais do mesmo”, sem inovações e, em certos momentos, até mal feito, como observamos nos personagens que beiram o aspecto borrachudo e sem graça. E ainda, a narrativa descontínua apresenta elementos esquecidos, cai na previsibilidade e se perde em seu propósito. 

Não frívolo o bastante, o que mais pesa nas falhas do longa de Luc Besson são as oportunidades deixadas de lado. O filme perpassa por muitas situações que renderiam uma boa discussão e até mesmo uma crítica social, como a situação da dançarina Bubble (Rihanna), que vive na clandestinidade, ou o genocídio de uma raça. Tudo isso é ignorado para dar espaço ao romance meia-boca, forçado e sem química do casal.

Valerian e a Cidade dos Mil Planeta dá a sensação de ser aquela comida ruim que já começamos a comer e temos que terminar para não estragar. E mesmo quando termina, deixa um gosto ruim na boca. 

Crítica: Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (2017)

O sonho que virou pesadelo

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