Quando o filme Doentes de amor começou, eu só tinha uma certeza: estava prestes a assistir a uma comédia romântica. Iria soltar uma ou duas risadas e escrever mais uma crítica sobre uma fórmula já usada e abusada na indústria cinematográfica. Entretanto, não só fui completamente enganada pelo título - incrivelmente mal traduzido -, pelo pôster e pela minha própria expectativa, como o filme não poderia se distanciar mais do gênero que jurava que estava classificado. Doentes de amor, do diretor Michael Showalter, foi uma grande e boa surpresa, que pecou em pouco explorar temas com grande potencial, mas ganhou ponto pelo bom trabalho da temática escolhida e, bom, por quase todo o resto.
Baseado em história verdadeira de Kumail Nanjiani e Emily Gordon, creditados como os roteiristas do filme, o longa narra a conturbada trajetória de Kumail (interpretado pelo protagonista da história verdadeira) e Emily (Zoe Kazan), que se conhecem de maneira espontânea e começam a escrever a própria história em linhas tortas. Enquanto a garota não deseja um relacionamento no momento, Kumail, paquistanês que chegou na América adolescente, conhece em todo almoço de família uma possível esposa, escolhidas por sua mãe.
De maneira natural, embora tediosa, ambos se apaixonam e começam um relacionamento cheio de regras e com certa hesitação, mesmo que sem razão específica. Entretanto, o rumo de ambos muda quando Emily descobre as mentiras que seu parceiro tem guardado e quando a garota se percebe vítima de doença misteriosa que, de uma hora para outra, a insere em coma. E é nesse momento que o verdadeiro ouro da história começa a aparecer. Ao receberem a notícia do estado de sua filha, os pais da garota (muito bem interpretados por Ray Romano e Holly Hunter, que rouba a cena no momento em que aparece) vão à Chicago e se deparam com Kumail sem animação, visto que já sabiam da resolução de seu relacionamento com Emily.
Crítica: Doentes de Amor (2017)
Um pouco mais do que simples romance de drama
Desgostosos com a situação da filha e com a presença de Kumail, Beth e Terry - que, diga-se de passagem, já carregavam seus próprios demônios sem terem que lidar com a doença da filha -, se encontram em situação constrangedora e "típica de filme", ainda mais quando percebem que, de certa forma, precisam do garoto por perto, seja para guiá-los para a casa de Emily ou para impedir que nenhum deles cometa qualquer besteira, ato que ambos parecem incrivelmente propícios a fazer.
Doentes de Amor não é o melhor filme que já vi e provavelmente não vai ser o seu. A mistura de gêneros pouco cuidadosa, algumas falhas no roteiro e o foco no relacionamento errado não fazem do filme tão memorável quanto poderia ter sido, mas com certeza garante boa experiência e no mínimo duas horas de entretenimento de qualidade, ainda mais com a atuação de todos do elenco, com destaque para Holly Hunter, que tem grandes chances de brilhar ainda mais daqui pra frente.
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