Assuntos que se relacionam à natureza humana e que abordam o psicológico, por mais contemporâneos que às vezes possam parecer, principalmente em diversos livros e filmes de lançamento recente (como no livro “Objetos Cortantes”, de 2015, ou no filme “Fragmentado”, de 2017), são temas que datam de séculos passados. Em 1886, por exemplo, o inglês Robert Louis Stevenson lançava “O Médico e o Monstro”, um dos livros de terror mais cultuados de todos os tempos.
De forma rápida e com poucos detalhes, somos apresentados por meio da ilustre narração do advogado Sr. Utterson à misteriosa relação entre Dr. Henry Jekyll, médico respeitado e de renome, e Mr. Edward Hyde, homem deformado que “surge” em Londres e que começa a causar suspeitas por seu comportamento agressivo e por desaparecer tão rápido quanto aparece. A trama tem início quando o advogado descobre que o médico, sem motivo aparente ou lógico, coloca o nome de Mr. Hyde em seu testamento.
Quando questionado sobre o assunto, Dr. Jekyll prefere deixar o assunto de lado, e frisa que não há com o que se preocupar. Entretanto, com plena consciência de nunca nem ter visto ambos os personagens juntos, quanto mais em momento de intimidade — visto que Mr. Hyde entrou com grande parte do testamento —, o assunto não se resolve para Sr. Utterson, ainda mais quando, um ano depois, a personalidade violenta de mr. Hyde começa a se transformar em assuntos criminais.
A história é conhecida, de fato, por diversos filmes e peças de teatro que abordam com competência a trama. Entretanto, somente o livro carrega toda a essência principal da narrativa e levanta questionamentos sobre a natureza boa (ou má) do homem em si e o quanto dela possui influência direta com o comportamento humano. O princípio do prazer e o princípio da realidade são trabalhados de forma subjetiva, ampla e com maestria na obra, que carrega pesar psicológico e explora com maestria o gênero.
Desta forma, “O Médico e o Monstro” não só se torna uma das poucas obras de terror que escolhi vencer o medo para conhecer, mas mostra-se um livro de criatividade invejável. No entanto, peca com a ausência de alguns detalhes importantes, como a descrição da aparência física de Mr. Hyde e uma explicação mais direta sobre os subentendidos que o livro envolve.
A escrita gótica de Stevenson não deve ser confundida com um terror qualquer, mas sim comparada e associada como clássico do terror psicológico; ela aborda até o mais profundo instinto humano, atingindo temas como curiosidade, limites e até onde o homem é capaz de ir para pelo menos tentar alcançar o que deseja, assim como as consequências que essa “brincadeira” com o inevitável pode trazer.
Quando entendo o que tá acontecendo:
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