Dark, a primeira série alemã produzida pela Netflix, chamou atenção desde
sua divulgação, já que existiam semelhanças com a sua companheira de casa Stranger
Things. Entretanto, a série não se limita a comparações. Ela surpreende por
envolver uma atmosfera de suspense e tensão em uma temática de ficção
científica, fazendo jus ao nome tanto pelo tom sombrio, como pela complexidade
da trama.
A história se passa em Winden, uma cidade chuvosa, ao lado de uma usina
nuclear em processo de desativação. Mas apesar de pequena, o ar de mistério
envolve os habitantes. Com toques que sugerem o sobrenatural, a trama
surpreendente ao desenvolver uma complexa relação entre presente, passado e
futuro. Além de desenvolver a história de quatro famílias ao longo de três gerações,
amarrando muito bem os conflitos com o crescimento dos personagens através do
tempo.
O roteiro complexo, que mistura gêneros como suspense, policial e ficção
científica, divide o tempo de tela entre vários personagens e trabalha com
diferentes épocas, o que faz ser o grande responsável pela surpresa e destaque
da série. O roteiro também opta por um início mais lento, que contextualiza e
desenvolve os personagens, além de construir expectativa. Ele ainda levanta
perguntas que acompanham toda a trama e usa a busca por respostas para prender
a atenção. Tudo isso para estabelecer uma atmosfera sombria e misteriosa
fundamental para a história.
Outro fator relevante foi a seleção dos atores que dão vida ao mesmo
personagem em diferentes idades ou de pais e filhos. Percebe-se uma semelhança física
entre eles, que facilita a compreensão do enredo nos momentos mais saturados de
informação. Os recursos visuais também têm contribuição essencial para a história. A
escolha de uma fotografia acinzentada e azulada traz esse clima de tensão, sendo
contraposto com uso de cores vivas e saturadas em momentos pontuais, que ajudam
a construir e revelar mudanças nas questões psicológicas dos personagens. A
trilha sonora remete as músicas usadas em filmes de suspenses, apesar de ser
usada de maneira muito forçada, beirando ao clichê e tornando mais evidente a
intenção de criar um clima inquietante.
A série, no entanto, se mostra meio indecisa em relação ao protagonista,
que horas foca em um personagem específico e na outra o mesmo é deixado de
lado. Outro ponto que pode trazer confusão é a quantidade de personagens, que
se soma a demora de relembrar quem são eles, despertando o desejo de ter uma
árvore genealógica, um mapa e um livro de física do lado.
Apesar de acelerar o ritmo nos últimos episódios, a série termina sua primeira
temporada com um gancho bem construído e surpreendente. Fica inevitável criar
expectativas para uma segunda temporada, com possíveis respostas que podem
trazer luz a essa questão tão complexa que é o tempo.
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