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Dark - 1ª temporada (2017) | Uma complexidade que envolve

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Dark, a primeira série alemã produzida pela Netflix, chamou atenção desde sua divulgação, já que existiam semelhanças com a sua companheira de casa Stranger Things. Entretanto, a série não se limita a comparações. Ela surpreende por envolver uma atmosfera de suspense e tensão em uma temática de ficção científica, fazendo jus ao nome tanto pelo tom sombrio, como pela complexidade da trama.

A história se passa em Winden, uma cidade chuvosa, ao lado de uma usina nuclear em processo de desativação. Mas apesar de pequena, o ar de mistério envolve os habitantes. Com toques que sugerem o sobrenatural, a trama surpreendente ao desenvolver uma complexa relação entre presente, passado e futuro. Além de desenvolver a história de quatro famílias ao longo de três gerações, amarrando muito bem os conflitos com o crescimento dos personagens através do tempo.

O roteiro complexo, que mistura gêneros como suspense, policial e ficção científica, divide o tempo de tela entre vários personagens e trabalha com diferentes épocas, o que faz ser o grande responsável pela surpresa e destaque da série. O roteiro também opta por um início mais lento, que contextualiza e desenvolve os personagens, além de construir expectativa. Ele ainda levanta perguntas que acompanham toda a trama e usa a busca por respostas para prender a atenção. Tudo isso para estabelecer uma atmosfera sombria e misteriosa fundamental para a história.

Outro fator relevante foi a seleção dos atores que dão vida ao mesmo personagem em diferentes idades ou de pais e filhos. Percebe-se uma semelhança física entre eles, que facilita a compreensão do enredo nos momentos mais saturados de informação. Os recursos visuais também têm contribuição essencial para a história. A escolha de uma fotografia acinzentada e azulada traz esse clima de tensão, sendo contraposto com uso de cores vivas e saturadas em momentos pontuais, que ajudam a construir e revelar mudanças nas questões psicológicas dos personagens. A trilha sonora remete as músicas usadas em filmes de suspenses, apesar de ser usada de maneira muito forçada, beirando ao clichê e tornando mais evidente a intenção de criar um clima inquietante.

A série, no entanto, se mostra meio indecisa em relação ao protagonista, que horas foca em um personagem específico e na outra o mesmo é deixado de lado. Outro ponto que pode trazer confusão é a quantidade de personagens, que se soma a demora de relembrar quem são eles, despertando o desejo de ter uma árvore genealógica, um mapa e um livro de física do lado.

Apesar de acelerar o ritmo nos últimos episódios, a série termina sua primeira temporada com um gancho bem construído e surpreendente. Fica inevitável criar expectativas para uma segunda temporada, com possíveis respostas que podem trazer luz a essa questão tão complexa que é o tempo.

Crítica: Dark - 1ª temporada (2017)

Uma complexidade que envolve


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