É inegável a popularidade do “cinema de mãe” nas bilheterias modernas. Embarcando nas comédias nacionais (como as duas divertidas produções de Minha Mãe É Uma Peça, lançadas em 2013 e 2016), internacionais (pode-se citar Perfeita É a Mãe 2, que chegou aos cinemas no início deste mesmo mês) e, ocasionalmente, passeando pelo drama (a filmografia do canadense Xavier Dolan não passa despercebida neste tópico), a temática materna tem levado muitas famílias aos cinemas, seja para arrancar risadas com situações relacionáveis ou transformar uma projeção comum em sessão de terapia.
Reconhecendo o quão atraente pode ser um material do tipo, o filme Fala Sério, Mãe! (2017), mais uma adaptação do livro mais vendido da famosa autora Thalita Rebouças, utiliza-se de um caldeirão de clichés para atrair o grande público — sendo Ingrid Guimarães e Larissa Manoela, aqui assumindo os papéis de mãe e filha, as principais iscas da produção.
Parte contado sob perspectiva da mãe, Ângela Cristina (Ingrid Guimarães) e parte sob a da filha, Maria de Lourdes (Larissa Manoela, Duda Batista e Vitória Magalhães, em diferentes faixas etárias da personagem), o filme aposta em unificar gerações ao representar situações típicas deste tipo de relacionamento, desde o período de gestação da filha até o início de seu amadurecimento como jovem adulta. Atravessando pouco mais de uma década em sua narrativa, quase como um longa “coming of age”, os acontecimentos da trama, dentre agradavelmente cômicos e dramaticamente previsíveis, tentam cavar alguma ligação emocional com o espectador — objetivo que acaba sendo conquistado; não pela qualidade do roteiro, mas sim pela universalidade da temática.
Crítica: Fala Sério, Mãe! (2017)
Temática que garante sucesso
Reconhecendo o quão atraente pode ser um material do tipo, o filme Fala Sério, Mãe! (2017), mais uma adaptação do livro mais vendido da famosa autora Thalita Rebouças, utiliza-se de um caldeirão de clichés para atrair o grande público — sendo Ingrid Guimarães e Larissa Manoela, aqui assumindo os papéis de mãe e filha, as principais iscas da produção.
Parte contado sob perspectiva da mãe, Ângela Cristina (Ingrid Guimarães) e parte sob a da filha, Maria de Lourdes (Larissa Manoela, Duda Batista e Vitória Magalhães, em diferentes faixas etárias da personagem), o filme aposta em unificar gerações ao representar situações típicas deste tipo de relacionamento, desde o período de gestação da filha até o início de seu amadurecimento como jovem adulta. Atravessando pouco mais de uma década em sua narrativa, quase como um longa “coming of age”, os acontecimentos da trama, dentre agradavelmente cômicos e dramaticamente previsíveis, tentam cavar alguma ligação emocional com o espectador — objetivo que acaba sendo conquistado; não pela qualidade do roteiro, mas sim pela universalidade da temática.
Sob a direção de Pedro Vasconcelos (Dona Flor e Seus Dois Maridos, 2017), profissional com grande experiência em novelas da Rede Globo, o filme acaba decaindo para um aspecto de produção televisiva, principalmente em termos técnicos. A trilha musical opta por canções genéricas da década passada (talvez para facilitar a identificação de linha temporal?), que são inseridas de forma brusca pela edição do filme, dando impressão de que ele foi montado “às pressas”; o design dos sets e o figurino, que deveriam ser os verdadeiros responsáveis por evidenciar essa transição temporal, passam despercebidos na maioria das cenas; a fotografia, talvez forjando um apelo ao público mais jovem, parece abusar de algum tipo de filtro rosado do Instagram.
+ Dona Flor e Seus Dois Maridos (2017) | O cinema literal
No entanto, em relação ao elenco, Ingrid Guimarães surpreende e torna-se o principal atrativo de todo o longa-metragem, salvando-o diversas vezes com uma performance que consegue ser verdadeira e divertida. Larissa Manoela possui tempo menor em tela do que sua co-protagonista, mas embora soe artificial em alguns momentos, consegue atingir o propósito que sua interpretação requer. O restante do elenco é ofuscado por personagens rasos e completamente esquecidos (chega a ser chocante descobrir que a personagem de Larissa não é filha única). Vale citar o nome de Marcelo Laham, que tem certo destaque como o pai de Maria de Lourdes, e o de João Guilherme Ávila, ex-namorado de Larissa que acaba por interpretar seu par romântico no filme.
Em muito ecoando Minha Mãe É Uma Peça (que é inclusive referenciado durante uma participação especial de Paulo Gustavo, que é amigo pessoal de Ingrid), Fala Sério, Mãe! é como um spin-off destinado ao público pré-adolescente, prometendo igual sucesso nas bilheterias. Mesmo que aposte no brega (como um número musical de encerramento) e o reapresente sob um formato que agrade novas audiências, é um filme que tenta reconhecer seu público-alvo e seu material de origem, entregando uma experiência que, graças a alguns pontos positivos, acaba por não ser ao todo tão desagradável.
+ Dona Flor e Seus Dois Maridos (2017) | O cinema literal
No entanto, em relação ao elenco, Ingrid Guimarães surpreende e torna-se o principal atrativo de todo o longa-metragem, salvando-o diversas vezes com uma performance que consegue ser verdadeira e divertida. Larissa Manoela possui tempo menor em tela do que sua co-protagonista, mas embora soe artificial em alguns momentos, consegue atingir o propósito que sua interpretação requer. O restante do elenco é ofuscado por personagens rasos e completamente esquecidos (chega a ser chocante descobrir que a personagem de Larissa não é filha única). Vale citar o nome de Marcelo Laham, que tem certo destaque como o pai de Maria de Lourdes, e o de João Guilherme Ávila, ex-namorado de Larissa que acaba por interpretar seu par romântico no filme.
Em muito ecoando Minha Mãe É Uma Peça (que é inclusive referenciado durante uma participação especial de Paulo Gustavo, que é amigo pessoal de Ingrid), Fala Sério, Mãe! é como um spin-off destinado ao público pré-adolescente, prometendo igual sucesso nas bilheterias. Mesmo que aposte no brega (como um número musical de encerramento) e o reapresente sob um formato que agrade novas audiências, é um filme que tenta reconhecer seu público-alvo e seu material de origem, entregando uma experiência que, graças a alguns pontos positivos, acaba por não ser ao todo tão desagradável.
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