Pular para o conteúdo principal

Uma obra de arte sobre o sertão

Resultado de imagem para o matador netflix
Faz um tempão desde que uma obra dessas de cinema conseguisse retratar as realidades do sertão como essa faz. Não se avexe por conta do início do filme, homi, tenha nervo, o roteiro é caprichado e essa história vai te amarrar, você vai vê, avia já já. Se aprochegue, não vá ficar abestalhado fazendo outras coisas enquanto assiste, porque se tu dorme no ponto em terra de calango... Num venha dizer que eu não te disse!  

A fotografia é caprichada, contempla diversas paisagens arretadas, lindas, de ficar com os zói grudado na tela. Quem fez conhece bem a terra! Foge daquela insistência chata de ficar mostrando só miséria, fome, morte, miséria, fome, morte... Como se só existisse isso pra mostrar. Tem muito, sabe? Mas num é assim também não. Filme de bala tem que ter. Mas num tem só isso não. E olhe que nesse filme aqui, meu amigo, é bala pra dar e vender. É tudo rápido, violento, corrido, cru. Não tem tempo pra efeito especial de gringo de câmera lenta e nhem, nhem, nhem. Não, aqui não tem isso não. Tem referência de faroeste, mas meu amigo, aqui nesse sertão, eu sou muito mais o meu farnordeste.

As cenas expressam violência a todo instante, de todas as formas, seja por poesia contagiosa, ou verdades dolorosas. Mas não se preocupe não, que da forma antiga também tem, sangue que nem presta jorra sempre da cabeça de alguém. Os personagens são bem construídos, foram feitos com cuidado, entra na hora certa da trama, que é pra não poder perder o embalo. Os atores são aprumados, você vê de longe que dão o melhor de si, não tem um cabra, ou uma moça, que não te convença nessa história aqui. 

As luzes e cores são contagiantes, criam uma atmosfera a todo instante, que segue cada momento encangado com os acontecimentos. A história é carregada de ensinamentos, os valores sociais implicam da religião ao capitalismo sem lamento. Todo o figurino retrata bem a época, a maquiagem deixa muita gente boquiaberta, direção de arte encanta que nem presta. 

A trilha sonora e a sonoplastia têm lá suas novidades, mas não tira do sertão suas particularidades. As batidas envolvem, seguindo os galopes dos cavalos, tem hora que tem tiro de bala, tem hora que é um musicista invocado. O filme é brasileiro, também é do nordeste, mas não vem com aquele papo de preconceito, porque esse é exceção, cabra da peste. Olhe que eu tô muito contente com essa tal de Netflix, produção caprichosa, continue a investir no nosso país, que os cabra aqui é bom, continue dando oportunidade pra você vê o que é esmeris.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Leonard Nimoy, eterno Spock, morre aos 83 anos

A magia que um personagem nos passa, quando sincera, é algo admirável. Principalmente quando o ator fica anos trabalhando com a mesma figura, cuidando com carinho e respeitando os fãs que tanto o amam também. E, assim foi Leonard Nimoy . O senhor Spock de Jornada nas Estrelas , que faleceu ontem (27/02) por causa de uma doença pulmonar, aos 83 anos. O ator, diretor, escritor, fotógrafo e músico deixou um legado imenso para nós. E isso é algo que ele sempre tratou com muita paixão: a arte. A arte de poder fazer mais arte. E com um primor de ser uma boa pessoa e querida por milhares. E por fim, a vida atrapalhou tal arte. Não o eternizou como o seu personagem. Mas apenas na vida, pois no coração e na memória de todos, o querido Nimoy vai permanecer perpétuo nessa jornada. Um adeus e um obrigado, senhor Leonard Nimoy, de Vulcano. Comece agora, sua nova vida longa e próspera, onde quer que esteja.

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014) | Peter Jackson cumpre o que prometeu

    Não vamos negar que a trilogia O Hobbit possui grandes problemas. O que é uma pena, já que a trilogia anterior ( O Senhor dos Anéis ) não tem falha alguma. Contudo, o que tinha de errado em Uma Jornada Inesperada e Desolação de Smaug , o diretor Peter Jackson desfaz nessa última parte. O que é ótimo para os espectadores e crível para os adoradores da saga da terra-média de longa data.     O filme apresenta problemas diversos, por exemplo, um clímax logo na primeira cena (se é que você me entende) e um personagem que não consegue momento algum ser engraçado. Falhas como essas prejudicam o filme como todo. O roteiro, por ser o mais curto dos três, precisava de mais tempo em tela, e dessa forma, cenas e personagens sem carisma são usados repetidas vezes e com uma insistência sem ter porquês. Mas, em contra partida, O Hobbit e a Batalha dos Cinco Exércitos consegue ser mais direto, objetivo e simples que seus antecessores, que são longos e cheios de casos...

Filmes querem lhe enganar, não esqueça disso

Este texto não bem uma crítica, mas uma ponderação sobre o cinema enquanto uma ferramenta de afirmação. Podemos supor que o que leva uma equipe a gastar quase 100 milhões de dólares para contar uma história é principalmente acreditar nela. Veja só, por que filmes de guerra são feitos? Além do deslumbre de se tornar consumível uma realidade tão distante do conforto de uma sala com ar-condicionado, há a emoção de se  converter emoções específicas. Sentado em seu ato solitário, o roteirista é capaz de imaginar as reações possíveis de diferentes plateias quando escreve um diálogo ou descreve a forma como um personagem se comporta. Opinião: Filmes querem lhe enganar, não esqueça disso "Ford vs Ferrari", de James Mangold, é essencialmente um filme de guerra. Mesmo. Digo isso porque Ford vs Ferrari , de James Mangold , é essencialmente um filme de guerra. Mesmo. Aqui é EUA contra Itália que disputam o ego de uma vitória milionária no universo da velocidade. Ainda no iníci...