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Uma obra de arte sobre o sertão

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Faz um tempão desde que uma obra dessas de cinema conseguisse retratar as realidades do sertão como essa faz. Não se avexe por conta do início do filme, homi, tenha nervo, o roteiro é caprichado e essa história vai te amarrar, você vai vê, avia já já. Se aprochegue, não vá ficar abestalhado fazendo outras coisas enquanto assiste, porque se tu dorme no ponto em terra de calango... Num venha dizer que eu não te disse!  

A fotografia é caprichada, contempla diversas paisagens arretadas, lindas, de ficar com os zói grudado na tela. Quem fez conhece bem a terra! Foge daquela insistência chata de ficar mostrando só miséria, fome, morte, miséria, fome, morte... Como se só existisse isso pra mostrar. Tem muito, sabe? Mas num é assim também não. Filme de bala tem que ter. Mas num tem só isso não. E olhe que nesse filme aqui, meu amigo, é bala pra dar e vender. É tudo rápido, violento, corrido, cru. Não tem tempo pra efeito especial de gringo de câmera lenta e nhem, nhem, nhem. Não, aqui não tem isso não. Tem referência de faroeste, mas meu amigo, aqui nesse sertão, eu sou muito mais o meu farnordeste.

As cenas expressam violência a todo instante, de todas as formas, seja por poesia contagiosa, ou verdades dolorosas. Mas não se preocupe não, que da forma antiga também tem, sangue que nem presta jorra sempre da cabeça de alguém. Os personagens são bem construídos, foram feitos com cuidado, entra na hora certa da trama, que é pra não poder perder o embalo. Os atores são aprumados, você vê de longe que dão o melhor de si, não tem um cabra, ou uma moça, que não te convença nessa história aqui. 

As luzes e cores são contagiantes, criam uma atmosfera a todo instante, que segue cada momento encangado com os acontecimentos. A história é carregada de ensinamentos, os valores sociais implicam da religião ao capitalismo sem lamento. Todo o figurino retrata bem a época, a maquiagem deixa muita gente boquiaberta, direção de arte encanta que nem presta. 

A trilha sonora e a sonoplastia têm lá suas novidades, mas não tira do sertão suas particularidades. As batidas envolvem, seguindo os galopes dos cavalos, tem hora que tem tiro de bala, tem hora que é um musicista invocado. O filme é brasileiro, também é do nordeste, mas não vem com aquele papo de preconceito, porque esse é exceção, cabra da peste. Olhe que eu tô muito contente com essa tal de Netflix, produção caprichosa, continue a investir no nosso país, que os cabra aqui é bom, continue dando oportunidade pra você vê o que é esmeris.

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