Pequena Grande
Vida, novo filme dirigido
e co-roteirizado por Alexander Payne (Nebraska e Os Descendentes), marca
a estreia do diretor nesse mundo da ficção científica, mas sem perder o seu formato de usar pessoas comuns para levantar questões importantes. Depois de
várias indicações ao Oscar com seus últimos filmes, criou-se uma expectativa
sobre o novo longa do diretor, que entrega um bom trabalho de comédia com
pontos de drama, mas que não sobrepõe os anteriores.
O filme aborda um
futuro próximo, em que a tecnologia tornou possível o processo de encolhimento
humano sem sequelas, porém irreversível. Enquanto uns aderem a essa causa pelo
bem do planeta, outros só veem a oportunidade de valorizar suas economias e
diminuir seus gastos. É nesse contexto que conhecemos Paul Safranek (Matt
Damon), um terapeuta ocupacional frustrado que se submete a esse
procedimento como um meio de ‘dar uma guinada’ na sua vida.
Mas é claro que nem
tudo acontece como planejado e o filme começa a trabalhar o sucesso e o
fracasso, as aparências e as exigências da sociedade sobre nós, a tendência a
fugir dos problemas e que esse mundo utópico não é bem assim. A primeira metade
do filme, apesar de construir bem o personagem de Matt Damon e suas
relações, é um longo demais, e o filme poderia reduzir uns 20 minutos do seu
corte final. Apesar disso, o diretor trabalha uma câmera interessante que muda
conforme o personagem, como se ela fosse se soltando.
Já a ficção
científica é explorada de uma maneira peculiar, trazendo um estranhamento que
reflete as sensações do personagem principal para quem assiste. Tudo parece
meio esquisito, desde o processo de encolhimento e até como os médicos e
enfermeiros se comportam, quase como uma produção na Fantástica Fábrica de
Chocolate, e não em um hospital realizando um procedimento com risco de morte.
Mas toda a vida de Paul Safranek parece fora do lugar, já que ele é levado pelo
outros por se sentir sem um propósito.
Matt Damon entrega uma boa atuação, conseguindo passar
a sensação de fracasso e descontrole em meio as situações inusitadas de humor,
como a relação com a mãe, a esposa, o vizinho e a amiga vietnamita. Mas também
constrói um personagem muito humano e verdadeiro, pois é fácil se identificar
com pelo menos alguma parte da sua jornada. Christoph Waltz (Dusan
Mirkovic) e Hong Chau (Ngoc Lan Tran) têm ótimos tempos de comédia e uma boa química com Damon. Kristen Wiig, apesar de arrancar
risadas, passa a sensação de uma atuação repetida, parecida com as outras
personagens que interpretou.
É um filme que
começa meio despretensioso, mas termina com uma mensagem muito clara sobre o
cuidado com o meio ambiente, trazendo a responsabilidade para todos. Pois temos
que acreditar que cada um pode fazer a sua diferença, com suas habilidades, e
que todo esforço, mesmo mínimo, muda a vida das pessoas.
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