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Crítica: Pequena Grande Vida (2018) | A decisão de fazer a diferença

Pequena Grande Vida, novo filme dirigido e co-roteirizado por Alexander Payne (Nebraska e Os Descendentes), marca a estreia do diretor nesse mundo da ficção científica, mas sem perder o seu formato de usar pessoas comuns para levantar questões importantes. Depois de várias indicações ao Oscar com seus últimos filmes, criou-se uma expectativa sobre o novo longa do diretor, que entrega um bom trabalho de comédia com pontos de drama, mas que não sobrepõe os anteriores.

O filme aborda um futuro próximo, em que a tecnologia tornou possível o processo de encolhimento humano sem sequelas, porém irreversível. Enquanto uns aderem a essa causa pelo bem do planeta, outros só veem a oportunidade de valorizar suas economias e diminuir seus gastos. É nesse contexto que conhecemos Paul Safranek (Matt Damon), um terapeuta ocupacional frustrado que se submete a esse procedimento como um meio de ‘dar uma guinada’ na sua vida.

Mas é claro que nem tudo acontece como planejado e o filme começa a trabalhar o sucesso e o fracasso, as aparências e as exigências da sociedade sobre nós, a tendência a fugir dos problemas e que esse mundo utópico não é bem assim. A primeira metade do filme, apesar de construir bem o personagem de Matt Damon e suas relações, é um longo demais, e o filme poderia reduzir uns 20 minutos do seu corte final. Apesar disso, o diretor trabalha uma câmera interessante que muda conforme o personagem, como se ela fosse se soltando.

Já a ficção científica é explorada de uma maneira peculiar, trazendo um estranhamento que reflete as sensações do personagem principal para quem assiste. Tudo parece meio esquisito, desde o processo de encolhimento e até como os médicos e enfermeiros se comportam, quase como uma produção na Fantástica Fábrica de Chocolate, e não em um hospital realizando um procedimento com risco de morte. Mas toda a vida de Paul Safranek parece fora do lugar, já que ele é levado pelo outros por se sentir sem um propósito.

Matt Damon entrega uma boa atuação, conseguindo passar a sensação de fracasso e descontrole em meio as situações inusitadas de humor, como a relação com a mãe, a esposa, o vizinho e a amiga vietnamita. Mas também constrói um personagem muito humano e verdadeiro, pois é fácil se identificar com pelo menos alguma parte da sua jornada. Christoph Waltz (Dusan Mirkovic) e Hong Chau (Ngoc Lan Tran) têm ótimos tempos de comédia e uma boa química com Damon. Kristen Wiig, apesar de arrancar risadas, passa a sensação de uma atuação repetida, parecida com as outras personagens que interpretou.

É um filme que começa meio despretensioso, mas termina com uma mensagem muito clara sobre o cuidado com o meio ambiente, trazendo a responsabilidade para todos. Pois temos que acreditar que cada um pode fazer a sua diferença, com suas habilidades, e que todo esforço, mesmo mínimo, muda a vida das pessoas. 

Crítica: Pequena Grande Vida (2018)

A decisão de fazer a diferença


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